Análise Arkade: Journey to the Savage Planet é a primeira boa surpresa de 2020

28 de janeiro de 2020
Análise Arkade: Journey to the Savage Planet é a primeira boa surpresa de 2020

Prepare-se para explorar um planeta alienígena, catalogando espécies e descobrindo biomas exóticos. Parece uma descrição de No Man’s Sky, mas estamos falando de Journey to the Savage Planet, game que chega hoje às principais plataformas, confira nossa análise!

Bem-vindo ao planeta AR-Y 26

Em Journey to the Savage Planet, assumimos o controle de um funcionário (altamente descartável) da Kindred, empresa que ostenta com orgulho o título de 4ª Melhor Empresa de Exploração Interestelar da Terra.

Após uma aterrissagem um pouco turbulenta no planeta AR-Y 26, nossa missão é desbravar este novo mundo exótico e selvagem e descobrir se ele pode (ou não) servir como um novo lar para a raça humana. Ah, e arrumar um jeito de consertar a nave para voltar para casa também é importante.

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E é assim, munidos de alguns equipamentos bem pouco convencionais, que vamos explorar diversos ambientes deste mundo alienígena, catalogando exemplares de fauna e flora enquanto descobrimos matérias-primas que nos permitirão aprimorar nossos equipamentos para seguir na exploração.

MetroidVania Espacial

Pode não parecer em uma primeira olhada, mas Journey to the Savage Planet tem um pezinho no MetroidVania: há lugares que só poderemos visitar depois que conseguirmos algum complemento para nosso traje, ou uma nova habilidade. Desde um pulo turbinado para nosso jetpack até luvas especiais que nos permitem carregar plantas explosivas/elétricas/ácidas, há dezenas de upgrades que melhoram nossas capacidades de locomoção e exploração.

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Como ir até lá?

E como conseguimos isso? Explorando. O loop de gameplay quer que o jogador explore muito bem as vastas paisagens alienígenas do jogo, e premia sua dedicação com novas ferramentas, que lhe dão acesso a mais lugares para ele explorar.

Mobilidade é tudo neste jogo, e, felizmente, o jogo acerta a não neste quesito: além do jetpack, temos uma espécie de “teia” laser capaz de “grudar” em determinadas superfícies, e há inclusive sementes que criam novos pontos de apoio para esta “teia”. Os cenários são bastante verticais, e ilhas flutuantes ligadas por umas poucas pedras obrigam o jogador a ser criativo (e corajoso) para prosseguir.

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Esta é a nave onde tudo começa

Confira um pouco de gameplay cooperativo abaixo (é um trecho bem aleatório, sem cumprimento de missões, nem nada do tipo):

Isso não quer dizer que Journey to the Savage Planet seja um walking simulator: há um punhado de criaturas hostis espalhadas pelo planeta (bem como algumas inofensivas), e o jogo traz até algumas boss battles interessantes, que exigem que o jogador combine de forma inteligente seu artesanal se quiser sair vitorioso.

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O primeiro boss do jogo

Mas o combate é um elemento secundário, o que realmente carrega o jogo são a exploração e a mobilidade. Explorar o mundo do jogo é uma delícia — ainda que as recompensas pela exploração nem sempre sejam boas –, mas o quanto você vai se divertir depende muito de quão curioso você é, e do quão longe quer chegar no mundo do jogo. Se há um lugar visível, provavelmente há como chegar lá… você só precisa descobrir como.

Cooperativo e humor nonsense

Journey to the Savage Planet parece buscar inspiração na obra de Douglas Adams para construir um universo sci fi quê é tão exótico quanto bizarro, e vai conseguir arrancar boas risadas dos jogadores.

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Os produtos anunciados nas propagandas são… estranhos

De criaturas com nomes (e aparências) estranhos até bizarros comerciais em live action que ficam passando nas TVs da sua nave, passando pela sempre sociável Eko (inteligência artificial que nos guia, e deve ter algum grato de parentesco com a saudosa GladOS), o jogo nunca se leva a sério, e há piadas e sátiras ao próprio gênero sci fi em todos os cantos.

Até o modo cooperativo se vale disso: você pode convidar um amigo online para jogar, mas ele não será outro astronauta, mas um “Meat Buddy“, que é basicamente um clone seu. Ao início de cada partida, o personagem do host acorda em sua cama, enquanto o player 2 simplesmente sai de dentro da máquina de clonagem. São pequenos detalhes que enriquecem o jogo e tornam seu universo ainda mais divertido.

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Eu e meu clone, meu clone e eu

O pessoal da 505 Games nos cedeu dois códigos do jogo, de modo que pude curtir a experiência toda ao lado de nosso camarada Renan. E, acredito que esta é a melhor forma de se jogar Journey to the Savage Planet: os jogadores podem se dividir e se ajudar, sem contar que este é o tipo de jogo bom de se jogar batendo um papo, compartilhando descobertas e soluções com um amigo.

Audiovisual

Journey to the Savage Planet é um jogo muito bonito. Seu visual é colorido e vibrante, com elementos surreais que desafiam a lógica… como um bom planeta alienígena deve ser. Plantas malucas, bichos bizarros, construções alienígenas imensas, tudo isso está aqui.

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Alguns bichos são BEM estranhos

O jogo traz excelentes dublagens, e a trilha sonora é bastante sutil, para nos permitir ouvir todo tipo de barulho estranho que é emitido pelo mundo e pelas criaturas que nele vivem. Ah, e temos menus e legendas 100% em português para ninguém ficar boiando nos diálogos e nas piadas (que são muitas)!

O desempenho foi o que mais pegou: não tenho certeza se foi pelo componente online, mas o jogo não rodou de forma fluida, mesmo no PS4 Pro. Travadinhas e engasgos eram constantes, e podemos presenciar alguns bugs bizarros, como waypoints que mudavam de lugar ou mesmo um companheiro “invisível”, só o que dava para ver eram os itens em suas mãos, flutuando no ar.

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O céu (não) é o limite

Considerando que o jogo está sendo lançado hoje, acredito que boa parte destes problemas pode ser consertada com patches. Começamos a jogar cerca de uma semana antes do lançamento, período em que alguns bugs são meio que esperados, pois os ajustes finais ainda estão sendo feitos. Mas, torço para que os ajustes cheguem, e Journey to the Savage Planet alcance seu verdadeiro potencial.

Conclusão

Journey to the Savage Planet é, desde já, uma das boas surpresas deste início de ano. Misturando exploração e verticalidade com generosas doses de humor e um coop bem feitinho, o jogo traz boa horas de diversão para quem curte “se perder” pelos mundos surreais que só os videogames podem nos entregar.

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Belas paisagens alienígenas esperam por você

Como já dito, seu nível de satisfação depende muito da sua curiosidade e da sua vontade de explorar. Quem espera uma campanha roteirizada tradicional não vai encontrar aqui: o jogo te solta no planeta AR-Y 26, e te deixa livre para decidir o que vai fazer, como vai fazer e em que ordem vai fazer.

Apesar dos bugs, gostei muito da minha experiência com o game, e acho que ele acerta bem mais do que erra. Agora, se me dá licença, vou aproveitar essa calmaria de início de ano para recrutar meu “clone” Renan, pois ainda temos um bocado de coisas para explorar e descobrir neste planeta selvagem.

Journey to the Savage Planet está sendo lançado hoje, com versões para PC, PS4 e Xbox One. Esta análise foi feita com base na versão PS4 do game, rodando no PS4 Pro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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