Análise Arkade — Kona II: Brume é excelente e repleto de mistérios

4 de novembro de 2023
Análise Arkade — Kona II: Brume é excelente e repleto de mistérios

Aproveitando a onda de games de suspense e terror que chegam às vésperas do dia das bruxas, o pessoal da Parabole e da Ravenscourt retornaram com Kona II: Brume. O jogo de suspense e investigação é uma continuação do título lançado em 2016 que coloca o jogador na pele de um detetive particular que está perdido no norte do Canadá.

Com o foco voltado principalmente para a resolução de enigmas e quebra-cabeças, Kona II: Brume traz de volta tudo que o primeiro game (que fora fruto de um financiamento coletivo) fez de melhor, com melhorias gráficas e na jogabilidade aqui e ali. Mas vamos ver tudo que esse jogo tem a oferecer nessa análise completa.

Análise Arkade — Kona II: Brume é excelente e repleto de mistérios

Perdido no norte do Quebec

Seguindo os acontecimentos do game anterior, Kona II: Brume nos coloca na pele do detetive particular Carl Faubert, que precisa investigar um misterioso nevoeiro (a bruma do título do jogo) que assola um vilarejo isolado no norte do Quebec, a maior província do Canadá. E essa investigação leva Carl até uma mansão isolada na qual coisas inexplicáveis aparentemente aconteceram.

A situação se torna cada vez mais complexa com novas descobertas que você vai fazendo na pele do investigador durante a exploração, enquanto topa com corpos misteriosos, situações paranormais e sobreviventes traumatizados. A narrativa é cheia de suspense e aquele frio na espinha se mantém por todo o jogo, o que torna a experiência bem satisfatória para um jogo de mistério.

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Vale dizer também que a exploração de Kona II: Brume não se resume exclusivamente à mansão isolada, já que temos tanto momentos nos arredores do terreno como também outras situações ainda mais variadas, nas quais precisamos passar por alucinações ou outras dimensões, dependendo de como você interpreta. Tudo, é claro, com várias reviravoltas que tornam a história bem instigante.

Investigando sempre

Um traço interessante do clima de Kona II: Brume é o uso inteligente que o game faz da percepção do jogador. Nós precisamos agir e pensar de fato como um verdadeiro detetive para retirar o máximo possível do game. Isso significa se ater a detalhes como elementos de cenário, textos específicos e contextualização de situações. Tudo pode ser uma pista, seja do puzzle a ser resolvido seja do enredo do game como um todo.

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E daí encontramos um ponto que deixa a desejar no jogo principalmente para nós brasileiros: não existem legendas em português para Kona II: Brume. Mesmo que isso não impeça o jogo de ser apreciado, pode ser uma barreira para alguns jogadores que não dominem a língua inglesa ou francesa (que também está disponível no game). O problema aqui é que, ao contrário de jogos mais voltados para ação, a interpretação de texto e a capacidade de ler as entre linhas faz diferença.

Mas para aqueles que tem bom entendimento de um desses idiomas, pode ter em mãos uma boa experiência de jogo aqui. Kona II: Brume traz uma aura de mistério que me lembrou bastante os primeiros jogos da franquia Resident Evil. Não por conta de zumbis e cenários apocalípticos, mas sim pela solidão que a jogatina carrega na maior parte do tempo e a temática de cenários e puzzles, muito alinhada com o que víamos nos dois primeiros jogos da franquia de terror da Capcom.

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Sendo assim, prepare-se para dar voltar labirínticas para acessar salas inicialmente inacessíveis, resolver puzzles elaborados de modo a se mesclar com o ambiente ao seu redor e buscar objetos perdidos em locais isolados para retornar e acessar espaços específicos. Tudo em cenários frios e abandonados, repletos de uma atmosfera de solidão mesclada com a sensação de estar sempre sendo observado.

Entre combates e fugas

Nem só de exploração e investigação vive Kona II: Brume. Temos também momentos mais raros nos quais precisamos confrontar inimigos. Sejam eles parte da vida selvagem do norte do Canadá ou então entidades sobrenaturais das quais precisamos fugir. Seja lá o que estiver nos caçando, precisamos tomara decisão mais instintiva de todas: luta ou fuga.

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Em diversas situações somos obrigados a combater nossos inimigos ou então fugir desenfreadamente deles para um local seguro. Locais esses inclusive que são escassos durante a exploração, já que só conseguimos salvar nosso gameplay ao acender lareiras ou fogueiras para nos aquecer (outro elemento que lembra bastante as máquinas de datilografia dos antigos Resident Evil).

Infelizmente ou felizmente, dependendo de como você enxerga, o mais interessante de se fazer na maior parte do tempo é fugir mesmo. Já que os combates diretos, seja com golpes físicos seja com tiros a distância não são muito prazerosos quanto a exploração e investigação de Kona II: Brume. Na maior parte do gameplay, os combates são desordenados e pouco inspirados.

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Com estamos falando de um jogo em primeira pessoa, era de se esperar que alguns recursos de combate fossem melhor pensados. Entretanto, como este claramente não é o foco principal do jogo, temos um combate bem raso e até repetitivo em alguns momentos, que fazem os poucos momentos de ação desse tipo se tornarem um mártir para a experiência como um todo.

Visualmente excelente

Ao contrário do que falamos sobre os combates de Kona II: Brume, seu visual não deixa nada a desejar. Sejam os cenários dentro de casas com móveis ao estilo dos anos 70 ou com pisos muito bem lustrados, seja em momentos de baixa iluminação com o brilho de uma fogueira ou animais te vigiando na penumbra. Dos momentos mais claros aos mais tenebrosos, tudo em Kona II: Brume é muito belo.

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Como estamos falando de um jogo de desenvolvedores independentes e de escopo pequeno, esse fator é muito elogiável. Sabemos o exército de artistas e programadores que é necessário para os gradiosos AAA alcançarem os patamares visuais que eles alcançam. Ver um jogo de escopo bem mais contido alcançar a qualidade gráfica de Kona II: Brume é muito elogiável.

Claro que não estamos falando aqui de uma qualidade gráfica do nível de Hellblade: Senua’s Sacrifice por exemplo; mesmo assim, temos um jogo indie bem acima da média no que diz respeito aos seus visuais, efeitos de luz, sombra e reflexo e realismo dos ambientes. Isso é interessante pois o visual ultrarrealista de Kona II: Brume serve bem para a imersão que o jogo precisa, a fim de nos sentirmos de fato nas terras isoladas repletas de mistérios e ameaças.

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Um bom “segundo passo”

Kona II: Brume consegue acompanhar bem o ritmo do primeiro título da franquia, lançado em 2016. Servindo como uma versão melhorada da experiência que o primeiro game proporciona. Dá pra ver como seus desenvolvedores melhoraram de lá pra cá, tanto em proporção de projeto quanto em experiência de fato ao criar um jogo.

Se você curte games focados em resolução de puzzles e ainda mais jogos com uma atmosfera mais medonha e cheia de suspense, pode ter em Kona II: Brume uma opção muito boa para um gênero que tem tido tão poucos títulos realmente memoráveis nos últimos anos. Porém, não espere muito dos combates por aqui, já que eles são consideravelmente imprecisos e não satisfatórios.

Kona II: Brume foi lançado no dia 18 de outubro de 2023 e está disponível para Nintendo Switch, PlayStation 5, Xbox One, PlayStation 4, PC (via Steam e Epic Games) e Xbox Series X e S.

Gilson Peres

Gilson Peres é Psicólogo, Mestre em Comunicação e aqui no Arkade fala principalmente sobre Realidade Virtual, jogos de PC e novas tecnologias desde 2019.

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