Análise Arkade – Faça o “flashback perfeito” no interessante RE:CALL
Você consegue se lembrar de maneira exata de um acontecimento na sua vida? Pois é a reconstrução de fatos, usando do flashback como ferramenta de gameplay, que dita o ritmo de RE:CALL, jogo do argentino maitan69 e distribuído pela Whitethorn Games. O game lida com a solução de mistérios, mas usando as lembranças como forma de desvendar o que aconteceu nos mistérios do jogo.
RE:CALL coloca o jogador no controle de personagens que estão conversando em relação a mistérios vividos. O jogador é levado para o dia do ocorrido, com suas escolhas e ações no flashback tendo influências no presente, fazendo com que a memória da história seja revivida do jeito certo, para que aconteça a progressão.
Entretanto, não basta apenas acertar as ações para a progressão. O game te convida para a exploração do ambiente, com conversas e ações que, embora estejam erradas para acertar a memória, servem para te entregar maiores informações sobre o que é preciso saber para “relembrar” o ocorrido.
Um exemplo acontece logo no começo, quando o personagem precisa acertar uma senha para dar sequência no evento. Ele precisará “errar” a memória, para ter acesso mais simples à sala que entrega o password, para retornar ao início da memória, seguindo-a do jeito certo, e entregando o código correto para prosseguir.
Conforme o jogo avança, são mais mistérios, mais personagens envolvidos, mais cérebro usado para tentar entender o que aconteceu e, consequentemente, conseguir encaixar as peças vistas no momento, para acertar o fato como ele realmente aconteceu, e que por aqui significa “passar de fase”.
Dá até para “mudar o passado” com conexão entre o flashback e o presente, trazendo personagens variados e que faz o jogador se divertir entre as missões, com os personagens e suas conversas. O estilo do jogo é basicamente o de um RPG dos anos 90, para Super Nintendo ou Mega Drive. São personagens pixelizados e diálogos apenas por texto, com as devidas soluções artísticas que os sistemas atuais permitem.
Apenas lamento o fato do jogo não ter legendas em português. Pois estamos falando de um jogo que lida com textos e compreensão dos fatos para avançar, e sem legendas, exige que o jogador saiba inglês para conseguir jogar. Por outro lado, é um daqueles games que é um bom aliado para quem está estudando inglês e quer treinar o idioma, com conversas e leitura.
Dito isso, se você gosta de jogos com foco em puzzles, e quer tentar algo diferente, RE:CALL surge como uma ótima ideia. Ter que “se lembrar” do que aconteceu no passado, ou manipular o tempo para resultados diferentes no futuro é algo que já é explorado, mas sem muita frequência. Mas o jeito que o jogo faz isso, te obrigando a explorar o cenário e o contexto, ao invés de só “adivinhar” o que acontece no jogo, é o que faz dele muito divertido.
Me diverti bastante jogando o game, e acredito que é daqueles jogos que vale a pena conhecer e dar uma chance, jogando-o de mente aberta, entendendo suas limitações (no final do game algumas coisas ficam esquisitas), mas preferindo observar as virtudes de seu desenvolvimento, do que pegar no pé de forma exagerada com seus problemas.
Tais problemas pontuais, comuns em jogos que focam na narrativa como gameplay, podem ser inclusive melhorados, com o feedback da comunidade, para quem sabe, no futuro, um RE:CALL 2 trazer estes conceitos com ainda mais intensidade.
RE:CALL está disponível para Xbox, Nintendo Switch e PC.