Análise Arkade: Freedom Planet é ação e velocidade no melhor estilo Sonic 16-bit
Se você é um fã do Sonic que cansou de ver o mascote sendo maltratado por jogos nem tão bons, seus problemas acabaram: Freedom Planet é o melhor jogo do Sonic — que não é do Sonic — que você vai jogar!
Chegando tarde
Freedom Planet nem deve ser novidade para muita gente: o game foi originalmente lançado para PCs lá em 2014, e já há até uma sequência sendo desenvolvida para ele. Curiosamente, um jogo acelerado como esse chegou ao Playstation 4 extremamente atrasado: só no último dia 21 de março (quase 3 anos depois) os gamers de console — como eu — puderam curtir esta belezinha no console da Sony.
Como nunca é tarde para conhecermos (ou revisitarmos) bons jogos, acho válido que você, jogador de PS4 — ou de PC, ou de Wii U, onde o jogo já está disponível há um tempo — fique de olho em Freedom Planet, pois ele é nostálgico e acelerado como eram os jogos do Sonic na geração 16-bit.
Um jogo com bastante história
Assim que iniciar o jogo, você vai reparar que existem 2 modos de jogo principais: Story e Classic. O segundo funciona como um “arcade mode” tradicional, você simplesmente sai jogando uma fase depois da outra, e pronto. O primeiro, obviamente, traz a história… e esse jogo tem mais história do que parece!
A trama gira em torno de Lilac e suas amigas, que acabam se envolvendo em um enorme conflito entre 3 nações diferentes pela posse de um poderoso artefato chamado Kingdom Stone. Há até um pato (que na verdade não é pato) alienígena envolvido na treta, e ele vai ajudar as meninas a recuperarem e defenderem a tal pedra.
Existem muitas cutscenes — todas com diálogos falados e dublagens muito carismáticas — que aprofundam a história por trás da Kingdom Stone e de todos os heróis e vilões que estão atrás dela. Confesso que achei que há história até demais, e me diverti muito mais no modo Classic, onde vamos direto para o gameplay sem perder muito tempo com o blá-blá-blá. Vários jogos da geração 16-bit eram ótimos mesmo com um fiapo de história, e aqui acho que uma enxugada não cairia mal.
Plataformas, loopings e chefes gigantes
Freedom Planet parece um jogo do Sonic por uma infinidade de detalhes: o design dos personagens e dos cenários é muito semelhante, ainda que aqui a protagonista seja um dragão (que não parece um dragão, mas enfim). O level design é incrível e segue a mesma linha, oferecendo um mix de plataforma com loopings, trechos de velocidade e muitos caminhos diferentes que invariavelmente irão te levar ao fim da fase.
Confira um pouco do meu gameplay com a personagem Lilac no vídeo abaixo:
Como você deve ter percebido, Lilac tem um “boost” de velocidade que também lembra muito o famoso spin dash do Sonic. Mas, ao contrário do ouriço, ela também é capaz de dar porradas de um jeito mais tradicional, e possui um chute giratório que lhe permite quase planar. Há um pouco mais de ênfase no combate aqui, não basta apenas pular na cabeça dos inimigos ou atropelá-los.
Outro detalhe interessante é a quantidade de chefes: Freedom Planet é cheio de chefes, e a maioria deles são robôs ou criaturas gigantes. Porém, fugindo da fórmula do Sonic onde tínhamos 2 fases antes do chefe, aqui eles podem aparecer “a qualquer hora”. É bem comum você enfrentar um chefe e continuar a fase normalmente, para depois, lá no final, acabar dando de cara com outro boss — ainda maior e mais poderoso que o anterior, claro.
O que nos leva a outro ponto: Freedom Planet é um jogo com fases relativamente longas — algumas passam de 15 minutos. Não há nada de errado nisso, mas vez ou outra fica a impressão que elas se alongam um pouco mais do que o necessário. Felizmente, a distribuição de checkpoints costuma ser bem generosa, então caso você morra, não perde muito do seu progresso.
Fator replay e audiovisual
Um detalhe muito bacana de Freedom Planet é que ele possui 3 personagens diferentes: já de cara você pode escolher entre Lilac e sua amiga Carol, mas depois de um tempo desbloqueia ainda a simpática Milla. A campanha de cada personagem muda um pouquinho — elas se separam e tomam rumos opostos, conforme a história avança — então isso dá um viés ligeiramente diferente à narrativa de cada uma delas.
Isso sem contar que o gameplay das 3 meninas é bem diferente, também: Lilac é a mais veloz, enquanto Milla pode voar por alguns segundos abanando suas orelhas e Carol pode “summonar” sua moto sempre que coleta latões de gasolina. Deixo abaixo um gameplay com a Carol, só para você ver como é diferente do a Lilac:
Em se tratando de audiovisual, não há do que reclamar: enquanto a maioria dos jogos com uma vibe retrô mira na simplicidade dos pixels e 8-bits, Freedom Planet aposta na geração seguinte, e entrega o visual colorido e vibrante digno de um jogo de Mega Drive. As animações são muito variadas, o design dos personagens é super simpático, e tanto as músicas quanto efeitos sonoros parecem prestar homenagem aos primórdios da carreira do Sonic. Até ganhar uma vida tem sua musiquinha específica!
Conclusão
Freedom Planet é um jogo que me parece feito sob medida para um público bem específico: fãs do Sonic. Porém, é fácil notar que o jogo tem qualidades de sobra para ir além disso, e ele acaba se mostrando como um excelente jogo de plataforma 2D “old school”, com ritmo acelerado, muitas boss battles e um level design realmente inspirado.
Se você está ansioso por Sonic Mania — que vai ser um jogo legitimamente retrô do Sonic –, tem aqui um bom aquecimento. Se não está, não tem problema, Freedom Planet também é capaz de te cativar de outras formas. É um joguinho simpático e desafiador, que vai te fazer relembrar com carinho dos bons tempos da geração 16-bit.
Freedom Planet chegou ao Playstation 4 em 21 de março de 2017. Antes disso, o game já estava disponível para PC, Mac, Linux e WiiU.