Análise Arkade: Hellbound nos leva de volta aos anos 90 com FPS alucinante

16 de agosto de 2020
Análise Arkade: Hellbound nos leva de volta aos anos 90 com FPS alucinante

Imagine um jogo de tiro que traz de volta toda a adrenalina e simplicidade do gênero da década de 1990 para os dias atuais. Toda essa jogabilidade mais simples, é claro, com gráficos atuais que deixam tudo mais alucinante. Pois é exatamente essa a proposta de Hellbound, game independente que tem tudo pra ser um excelente Doom.

O jogo traz uma jogabilidade rápida, comandos simples e bem básicos. Tudo isso com uma desculpa esfarrapada para sairmos dando tiros em demônios alienígenas por aí. Hellbound basicamente pega tudo que Doom fez certo e replica com uma qualidade ímpar. Talvez o único pecado do jogo seja a sua duração, mas até isso é questionável. Vamos explicar porquê.

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Um cara durão num planeta demoníaco

Hellbound passa longe de se preocupar com uma história. Mas isso claramente é proposital, já que até fazem piada com isso. No jogo, somos um soldado no melhor estilo Duke Nukem de ser, que está preso em um planeta que podemos presumir que seja Marte. Porém, como de praxe, não estamos sozinhos nesse planeta: hordas de demônios e seres infectados nos ameaçam o tempo inteiro.

Depende única e exclusivamente de nós desbravar os mais macabros locais do planeta visando dar um fim na horda de demônios aterrorizantes. E isso é basicamente tudo que temos de história no jogo. Ponto. Mas isso nem de longe é um defeito. Hellbound tem por intenção homenagear os jogos de tiro que fizeram o gênero nos anos 90, como Duke Nukem, Quake, Wolfenstein e Doom. E ele faz isso muito bem.

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Não precisamos de muita elaboração de roteiro aqui, pois o jogo é totalmente construído ao redor de suas mecânicas e e sua ação. Não é para lermos histórias, é para darmos tiro. E isso, Hellbound faz de forma primorosa.

“FPS dos anos 90, 30 anos depois”

O maior acerto de Hellbound, sem dúvidas, é na sua jogabilidade. Os desenvolvedores da Saibot Studios conseguiram um equilíbrio perfeito entre saudosismo e modernidade. Acertaram em cheio ao trazer os elementos certos dos FPS antigos para os moldes atuais, sabendo o que descartar também de ambos os tempos.

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Em Hellbound não precisamos recarregar armas, apenas pegar mais munição no decorrer das fases. Além disso, temos uma variedade bem limitada de armas, todas com tiros normais e secundários. A mira é solta com a arma posicionada na tela como nos FPS atuais. Entretanto, podemos desviar dos tiros com a habilidade do próprio jogador sendo colocada à prova.

A combinação aqui deixa um gosto muito bom para os amantes do gênero. Conseguir acrescentar mecânicas novas à jogatina, mas sem perder a identidade de jogo antigo é algo bem difícil de se conseguir. Arrisco dizer que nem o próprio reboot da franquia Doom conseguiu isso de forma tão primorosa quanto Hellbound — ainda que os jogos atuais da franquia sejam incríveis, eles não tentam ser retrô, e criaram uma nova identidade (extremamente frenética) para a série.

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Level design muito bom!

Outro dos elementos elogiáveis de Hellbound é a construção de suas fases. Embora tenhamos um número bem pequeno de fases disponíveis, sua construção é, na maioria dos casos, muito bem pensada. Esse é um dos elementos dos jogos modernos que souberam aproveitar muito bem em Hellbound: construir fases mais complexas, com maior variedade de níveis e até espaços abertos mais amplos.

A progressão de complexidade das fases é sentida muito bem. Sendo que, em várias situações, o ambiente faz parte do desafio tanto quanto os inimigos. Existem fases onde a lava e plataformas precisam ser superadas, outras nas quais precisamos pular de um lugar para outro. Isso além dos puzzles que envolvem um parkour aqui e ali para alcançar determinados itens, chaves e segredos durante cada fase.

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Por fim, o visual dessas fases é incrível. Não temos aqui gráficos de última geração como os vistos em Doom Eternal. Porém, isso não faz de Hellbound um jogo feio. Muito pelo contrário, toda a carnificina do jogo roda a 60 FPS e tem capacidades de resolução muito boas, além de cores vivas que deixam o sangue no cenário muito mais legal.

Tudo que é bom dura pouco

O jogo independente da Saibot Studios tem um ritmo frenético, mas pode desagradar alguns pela sua curta duração. Temos pouquíssimas fases e uma duração de jogatina de cerca de 3 horas no total. Entretanto, as fases individualmente tem uma duração média ideal para jogos nesse estilo: algo entre 5 e 15 minutos em média.

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Porém, ao terminar a jogatina, fica um gostinho de “quero mais”, e infelizmente o modo “Survival” pente no título não sacia totalmente essa vontade de jogar mais. Este é o modo gratuito do jogo, que está incluso no game pago. Como o próprio nome sugere, seu objetivo é sobreviver o maior tempo possível em fases circulares onde hordas de inimigos aparecem cada vez mais fortes.

Ao final temos uma tabela com o ranking global de cada fase, o que deixa tudo mais divertido e com cara de fliperama. Mas para os amantes de variedade, isso pode ficar repetitivo rapidamente. Temos no total 8 fases no modo Campanha do jogo, que poderiam ser tranquilamente 16. Mas não muito mais do que isso também, pois o ritmo acelerado do jogo pode ficar cansativo com muitas horas de jogatina.

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Uma homenagem de primeira

Acima de tudo, Hellbound é uma incrível máquina do tempo. Mesmo com um tempo de jogatina bem curto, seu fator replay e sua jogabilidade insana fazem dele um excelente jogo. A simplicidade do projeto, mesclado aos elementos certos nos dão uma sensação de nostalgia deliciosa combinada com um quê de novidade perfeito.

Hellbound mescla tudo que os jogos de tiro em primeira pessoa da década de 1990 tiveram de melhor. Infelizmente, ele não tem o tamanho que muitos gostariam, além de faltar alguns elementos como multiplayer, armas icônicas como a serra elétrica e outros. Mas quem sabe um “Hellbound 2” aumente esse escopo, não é mesmo? Até porque, o preço do jogo é tão em conta que dá mais gosto ainda jogar. Não é uma produção AAA como Doom Eternal, mas é uma boa opção para quem está esperando o jogo da Bathesda abaixar um pouco de preço ainda.

Hellbound foi lançado em 04 de agosto de 2020 e está disponível autalmente somente no Steam.

Gilson Peres

Gilson Peres é Psicólogo, Mestre em Comunicação e aqui no Arkade fala principalmente sobre Realidade Virtual, jogos de PC e novas tecnologias desde 2019.

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