Análise Arkade – Gran Turismo 7 celebra 25 anos de franquia e um século de automóveis

2 de março de 2022
Análise Arkade - Gran Turismo 7 celebra 25 anos de franquia e um século de automóveis

25 anos depois, e oito games lançados (considerando o game de PSP e o GT Sport), Gran Turismo chega, enfim, ao seu game de número sete. O game marca um momento especial para a “enciclopédia de quatro rodas”, um dos pilares abordados pela franquia ao longo de todos estes anos.

Assim, a ideia, além de apresentar um novo game de corrida, é a de celebrar a história do automóvel. Há 100 anos atrás, os carros receberiam, pela primeira vez, um rádio para que seus ocupantes ouvissem músicas e notícias. Mas os carros já eram elementos presentes na sociedade, com as tradicionais 500 milhas de Indianápolis já acontecendo, desde 1909. Os automóveis, entre o final do século XIX até os dias atuais, passaram por momentos que andaram lado a lado com a história da humanidade.

E é parte desta história que o game quer contar ao jogador, enquanto aproveita grandes momentos da franquia, assim como o convida para bastante conteúdo e a proposta de manutenção do “espírito GT Sport“, já que a ideia de competições online, nascida em 2017 com o game, agora é um modo embutido dentro do jogo.

É o bom e velho Gran Turismo de sempre

Fãs da franquia terão o mesmo conteúdo de sempre. Tudo está lá: as licenças de pilotos, os torneios, as centenas de carros (são 316 já confirmados, com mais 100 “a caminho”, garantindo mais de 400 automóveis), e os vários modos de jogo.

Mas desta vez, o game arrumou um jeito de “guiar” o jogador para uma espécie de “modo campanha” dentro do jogo: o GT Café. É claro que os jogadores podem fazer o que quiserem no game desde o início, mas o café é o lugar obrigatório para quem quer não só conhecer o game, como desbloquear novos carros e pistas.

A ideia é bem intencionada, e mistura desafios como participar de corridas valendo um carro de prêmio, ou a disputa de competições. O problema é que, se não passar pelo café, seu conteúdo será sempre limitado, pois apenas passando por ele que você terá acesso a carros melhores e pistas novas.

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O café também traz pro jogador um pouco da história dos carros. Por exemplo, você tem como missão coletar três carros antigos: o Fusca alemão, o Mini Cooper inglês e o 500 italiano. Ao concluir a tarefa, um pouco da história destes carros são apresentada em um breve slide.

Além do Café, temos também os Circuitos Mundiais, que é o local onde é possível escolher corridas e torneios, nas Américas, Europa ou Ásia-Oceania. As pistas variam desde clássicas da franquia, como a High Speed Ring, assim como pistas reais, como Laguna Seca, Spa Francorchamps ou a brasileira Interlagos.

É possível melhorar o desempenho do seu carro na Oficina de Tuning, e lavá-lo ou melhorar seu aspecto no GT Auto. A Garagem, como sempre, te permite administrar seus veículos, enquanto a Brand Central é a loja de compra de carros novos, de 51 fabricantes diferentes. Também há a loja especial de carros lendários, que oferecem carros específicos e exclusivos, como edições especiais de Aston Martin, Toyota ou Alfa Romeo. Ainda falando em vendas de carros, há a loja de carros usados.

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Falando em gameplay, além dos circuitos mundiais, há o “Missões“, que, em formato semelhante a busca de licenças, oferece algumas tarefas específicas como “passar quatro Kombis com um Fusca em uma subida”. E o multijogador, que permite gameplay online ou local, com tela dividida. É bom saber que as telas divididas estão de volta, inclusive. Não só em Gran Turismo, como em muitos outros games. Além do Showcase e Scarpes, locais de fotografia.

Lembrando também do Rali Musical, um modo mais casual que nada mais é do que uma corrida com checkpoints, tal como eram os games dos anos 90, como Ridge Racer ou Daytona USA, na qual o game propõe uma quilometragem que o jogador precisa ir o mais longe possível enquanto a música toca, e enquanto o seu tempo de checkpoint não termina.

Isso traz ao game uma chuva de conteúdo que, apesar de não ser tão variado, ao menos consegue manter o jogador bastante tempo engajado, inclusive com o Café ajudando nesse ponto. Mas, é claro, que o game receberá, eventualmente, mais novidades que permitirá ao jogador curtir mais do título, com o mundo online também garantindo um bom movimento de pilotos.

Um grande museu de quatro rodas

Apesar de permitir o controle quase que total do automóvel, com a possibilidade de se mexer em câmbio, freios, direção e muitos outros elementos, na prática, Gran Turismo 7 acabou, entre a balança arcade e simulação, os lados de simulação. Para começar, mais uma vez, os carros em Gran Turismo não se danificam após um acidente, em medida que acompanha a série desde o primeiro game.

Outro ponto está na Inteligência Artificial, que é bem limitada e simplista. Jogar o game no modo mais difícil, para quem domina um mínimo de jogos de corrida, se torna algo muito simples, e a vitória será constante se você entrar na pista com um carro superior. Os adversários apenas andarão em velocidades mais velozes de acordo com o nível de dificuldade, mas nada farão para atacar e nem para manter posição. É o que um game “do último ao primeiro” acaba oferecendo.

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Até as licenças, que eram mais severas no passado, se tornaram mais simples. O grande desafio será obter as licenças com ouro em todos os testes, mas em apenas uma tarde, foi possível obter todas as licenças, incluindo a Superlicença, com nove circuitos pedindo uma volta no tempo mínimo exigido.

O gameplay, também, é o mesmo “de sempre”, mas é preciso falar que melhorou bastante em comparação a GT Sport e GT 6. A direção do carro está mais macia, e é simples de notar as diferenças de ajustes, ou de veículo, nas corridas. É possível, de forma simples, selecionar apenas com o direcional elementos como o mapa, o visor térmico ou a temperatura, para observar melhor os recursos da pista para aproveitar.

Tudo está dentro do considerado “ok” e consegue cumprir seu papel de ser amigável e desafiador, mas não traz grandes evoluções em relação aos últimos jogos da franquia.

Lembrando que, desta vez, Gran Turismo traz chuva logo de cara. E, para acabar de vez com a polêmica de não ter chuva, como aconteceu em GT Sport nos primeiros dias (a chuva chegaria dois anos depois), as corridas na chuva estão muito boas, com um spray de água que realmente atrapalha muito a visão dos carros, especialmente se estiver usando a câmera do carro. Outra questão bem legal está nas corridas em terra, que mesmo não sendo as principais no game, divertem muito.

A vantagem, neste ponto, é que Gran Turismo 7, assim como seus antecessores, permite um remapeamento completo dos controles, trazendo três formatos padrões, e a permissão de se alterar tudo, até os botões de pisca alerta e farol. Além de adaptações permitidas a diferentes tipos de volante. A questão detalhista do game segue firme, o que inclui o modo de fotografia, que é o mesmo de GT Sport, e que permite controlar as fotos de várias maneiras bem interessantes.

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Apenas lamento o menu burocrático do game. Tudo é dificultado com opções distantes e muitos menus. Por exemplo, você vai participar de uma corrida, com o carro que não atende os requerimentos mínimos. Vai ter que retornar aos menus anteriores, página por página, procurar a loja de carros, ou a de tunagem, passar um tempo equipando e ter que retornar depois. Algo que seria facilmente resolvido com atalhos nos menus, especialmente na área de notificações que poderia direcionar o jogador ao próximo passo de forma mais simples.

Mas entre suas virtudes e problemas, temos sim um game realmente muito bonito, especialmente com os carros, recheados de polígonos. Todos os carros tem seus painéis e elementos de direção bem construídos, e bastante fiéis ao original. As pistas, iluminação e efeitos em geral, estão dentro do “ok”, fazendo um bom papel, mas não sendo o maior destaque entre os games de corrida. Mas, como já falei, ressalva apenas aos carros, muito detalhados, e em especial, aos efeitos da chuva, que, realmente, estão muito bons.

A “volta” de Sport

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GT Sport não fez o sucesso esperado, e isso é um fato. Mas, por outro lado, levou a franquia para o mundo dos eSports, com grandes torneios chancelados pela FIA. E isso trouxe uma série de pilotos virtuais que disputaram torneios muito acirrados nos últimos cinco anos. Há inclusive, um brasileiro que fez seu nome dentro deste universo: Igor Fraga.

O brasileiro, que também disputou a F1 Esports Series em 2017 e hoje faz parte do programa de pilotos da Red Bull, também aparece no game, como um dos personagens que, em texto, conversa com o jogador antes da corrida, ou oferece alguma dica no modo de licenças. A ideia aqui, apesar de não seguir Sport como um game, é manter a aura do game de 2017, permitindo, inclusive, a continuidade dos torneios baseados no game, usando a mesma filosofia.

Assim, quem quiser se aventurar no Sport terá que fazer um cadastro dentro do game, e acompanhar o calendário de competições, em regras que serão semelhantes a de GT Sport. Neste ponto, a Polyphony acertou em cheio, pois ao invés de priorizar o eSports em detrimento da jogatina single player, trouxe o “formato Gran Turismo” tradicional de volta, mas dando um merecido espaço para aquela categoria que, sim, trouxe um ar novo para a franquia.

E o Playstation 4?

Para os donos do veterano console da Sony, as notícias são positivas. O game roda bem no Playstation 4, com direito até a fazer menos barulho do que esperado. Como sabemos, a decisão atual de seguir contemplando o console anterior não faz, historicamente, parte dos planos da Sony. Mas, a dificuldade de produzir consoles PS5 novos fez com que a companhia reveste sua postura.

Assim, os jogos seguem saindo para o console anterior, mas com problemas relacionados ao limite que o console chega, temos os prós e contras. Com os prós fazendo muito mais sentido do que o contra. Há um movimento entre alguns gamers exigindo sempre o “melhor gráfico possível”. A questão é que isso exige um custo e, em um país como o nosso, isso significa ser mais difícil ter acesso às novidades. Afinal, quem pode, hoje, gastar quatro mil reais mais R$ 350 em console e jogo?

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Assim, trazendo o game para o console anterior, apesar de algumas perdas visuais, mais pessoas poderão aproveitar o conteúdo para, no futuro, se manterem adeptas a sequências. Mas a questão é bem simples: downgrades, versões para consoles anteriores ou coisas do tipo, serão sempre feitos, se isso significar maior receita para a empresa envolvida. O trabalho será apenas em oferecer boa experiência em ambos os sistemas. Por aqui, a missão foi bem feita.

De qualquer forma, talvez o maior problema é mesmo o barulho que, eventualmente, o PS4 fará. O console já “chorava” faz tempo (God of War que o diga), e segue fazendo eventuais “escândalos”. Mas, no geral, o game roda muito bem, dentro das capacidades do videogame.

O Dual Shock 4 também recebe bem o game, oferecendo um bom controle, com a mesma variedade proposta no PS5. Mas o game, de forma geral, funciona de forma muito positiva, com a versão de PS4 rodando o game de forma satisfatória, e com a garantia do mesmo conteúdo.

Conclusão

Vale a pena? Bom, nós não estamos aqui para dizer pra você se você tem que comprar o jogo ou não. Minha tarefa é apenas dizer o que o game tem para oferecer, minhas impressões com os elementos do game e, assim, deixar você tomar suas próprias decisões, baseadas no que conferiu não só aqui, mas nos demais reviews que você pretenda conferir.

Dito isso, posso te dizer, tranquilamente, que Gran Turismo 7 não é revolucionário. Mas não é uma má notícia. Apenas não espere que o game oferecerá algo de extraordinário para o jogador. É, no final, uma boa atualização de GT Sport, com melhorias relevantes em relação a Gran Turismo 6. Apenas senti falta de andar na Lua, mais uma vez. Até a mudança dos menus, em comparação com Gran Turismo 6, é uma mistura do que tínhamos em GT Sport com o formato de mapa dos primeiros games da série.

Seu gameplay segue a linha do meio termo entre o arcade e a simulação, mas em relação a seus contemporâneos, o game acaba vestindo mais a camisa do arcade do que a da simulação. Seu formato de corridas curtas “saia de último para primeiro” com uma IA fraca ajudam a manter esse status de “jogo simulador com base arcade”. Claro, jogadores mais dedicados, que passem um bom tempo configurando todo o gameplay, terão maiores resultados na simulação. Mas, de forma padrão, espere por muita ação arcade.

Há vários elementos para disputar as corridas, incluindo menus de temperatura e consumo de combustível, além do motor que vai se gastando e que exige manutenção eventual, mas apesar de ideias bem legais, no geral não fazem muita diferença no jogo, especialmente para os jogadores casuais.

Entretanto, todos terão acesso a um bom conteúdo, e uma boa variedade de carros e pistas. E com a boa notícia que jogadores de Playstation 4 também terão acesso a este conteúdo. Temos, assim, a volta da “enciclopédia eletrônica dos automóveis”, pronta para divertir seus fãs.

Gran Turismo 7 chega em 4 de março, com versões para Playstation 4 e Playstation 5. Mas, infelizmente, apesar de existir o upgrade entre gerações, a forma a qual acontece é um tanto confusa. A Edição de 25º Aniversário Digital, tanto digital quanto física, permite o gameplay em ambos os consoles, de forma direta. Mas quem comprar a versão Standard, terá que pagar R$ 50 a mais, caso queira transferir o jogo do Playstation 4 ao Playstation 5. Maiores informações podem ser encontradas aqui.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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