Análise Arkade – F1 23 traz melhorias significativas no gameplay e boas ideias
Todo ano, desde 2009, a Codemasters traz um novo game de Fórmula 1. Para o fã da categoria, significa mais um título com os carros da temporada atual, pistas e a possibilidade de vivenciar um pouco do que é correr na maior categoria do mundo no esporte a motor. Mas, apesar da atualização de carros, circuitos e do próprio game, é natural que outras ideias entrem no jogo, a fim de evitar apenas um “update de luxo” da franquia todo ano.
Para 2023, a Codemasters, hoje sob o guarda-chuva da EA Sports, apostou em uma nova forma de se aproveitar o game, enquanto busca melhorar o visual do game, além de, principalmente, o seu gameplay. E os desafios sempre são muitos: agradar os veteranos, com melhorias técnicas e que garantam uma melhor direção, incluindo o mundo competitivo, com o F1 Esports Series; agradar também os novatos, facilitando o gameplay para eles e os convidarem para escalar no game, fazendo-o pouco a pouco, tirar as rodinhas da bicicleta e andar com menos assistências e controles de tração.
Além disso, é parte do processo investir em novos modos de jogo, para o jogador passar mais tempo dentro das corridas, não se enjoando rapidamente da campanha ou dos modos online. Se ela conseguiu ou não trazer modos satisfatórios, isso é você jogando que vai decidir. Mas não podemos negar que neste ano, a Codemasters tentou, e muito, adicionar novos modos de jogo.
Agora é na F1 World
Agora todo o principal conteúdo do game está no F1 World. Como forma de centralizar a ação do jogador dentro de um só lugar, o modo oferece vários modos de jogo, das Séries e Eventos aos já tradicionais Tomada de Tempo ou Grande Prêmio, oferecendo, dentro de suas propostas, objetivos que entregam recompensas para o jogador.
A Tomada de Tempo, por exemplo, segue a ideia de tentar a volta mais rápida, em cada pista, entre todos os jogadores, com ranking atualizado a cada volta. Enquanto outros modos vão trazendo objetivos como o cumprimento de determinados cenários ou eventos propostos pelo jogo, com a promessa de novos conteúdos entregues regularmente.
Assim, o jogador fica “preso” no modo, evoluindo sua equipe, seja de forma técnica ou estética, enquanto aproveita os vários modos do jogo. É uma forma dinâmica de se aproveitar o game, aproveitando o seu modo preferido de forma um tanto mais recompensadora para o jogo como um todo. Isso é interessante pra experimentar “um pouco de cada” que o jogo tem para oferecer, e curtir por mais tempo. O jogo está tão centralizado, que agora até o seu comportamento em corridas offline refletem na escolha de corridas online.
E o Ponto de Frenagem Parte 2?
Outra novidade do jogo é o retorno do Ponto de Frenagem. Ainda querendo trazer um pouco de Drive to Survive para o game, desta vez a história evolui a trajetória não só de Aiden Jackson e Devon Butler, como também de Callie, irmã de Devon que busca seu espaço na categoria, buscando, virtualmente, ser a primeira mulher piloto a dirigir um Fórmula 1 em Grande Prêmio desde Giovanna Amati em 1992.
A presença de Callie não vem por acaso. Apenas cinco mulheres correram em Grandes Prêmios, desde 1950, enquanto outras cinco chegaram a testar os carros, mas fora das corridas. A Fórmula 1 e a FIA tem trabalhado para ampliar o interesse feminino no esporte a motor e, para o game, que também pode ser uma forma de divulgação, a personagem contou com a ajuda de Jamie Chadwick, três vezes campeã mundial da W Series e piloto de desenvolvimento da Williams Racing, para a sua construção.
O enredo não é dos mais brilhantes e nem é pra ser, pois ele tem de ser funcional para a entrega dos objetivos e nisso ele cumpre muito bem o seu papel. Os objetivos seguem a trajetória dos três pilotos, cada um em seu momento e em seus dilemas e sonhos, e foram muito bem construídos desta vez. Não há apenas o “chegue em tal posição, de tal forma”, com objetivos secundários como “chegue até tal posição em um número x de voltas”, dando ainda mais variedade ao modo.
É bacana também, jogando com cada piloto, ter carros, acertos e momentos específicos, o que fazem com que o modo funcione bem. O enredo, no final, tem ar de Sessão da Tarde e, justamente por isso, funciona bem por permitir que a entrega de objetivos durante sua trajetória seja variada. Além, claro, de pequenas decisões que fazem com que até os chefes de equipe da Konnersport tenham a sua importância no game, evoluindo bem a ideia de se incorporar um “modo história” em um game esportivo.
O gameplay melhorou muito, já o visual…
Como disse anteriormente, um dos desafios constantes da Codemasters com jogos da Fórmula 1 é agradar a todos. Entregar um jogo de corrida com qualidade para quem quer simulação e ao mesmo tempo acessível para quem apenas quer se divertir de forma casual não é fácil, mas desde que o estúdio começou a trabalhar com jogos da categoria, em 2023 o tão desejado equilíbrio foi encontrado. Não perfeito, mas evoluído.
De forma geral, aquela ideia de guiar cada carro com as suas características, incluindo ronco do motor próprios e pormenores na direção, permanecem. Mas é no controle, partindo do princípio que nem todos podem jogar em um volante (o ideal para curtir o game) que percebemos uma boa evolução. O controle está muito mais macio do que em outras oportunidades, entregando mais da sensação de se guiar um carro de Fórmula 1.
Está realmente mais interessante guiar o carro, com o jogador sentindo melhor o acelerar e o frear, além de pistas velozes, como as da Áustria ou do Azerbaijão, estarem bem mais divertidas. A IA pode ser um ponto de discussão, pois embora não tenha começado tão fiel ao que vemos nas pistas, ao menos não compromete. Sabemos que é difícil lidar com questões precisas em jogos de F1, já que os carros são atualizados toda prova e alguma coisa muda aqui e ali, mas ainda assim é estranho ver Hamilton liderando prova em um ano no qual a Mercedes não é lá tão rápida como em outras oportunidades.
Por outro lado, o visual não está ruim, mas dá pra perceber que nos próximos anos, quando o jogo ficar apenas no universo PS5 / Xbox Series X|S, algo terá que ser mudado. O Ponto de Frenagem até surge como ponto de elogio, com boas expressões faciais e bons recursos visuais. Já na pista, a sensação não é de um jogo ruim, já que tudo está ok como está, mas sim a de que chegou a hora de se trabalhar em atualizações gráficas para o próximo ano.
Doze meses de muito conteúdo para o fã da F1
Dentro do seu ano de vida útil para o jogador, uma coisa é certa: F1 23 estará repleta de conteúdo para o fã da série e da categoria, seja entre o que veio junto com o jogo, ou pelo o que virá pelos próximos dias. Isso envolve os modos de jogo, o Ponto de Frenagem que traz um convite ao replay com os objetivos bônus, as novas pistas, como a inédita de Las Vegas, ou o F1 World, que acertou em centralizar os modos do game em um hub único.
Há conteúdo até demais, como a ideia dos supercarros, que embora bem vinda, é dispensável por vários jogadores, além da F2, que até serve como uma “escola” para novatos aprenderem a jogar com carros mais adequados. O visual, apesar de ok, já dá sinais de envelhecimento, e o gameplay, importante em um jogo de corrida, foi atualizado de forma muito competente, sendo um grande destaque na edição deste ano.
F1 23 segue sua jornada de evolução ao buscar trazer o melhor da maior categoria do automobilismo aos seus fãs, e a Codemasters, que sempre foi referência quando o assunto é corrida, entregou um jogo repleto de conteúdo, mas com o principal, que é o gameplay, bem afiado. 2023 será um bom ano para o fã da boa velocidade por aqui.