Análise Arkade: Exception é a frenética vida de um antivírus dentro de um PC infectado

14 de setembro de 2019
Análise Arkade: Exception é a frenética vida de um antivírus dentro de um PC infectado

Você já parou para pensar como um antivírus faz para eliminar programas maliciosos do seu computador Provavelmente não é nada parecido com o que vemos em Exception, mas o jogo parte dessa premissa para entregar ótimos desafios de velocidade e plataforma.

Antivírus de atitude

Exception começa nos apresentando a uma simpática velhinha que está conhecendo as maravilhas da internet. Como todo mundo pouco familiarizado com a rede, ela acaba clicando onde não deve, o que resulta em um caos de pop-ups, toolbars e programas infectados.

Corta para dentro do PC da velhinha, onde assumiremos o controle de um valente robozinho que é o antivírus que terá a árdua missão de limpar o PC da senhorinha.

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Engana-se porém, quem acha que isso faz de Exception um jogo de estratégia paradão, ou mesmo um “simulador de limpeza” como alguns que já vimos por aí. A gente detona os vírus na base da porrada, e foge das infecção valendo-se da notável agilidade do protagonista.

Por dentro da máquina

Exception se apresenta como uma sucessão de fases curtinhas, que são quase time trials. Nosso objetivo é chegar até o fim da área, eliminando (ou não) os robôs adversários no processo e evitando os abismos, lasers, espinhos e outros perigos.

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Mecanicamente, o jogo lembra um bocado o já clássico N+, e apresenta-se como um jogo de plataforma rápido e dinâmico, com gameplay simples, mas muito responsivo. Coisas como saltar entre duas paredes ou deslizar em uma para desacelerar uma queda — coisas que já são um tanto clichês, é verdade — marcam presença aqui, e se o jogador quiser um desempenho 5 estrelas em cada fase, terá que fazer por merecer, pois cada milissegundo conta.

Confira abaixo minha frenética passagem por uma das fases:

Todas as fases seguem esse mesmo esquema frenético, desafios de velocidade e plataforma que demandam reflexos rápidos e agilidade. Eu gosto desse tipo de experiência, mas acho que Exception ganharia pontos se trouxesse fases mais longas e elaboradas. Cada fase aqui mal dura 2 minutos, e considerando que o jogo tem até batalhas contra chefes, realmente acredito que ele poderia ser um “jogo de fases” mais tradicional.

No geral, o desafio é um mix de N+ com Super Meat Boy, embora a dificuldade aqui pareça ser um pouco menos insana — até porque o personagem aguenta cerca de 3 porradas, não morrendo de primeira, como nos jogos supracitados.

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E, se em Super Meat Boy temos band-aids colocados em lugares injustos, aqui temos chips colecionáveis: cada fase esconde um, e embora nem todos sejam realmente um desafio, há um bom número deles que vãoexigir que o jogador pense “fora da caixa” para serem alcançados.

Circuitos mutantes

E por falar em fora da caixa, um dos elementos mais interessantes de Exception é sua natureza cibernética mutante. Estamos dentro de um PC, e os cenários são radiantes, meio que simulando placas e circuitos, e vão se dobrando e se modificando enquanto exploramos, com belos efeitos de zoom out/zoom in para vermos tudo se transformando. Lembra um pouco Tron, ainda que nem tão retrô.

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Diversas fases ocorrem em mais de um ambiente, com o personagem alternando entre eles — e transformando o próprio cenário — conforme aciona mecanismos e passa por portais. A própria gravidade é ignorada ocasionalmente: há portais que fazem o chão virar teto, e vice-versa. Nem sempre essas modificações do cenário afetam o gameplay, mas não deixa de ser um recurso bacana, que também contribui para tornar o visual do jogo como um todo mais estiloso.

É difícil afirmar que Exception é um jogo bonito, mas ele é consciente de suas limitações, e traz nas cores radiantes e nos “efeitos especiais” dos cenários seus diferenciais. Visualmente tudo é bastante simples, mas bem feitinho.

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A história em si é contada em uma estética de história em quadrinhos que não é nada demais, e infelizmente não traz legendas em português. Os efeitos sonoros também não surpreendem, e a trilha sonora traz um punhado de faixas eletrônicas de artistas independentes que sem dúvida combinam bem com a temática “cibernética” do jogo.

Conclusão

Exception é um jogo de ação e plataforma que sem dúvida foi produzido por quem entende do assunto: seu gameplay é ágil e responsivo, e seu level design aproveita tudo isso para oferecer desafios rápidos e intensos que vão testar os reflexos do jogador.

Se por um lado isso funciona muito bem, por outro eu gostaria que Exception fosse um pouco mais denso. Acho que ele funcionaria muitíssimo bem se misturasse toda essa sua vibe acelerada com uma divisão ao estilo Mega Man — fases mais longas e desafiadoras, com bons desafios de plataforma seguidos de um chefe no final. O próprio design do personagem lembra um mix de Mega Man com Vectorman, oras!

Análise Arkade: Exception é a frenética vida de um antivírus dentro de um PC infectado

Do jeito que está ele ainda é um bom jogo, mas parece um tanto raso, passageiro. Ele sem dúvida lembra muito jogos como N+ e Super Meat Boy, mas não tem o carisma que fez eles se destacarem. Com um pouco mais de conteúdo, acho que ele poderia tornar-se realmente especial.

Exception está disponível para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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