Análise Arkade – A exótica aventura pelo Big Bang de Genesis Noir
Bendito sejam os games independentes, por conseguirem expandir ainda mais os recursos atuais dos games, propondo jogatinas diferentes e únicas, em comparação aos AAA, que há anos seguem praticamente o mesmo caminho. Entre várias ideias, temos uma que beira o experimental, em Genesis Noir, da Fellow Traveller.
Com elemento visual único, uma maneira minimalista de contar sua história e um gameplay único, nós temos o controle sobre um homem com uma missão muito inusitada: impedir o Big Bang, apenas para salvar o seu amor. Tudo isso no melhor estilo visual dos anos 30, com aquele ar de mistério que só os filmes de detetive daqueles tempos conseguiam oferecer.
Este homem é No Man, um vendedor de relógios que após mais um dia de trabalho, queria apenas encontrar seu amor, Miss Mass. Um evento envolvendo ciúmes e inveja termina em um assassinato, cujo tiro traz uma grande onda de energia, e, de certa forma, No Man consegue dar uma “pausa no mundo”, para investigar formas de salvar o seu grande amor.
Se não bastasse a história inusitada, o game como um todo acompanha este formato, que exige do jogador estar completamente aberto para entender toda a proposta do game, que é, de fato, muito diferente do que estamos acostumados. Conforme o jogador se aprofunda no game, vai entendendo mais sobre este triângulo amoroso que deu início ao estilo do game. Porém, não espere textos ou cenas de diálogos: tudo é oferecido de forma sutil, dando várias margens de interpretação.
Assim, para salvar seu amor, No Man viaja pelo caos temporal, em que cada fase simboliza vários estágios do Big Bang, da criação do universo e da humanidade. Os cenários oferecem pequenos desafios que devem ser cumpridos para que o jogador possa ir avançando, desbloqueando caminhos com suas sementes de energia.
Tais fases são cumpridas com a mistura de exploração livre, minigames point and click, e pequenos puzzles. Não espere padrão e nem um comportamento convencional do game, pois cada situação, cada puzzle e cada elemento do jogo nos dá a impressão de que foi milimetricamente pensado para estar ali, para somar na imersão de seu universo.
Mas, o foco do game não é a dificuldade e sim a imersão. Por isso, os puzzles não são dos mais complexos, bastando apenas um pouco de intuição e senso de lógica para completá-los. Não há nenhuma explicação, precisando usar de observação e, às vezes, da tentativa e erro. Todo o ambiente, e o resultado do completar dos puzzles, mais a trilha sonora, baseada em jazz e soul, se complementam de uma forma que não é muito comum nos games.
O visual, por sua vez, também chama muita atenção. Focado no branco, preto e amarelo, seus traços e animações são únicos, criando uma boa sensação de vazio, que nos remete aos eventos do Big Bang, ao mesmo tempo que traz o clima noir de mistério, que envolve os casos apresentados no início do game.
O que resume um game único. Talvez não agrade os mais impacientes, mas quem gosta de bons puzzles, ou quem tem a cabeça aberta para experimentar coisas novas, terá muito a aproveitar em Genesis Noir. O game é, no final, bem exótico e diferente. É daqueles games que você joga, se perguntando onde seus desenvolvedores estavam com a cabeça na hora de oferecer elementos tão inusitados. E que funcionam tão bem.
Não é um game de puzzle perfeito, tem alguns problemas no sentido de dar ao menos um sentido de início para a resolução de alguns puzzles, mas no geral, se mostra um game bem interessante, e que vale a jogatina, que não é muito demorada, para quem quer jogar algo diferente uma vez ou outra.
Genesis Noir já está disponível para PC, Switch e Xbox One, onde está disponível atualmente no Game Pass.