Análise Arkade: Horizon Zero Dawn no PC tem visual incrível e pouca otimização
Entrando para a lista de exclusivos do PlayStation 4 que migraram para o PC, Horizon Zero Dawn chegou em grande estilo. Três anos após seu lançamento original, o jogo chega aos PCs com física de vegetação melhorada, aumento da resolução e melhoras na taxa de frames. Entretanto, a Guerrilla Games enfrentou alguns probleminhas ao adequar o jogo para a nova plataforma.
Mesmo com erros de instalação e problemas relacionados à otimização, Horizon Zero Dawn ainda é um acréscimo indiscutivelmente brilhante para o catálogo dos jogadores do PC, trazendo ótimos controles adaptados para mouse e teclado, além de aspectos gráficos visivelmente superiores até aos do PS4 Pro. Mas vamos falar de tudo com mais detalhes nessa análise.
Uma aventura épica de 2017
Antes de começarmos nossa análise propriamente dita, vale lembrar que já analisamos a versão para PS4 desse game, na época de seu lançamento. O jogo desenvolvido pela Guerrilla Games não é perfeito, mas foi muito elogiado na época por seu mundo aberto e sua narrativa. O jogo ainda é considerado um dos melhores “exclusivos” do PlayStation 4 e o anúncio de uma sequência deixou os fãs empolgados com o potencial da próxima aventura de Aloy na próxima geração, consolidando a qualidade da franquia.
O jogo apresenta a jornada de Aloy em um mundo que pode ser considerado um dos mais criativos dos games pós-apocalípticos dos últimos tempos. Nele, precisamos sobreviver em um ecossistema que envolve seres vivos e máquinas com comportamentos complexos semelhantes aos de animais. O mundo do jogo por si só é um dos seus maiores triunfos. Ele pode ser considerado um dos mundos abertos mais divertidos de se explorar nessa geração, ainda que não seja um dos mais originais em termos de mecânicas.
A aventura de Aloy nos PCs chega em sua Complete Edition, que inclui o DLC The Frozen Wilds, lançado no final de 2017. Esse conteúdo extra é consideravelmente válido, pois agrega novas missões de história, uma nova região, novas criaturas, armas e armaduras. Isso tudo com um novo nível máximo e outros elementos.
Tudo muito mais estonteante
Jogar Horizon Zero Dawn no PC é uma experiência que não dá pra ser chamada de outra coisa, senão estonteante. Isso porque o visual do jogo em termos técnicos melhorou consideravelmente da sua versão de PS4 para cá. Claro que o jogo já rodava em 4K no PlayStation 4 Pro, mas o console mais robusto da Sony até então mantinha a taxa de frames nos 30 fps.
Na versão de computador, Horizon Zero Dawn consegue manter muito bem os 60fps mesmo em 4K. Isso é excelente para a experiência de jogo e a fluidez da aventura. Lutar contra máquinas enormes e incrivelmente detalhadas, com seus padrões de comportamento e peças quebráveis é muito mais incrível com essas configurações técnicas.
Junto a isso, outra coisa que chama muito a atenção durante o jogo é a sua iluminação. Com melhorias consideráveis em relação à sua versão de 2017, as paisagens que já eram incríveis ficam ainda melhores e mais robustas. Toda essa melhoria pode ser sentida já nas configurações do game. Nelas, o modo “clássico” do jogo, ou seja, as configurações originais, são apenas como as configurações médias do título no PC.
As novidades da versão PC
Para além do já aguardado aumento de resolução e melhoria de framerate, Horizon Zero Dawn também teve outras novidades técnicas nesta sua Complete Edition. Uma das mais chamativas é a atualização do sistema de física. Esse voltado mais especificamente para o cabelo de Aloy e a vegetação do mundo. Pode parecer um detalhe descartável, mas no final é algo que agrega uma nova camada de beleza à experiência, principalmente vindo com o “pacote” 4K e 60fps.
Além da nova tecnologia de folhagem dinâmica, o jogo também inclui o modo Ultra Wide, que já virou uma tendência para jogos mais modernos, e pode ser aproveitado pela galera que tem monitores compatíveis. Fora isso, também estão presentes melhorias nos efeitos de reflexo e nas nuvens, ainda que estes últimos não sejam tão chamativos quanto a iluminação e as folhagens dinâmicas.
E claro, vale ressaltar ainda que jogar no PC traz um novo sistema de comandos através de teclado e mouse que funciona muito bem. Quem é PC gamer sabe que nada supera a precisão da mira com o mouse, e isso ajuda muito a mirar com o arco nos pontos fracos dos inimigos. Mecanicamente, a conversão dos controles foi muito competente.
No quesito conteúdo, não temos nada de novo por aqui. Diferentemente dos conteúdos exclusivos da versão de PC presentes em Death Stranding, o pessoal da Guerrilla não preparou muitos para o relançamento de Horizon Zero Dawn. O conteúdo adicional aqui, além do DLC já citado, apresenta alguns pacotes de armaduras e equipamentos — que já estavam presentes na pré-venda do título no PS4.
Os problemas de otimização
Infelizmente, nem tudo são flores na versão PC de Horizon Zero Dawn. Assim como citamos na análise de Death Stranding, a migração de um jogo de consoles para PC precisa ser feita com o devido cuidado no que tange as otimizações. No caso do jogo do Kojima, esse cuidado superou as expectativas. Porém, em Horizon Zero Dawn, notam-se alguns probleminhas técnicos no processamento do jogo, independente do quão robusta a configuração do seu hardware seja.
A começar pela instalação do jogo, temos loadings iniciais gigantescos. São cerca de 30 minutos para gerar os primeiros arquivos do jogo. Além disso, erros nesse momento foram notados, e eles foram relatados por diversos jogadores nos fóruns da Steam. Em nossos testes, foram mais de duas horas entre a instalação do jogo e as (muitas) mensagens de erro até o jogo rodar de fato.
Além disso, em momentos aleatórios a taxa de frames pode cair um pouco, além de travamentos, mesmo que raros. Por fim, o que mais incomodou no decorrer das 50 horas jogadas para a confecção desta análise, foram as texturas. Não se engane: as texturas do jogo tiveram melhorias significativas em sua versão de PC, mas o carregamento delas ainda possui problemas.
Não foram poucas as vezes em que texturas demoraram mais do que deveriam para carregar durante uma cena de diálogo. O mesmo vale durante corridas por uma cidade ou quando trocávamos a roupa de Aloy. Isso, novamente, independente da configuração de hardware ou do próprio jogo. Não é algo que chegou a atrapalhar a jogatina, mas incomoda visualmente, especialmente por sabermos quão belo o jogo é.
Mas entre todas essas questões passíveis de melhoria futuramente, o pior dos problemas são as telas de loading. Os carregamentos do jogo são consideravelmente longos, levando algo entre 3 e 5 minutos no seu carregamento inicial. Além disso, morrer pode ser uma péssima situação, já que o carregamento nesses casos também beira os 4 minutos de espera. Em comparação com outro port recente, Horizon demora quase o dobro do tempo de Death Stranding para ser carregado no PC.
Um caminho a ser trilhado
Horizon Zero Dawn é o primeiro jogo da Guerrilla Games a ser lançado para computadores desde o tímido Shellshock: Nam ’67, em 2004. A empresa por trás de Killzone demonstra ter dificuldades em se adaptar a este tipo de portabilidade. Mencionamos muito Death Stranding nesta análise, e não foi por acaso: ambos os projetos utilizam a mesma engine, chamada Decima — que foi desenvolvida pela Guerrilla, e “emprestada” pela Kojima Productions — para serem desenvolvidos.
Compará-los pode até ser um caminho válido para analisar o desempenho mediano de Horizon Zero Dawn nos PCs. Porém, não é exatamente justo. O polêmico game de Kojima foi lançado no final de 2019, e já utilizava uma versão mais atualizada da engine. Horizon, por outro lado, foi lançado lá em 2017, e provavelmente não foi criado com um port para PC em mente. Essa diferença pode sim ter influenciado o rendimento do port para PCs.
Mas esses problemas técnicos nem de longe estragam a experiência de jogar Horizon Zero Dawn na nova plataforma. Claro que são incômodos e mancham um pouco a imagem do game, mas (espero) não são nada que não possa ser resolvido com atualizações e correções relativamente simples. A Guerrilla inclusive já veio a público comentar que está trabalhando nesses reparos.
A jornada de Aloy encanta mais uma vez
Independente de qualquer coisa, é preciso ser dito aos amantes de jogos de mundo aberto que o PC recebeu um excelente título para a sua coleção. A jornada de Aloy pelas terras do Sol são incríveis. Inclusive, jogá-las com um mouse e teclado me passaram uma sensação até melhor do que a de um controle.
Os problemas técnicos existem sim, e precisam ser reparados. Mas nem de longe eles estragam o quão majestoso, encantador e divertido esse título é. Se os jogadores de PlayStation 4 já estavam ansiosos com Horizon Forbidden West… bom, agora chegou a hora da turma do PC entender o porquê.
Horizon Zero Dawn Complete Edition chegou aos PCs no dia 7 de agosto de 2020, e está disponível tanto na Epic Games quanto no Steam. Além disso, o jogo possui uma versão para PlayStation 4, lançada em fevereiro de 2017.
Para esta análise, rodamos o game em um notebook gamer com processador i5-9300, 8GB de memória, placa de vídeo GTX 1650 de 4GB e SSD de 128 GB.