Análise Arkade: Final Fantasy XII The Zodiac Age é a versão definitiva de um clássico

11 de julho de 2017

Análise Arkade: Final Fantasy XII The Zodiac Age é a versão definitiva de um clássico

Onze anos e duas gerações depois, a Square Enix nos dá a chance de retornar ao rico mundo de Ivalice em Final Fantasy XII The Zodiac Age, versão remasterizada de um clássico do Playstation 2 que chega HOJE ao Playstation 4!

Quase um “Game of Thrones”

A história de Final Fantasy XII não é novidade para quem curtiu o jogo no Playstation 2, mas hoje em dia deve ganhar ainda mais apelo por trazer algumas similaridades com Game of Thrones. Há reis sendo assassinados, traições, intrigas políticas, rebeldes em busca de justiça e muitos outros elementos em comum. Claro que há bem menos sangue e sexo aqui, mas o teor político da trama segue uma linha meio que parecida. Não estou levando em conta o que veio antes ou depois, estou apenas traçando um paralelo com algo que já está bem estabelecido na cultura pop.

Análise Arkade: Final Fantasy XII The Zodiac Age é a versão definitiva de um clássico

No centro de um panorama conturbado em que tratados de paz que são ignorados e tropas invadem palácios reais, conhecemos Vaan, um jovem órfão que, ao invadir o palácio real de Rabanastre em busca de “tesouros”, acaba dando de cara com uma dupla de sky pirates — Balthier e Fran –, que acabarão por se tornar grandes aliados do garoto que, por acaso, sempre sonhou em ser um sky pirate e voar em uma airship.

Deixo abaixo um vídeo com os 27 minutos iniciais da aventura (atenção para spoilers da história):

Em um mundo onde magia e tecnologia andam juntos, Vaan e seus amigos vão construindo novas alianças e envolvendo-se em conflitos entre os poderosos que são capazes de afetar a paz e a vida de milhões de pessoas. Não vou me aprofundar em detalhes da trama aqui porque 1) muita gente já conhece e 2) spoilers nunca são legais, principalmente em jogos cuja ênfase está na história, e a que temos aqui é muito interessante.

É interessante como Final Fantasy XII tem uma história muito mais “pé no chão” do que boa parte dos jogos da série. Aqui não há um “escolhido lutando para salvar o mundo” nem nada do tipo, mas sim um grupo de personagens que se conhece meio que por acaso e acaba sendo carregado por uma tsunami de eventos que podem desencadear uma guerra da qual nenhum deles quer fazer parte.

Um jogo revolucionário

Final Fantasy XII quebrou paradigmas da série, reinventou totalmente seu sistema de combate e instituiu mudanças drásticas na forma com que jogamos. Este foi o jogo que marcou o fim dos combates por turnos tradicionais e o fim das “telas de batalha” — tudo acontecia (mais ou menos em) tempo real, na mesma tela usada para exploração: controlamos um personagem, mas podemos atribuir ações (Gambits) aos demais, que executarão a ação escolhida conforme a situação exigir.

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O uso de magias também mudou — é possível comprá-las e equipá-las em personagens de respectivas classes — e a simples forma com que armas e equipamentos são equipados é bem diferente: precisamos adquirir “licenças” (na famosa License Board de cada classe) para cada item que quisermos equipar. E isso é só para ficar no básico, pois há muito além disso; FF XII foi um legítimo “JRPG” com toda a profundidade que se espera de um game do gênero.

Curiosamente, muitas das “experiências” realizadas em Final Fantasy XII podem ser reconhecidas em Final Fantasy XV, o épico e mais recente game da franquia que tem um bocado deste Final Fantasy XII no cerne de suas mecânicas. Aliás, você pode ler nossa análise dele aqui, se quiser.

Maior, melhor…

Final Fantasy XII que está chegando hoje ao Playstation 4 traz todas essas características — afinal, é essencialmente o mesmo jogo do Playstation 2 — mas ele também traz novos conteúdos e recursos que tornam seu gameplay muito mais aprazível. Alguns destes elementos já estiveram presentes na Final Fantasy XII International Zodiac Job System, lançada no Japão em 2007. Como esta versão do jogo jamais foi lançada oficialmente no Ocidente, nem todo mundo teve acesso às novidades.

Uma das melhores novidades é o novo sistema de Jobs, que oferece License Boards diferentes para cada classe. Isso já existia na International Zodiac Job System, mas no PS4 temos mais um adendo: agora, cada personagem pode aprender 2 Jobs diferentes. Na prática, isso torna possível utilizar todas as 12 classes em uma única campanha, e, de quebra, garante mais versatilidade aos combates.

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Fora isso, temos um Trials Mode — uma espécie de “modo arena” que coloca a party para encarar uma sucessão de 100 batalhas, que vão ficando exponencialmente mais difíceis. Novamente, o Trials Mode em si já existia na International Zodiac Job System, mas aqui também há um upgrade: agora todo e qualquer item adquirido durante este modo de jogo pode ser carregado para a campanha principal!

Outro detalhe bacana é que agora podemos assumir o controle de qualquer membro da party durante os combates, e mesmos os Espers (que são os summons do jogo) também podem ser controlados quando são chamados. Aliás, pode ir abrindo tudo que é baú sem medo de ser feliz, pois agora não há mais aquela bizarrice de abrir algum baú errado e perder a chance de conseguir a Zodiac Spear (que é basicamente a melhor arma do jogo). Falando nisso, temos armas equivalentes à Zodiac Spear para todos os Jobs, de modo que nenhum herói vai chegar ao final da jornada underpowered.

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Além disso, há mudanças pequenas que melhoram muito a experiência como um todo: agora há saves automáticos sempre que entramos em uma nova área, e é possível ver o mapa sobreposto à ação (como em Diablo), sem ter que ficar pausando o jogo o tempo todo. Os loadings também diminuíram, e ao pressionar de um botão, podemos deixar o jogo 4x mais rápido, o que otimiza MUITO a exploração de dungeons e o cumprimento de bounties (e o melhor: não afeta trilha sonora nem cutscenes!)

https://www.facebook.com/RevistaArkade/videos/10156328216291258/

Vale ressaltar (novamente) que quase tudo isso esteve presente na Final Fantasy XII International Zodiac Job System, mas como já dito, esta versão do game jamais foi lançada oficialmente nos Estados Unidos (no Brasil então, nem se fala), de modo que The Zodiac Age será o primeiro contato de muita gente com estas e outras novidades e aprimoramentos que só melhoram um jogo que já era bom.

E mais bonito

Como em todo remaster que se preza, a Square Enix aproveitou a oportunidade para dar uma polida no game, deixando-o mais bonito e fluido na atual geração. O game agora roda em Full HD (no PS4 Pro é possível conseguir uma resolução ainda maior), e as texturas e modelos dos personagens receberam upgrades que tornam tudo mais bonito, especialmente detalhes como cabelos e componentes de trajes (metal, couro, tecido, etc).

O vídeo abaixo mostra um comparativo do jogo original com a nova versão. A diferença é gritante, olha só:

Efeitos de iluminação e profundidade de campo de visão que não existiam em 2006 também foram adicionados, o que deixa o jogo mais coerente com a época e a tecnologia atual. Ah, e as épicas cutscenes em CG também foram totalmente remasterizadas, e estão mais lindas e impactantes do que nunca!

Outra novidade bacana é que a trilha sonora foi totalmente regravada por uma orquestra completa — e o processo de gravação foi capitaneado por Hitoshi Sakimoto, compositor da trilha original — o que garante a autenticidade ao mesmo tempo que deixa cada composição ainda mais poderosa e retumbante. Todo o áudio do jogo foi remasterizado para o formato 7.1, o que garante muito mais imersão. Ah, e um detalhe interessante é que podemos escolher entre as vozes em inglês ou japonês, e a trilha sonora pode ser mudada da nova para a original a qualquer momento.

Análise Arkade: Final Fantasy XII The Zodiac Age é a versão definitiva de um clássico

Se ficou faltando uma coisa para deixar este relançamento ainda melhor, é a localização: ainda que a Square Enix ande trazendo seus jogos maiores no mínimo legendados em nosso idioma, games menores e remasters da empresa continuam não recebendo nenhuma atenção especial por aqui. O game está 100% em inglês, então é bom que seu inglês esteja em dia, ou você vai ficar perdidinho.

Conclusão

Há quem diga que esta é a geração dos remasters… e até certo ponto isso é verdade. Porém, existem clássicos atemporais que merecem ser revisitados e/ou conhecidos por novos jogadores, e Final Fantasy XII é um destes clássicos. Ousado, diferente e até um pouco controverso, este foi o jogo que “reinventou” a franquia em muitos aspectos, e o que ela é hoje é uma evolução de muita coisa apresentada neste capítulo.

Análise Arkade: Final Fantasy XII The Zodiac Age é a versão definitiva de um clássico

O game que está chegando ao Playstation 4 é a versão definitiva de Final Fantasy XII: maior e melhor, com audiovisual aprimorado e recursos que nem mesmo a International Zodiac Job System teve.

Se você já gastou dezenas (ou até centenas) de horas explorando Ivalice no Playstation 2, esta é uma viagem que vale a pena ser refeita, e as novidades sem dúvida agregam ainda mais valor ao jogo. E se você ainda não jogou… bem, o que está esperando? Final Fantasy XII é um jogaço, que retorna melhor do que nunca e merece ser jogado por qualquer fã de um legítimo JRPG.

Final Fantasy XII The Zodiac Age está sendo lançado hoje, exclusivamente no Playstation 4. Esta análise foi feita com base em uma cópia para imprensa do game, que nos foi cedida antecipadamente pela assessoria da Square Enix.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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