Análise Arkade: Gene Rain, um shooter em terceira pessoa esforçado, mas problemático
Gene Rain tem tudo para ser o início de uma grande história, mas talvez, com a quantidade de bugs e defeitos que o jogo apresenta, os amantes do gênero de tiro em terceira pessoa se decepcionem com o que o jogo dispõe. Confira agora nossa análise.
Qual é a do jogo?
Gene Rain é um jogo de tiro em terceira pessoa com câmera no estilo over-the-shoulder. Desenvolvido pela empresa Deeli Network, o jogo possui uma história muito louca, mas no sentido de que você realmente não irá entender nada do que está acontecendo!
Vejamos: o jogo inicia com um vídeo explicando um pouco da história, uma moça narrando e dizendo basicamente que o mundo está “virado de cabeça para baixo” por causa dos nossos antepassados… aí do nada a cutscene é cortada e já se inicia o tiroteio!
A mecânica do jogo foi inspirada, e isso fica bastante claro, nos jogos da franquia Gears of War. Até aí tudo bem… o problema é que ele não tem a mesma qualidade de Gears: Gene Rain apresenta defeitos, bugs e escolhas questionáveis de designs que atrapalham muito a jogatina.
Para ficar mais fácil de compreender, se liga nessa breve gameplay:
O jogo tem toda essa pegada de “ser estratégico”, se esconder enquanto os inimigos atiram e só atirar depois que eles pararem, mas até mesmo nessa simples tarefa ele tropeça: em diversas partes da campanha meu personagem foi alvejado enquanto estava atrás de alguma proteção — e não eram inimigos pelos flancos nem deterioração da cobertura — os tiros simplesmente atravessavam o que supostamente era para ser o “escudo”.
Gene Rain traz 3 personagens controláveis: Alex, um rapaz que é meio humano e meio máquina, Salman, um robô, e Li Ying uma humana. Cada um deles tem uma habilidade especial (que eu só fui descobrir depois de quase terminar o jogo) que poderá te ajudar a passar os desafios.
O jogo também dispõe de uma máquina, que pode ser encontrada pelos cenários no decorrer da campanha, e nela é possível comprar armas especiais, evoluir as armas que o personagem carrega e suas próprias habilidades em um sistema simples de “árvore de evolução” que serve para melhorar alguns atributos como: regeneração de vida, adquirir munição dos corpos dos inimigos mortos, carregar mais munição, etc.
Futurista. Tá, e o que mais?
Já vimos diversos jogos futuristas que deram super certo: Halo, Dead Space, XCOM, Mass Effect, entre outros… cada qual com suas peculiaridades e diferenças, porém todos esses jogos tem algum diferencial que acabou cativando legiões de fãs.
Fica claro que Gene Rain queria entregar uma boa experiência, porém não tem nenhum elemento inovador, tudo o que é visto no jogo parece ultrapassado e genérico. Além de uma campanha relativamente curta, os inimigos são clichês, as armas têm características futuristas porém nada muito criativo, o gameplay é linear e repetitivo — o que não seria um problema se o jogo fluísse bem, mas infelizmente isso não é o que acontece.
A jogabilidade em Gene Rain é bastante falha em vários aspectos, os movimentos dos personagens são “duros” e a mira é estranha e imprecisa. Como vários outros shooters, aqui até há um recurso de auxílio de mira… porém, aqui o nome chega a ser irônico, pois muitas vezes ela mais atrapalha do que ajuda!
Por exemplo: se há um boss na tela e mais alguns inimigos espalhados, você quer mirar no boss que está no meio do cenário, mas no momento em que o botão de mirar é acionado, a mira automaticamente se direciona para um inimigo menor, independente de onde ele esteja posicionado! Pois é, prepare-se para passar raiva muitas vezes, pois há grandes chances de você morrer simplesmente porque a mira não quer te ajudar.
Alex e Salman são parceiros durante toda a campanha, o que faz a gente pensar que a coisa poderia ser mais fácil (afinal, são 2 atirando), mas independente de qual personagem você irá controlar, o seu parceiro será apenas um figurante: parece que mesmo ele descarregando todo um pente no inimigo, os tiros só são efetivos quando disparados por você.
Como bizarrice pouca é bobagem, Gene Rain também apresentou um bug bizarro, no estilo FIFA, onde um personagem se torna gigante. Infelizmente não há nenhuma vantagem prática nesse gigantismo — muito pelo contrário isso pode até atrapalhar o seu desempenho, visto que um parceiro gigante atrapalha sua visão e te impede até mesmo para passar por uma porta.
Audiovisual, se prepare…
O visual no geral é agradável em boa parte do jogo. Os gráficos não são excepcionais mas são bons, especialmente se considerarmos que este não é um triple A. Ainda que haja certo estilo na direção de arte e no design de alguns elementos, no geral os cenários são os que já estamos acostumados a ver: cidades destruídas e desfiladeiros.
No que se trata de áudio, o jogo peca principalmente nas dublagens: as vozes não casam com os personagens e em alguns momentos parece até que a dublagem foi feita por um computador… o que para a temática do jogo até faria sentido, porém, se fosse em um robô e não em um humano.
Se liga na voz da velha na cutscene abaixo e me diga se ela não soa como a “moça do Google“:
Ok, estamos falando de um projeto independente de um estúdio chinês, mas, se eles não tinham verba para dublar o jogo em inglês, poderiam ter mantido o áudio original e simplesmente acrescentado legendas decentes em inglês. Aliás, o nível das legendas não é lá muito melhor que o das dublagens, então se prepare para ficar meio perdido se quiser realmente acompanhar a história.
Falando em ficar perdido, durante a jogatina isso também acontecia, mas porque eu ficava sem saber de onde estavam me atirando: o som dos tiros dos inimigos sumia ou simplesmente mudava de direção. Para “ajudar”, os marcadores que mostram a direção de onde vem o dano, não necessariamente apontam para o lado certo, dificultando ainda mais a vida do jogador.
Conclusão
Antes de iniciar a jogatina eu acreditava que Gene Rain seria no mínimo interessante, mas no decorrer da campanha eu fui perdendo as esperanças. O jogo não flui como deveria, a história é extremamente confusa (confesso que não entendi nada), os sons das armas são sem graça, as dublagens mal feitas, não há muita imersão, mesmo com algumas músicas boas.
Fica claro que o pessoal da Deeli Network é esforçado e tem boa vontade, mas eles simplesmente não tiveram “a manha” de criar o jogo que eles sonhavam. É mais ou menos o caso de Past Cure, o jogo parece ter ficado grande demais para as capacidades do estúdio, e o resultado final decepciona, embora fique claro que tinha potencial.
Esperamos ver mais jogos dessa galera chegando ao ocidente, mas quem sabe eles não deveriam começar com algo um pouco menor, antes de arriscar um projeto tão ambicioso? Convenhamos, é melhor fazer algo menor bem feito do que apostar alto demais e acabar entregando um produto meia-boca.
Se você quiser jogar, e sentir na pele tudo o que foi mencionado aqui, o jogo está disponível desde o dia 17 de Julho para as seguintes plataformas: PC (via Steam), Playstation 4 e Xbox One!