Análise Arkade: Loot River mistura Souls-like, Roguelike e… Tetris!
Com a enorme quantidade de gêneros e subgêneros de games que temos atualmente, tornou-se bem comum ver estilos sendo misturados, com muitas surpresas legais surgindo. E então, temos Loot River, que mistura alguns estilos que são até difíceis imaginar juntos.
Vamos conferir nossa análise completa deste game, que está sendo lançado hoje para PCs, Xbox One e Xbox Series X/S, com uma das mais inusitadas misturas que já vistas: Souls-Like, Roguelike e… Tetris!
Uma jornada por infinitos mundos
Em Loot River, você controla um personagem que vivia em um mundo devastado, dominado por monstros e criaturas sombrias. Um dia, enquanto explorava seu mundo, ele morrendo, mas esse não foi o fim. Uma mulher misteriosa apareceu diante dele e realizou um estranho ritual, que o tornou conectado ao poder da “relíquia”.
Graças a isso, ele se tornou imortal. Ao morrer, ele volta à vida novamente num local chamado Santuário, uma espécie de acampamento para outros que, assim como ele, foram transformados em imortais. Todos ali foram reunidos com um objetivo em comum: Salvar os infinitos mundos existentes da mesma praga que dizimou o mundo do protagonista.
Essa é a premissa que dá significado à repetição característica de um Roguelike, em que a aventura não termina, mesmo depois que você chega ao fim de sua “run”. Isso porque, após chegar ao fim e libertar um mundo, ainda existem outros mundos quase idênticos, que também precisam ser salvos. E cada novo mundo liberto dos monstros, mais segredos sobre o que está acontecendo vem a tona.
Souls-like + Roguelike + Tetris
Como, afinal, Loot River misturou Tetris em um estilo de game de ação? Parece algo muito sem sentido, não é? Pois acredite, o game faz muito sentido!
Acontece que o game possui como sua principal mecânica aquilo que lhe dá nome, o “Loot River“, que é o nome dos “mundos” que você explora. Trata-se de um local dividido em diferentes áreas, mas todas elas estando em um rio que se divide por múltiplos caminhos.
E por estar num rio, sua movimentação é feita através de “barcos”. Ou melhor dizendo, plataformas móveis. A relíquia, que te tornou imortal, também te dá o poder de poder mover as plataformas em que você está pisando. Assim, a principal forma de movimentação do game é movimentar essas plataformas para atravessar o rio, conectando uma plataforma a outra e as vezes mudando suas posições para criar um caminho para seguir.
Parece um pouco complicado de entender? Então assista abaixo um vídeo com alguns minutos de gameplay, mostrando a exploração da primeira área que o jogador visita quando inicia uma aventura, a Aldeia Afundada:
Essa mecânica de mover as plataformas é muito interessante, além de ter muito valor tático. Além de poder ser usado para atravessar os cenários, você pode usar essa mecânica estrategicamente para lidar com grupos grandes de inimigos, ou monstros muito fortes. Por exemplo, ao aproximar a plataforma em que você está de outra com inimigos, atacar, e afastar-se imediatamente para impedir um contra-ataque.
Fica a cargo do jogador decidir como usar essa mecânica a seu favor. Além disso, sendo um Roguelike, o game possui cenários gerados proceduralmente. Isso parece algo muito difícil de se fazer com um game com plataformas ao estilo Tetris, pois poderia significar a criação de um mapa impossível de atravessar. Felizmente isso não acontece. Mas é possível, apesar de não muito comum, que o game construa mapas com caminhos que não podem ser travessados ou locais com inimigos ou baús de tesouro que não podem ser acessados.
Em resumo, nenhum mapa gerado será impossível se chegar até o fim, mas é possível que alguns trechos do mapa possam ser inacessíveis. É importante citar que, mesmo com mapas gerados proceduralmente, todas as regiões possuem um “esqueleto” que não muda. Por exemplo a Aldeia Afundada, que é composta por corredores que sempre vão para a direita. A segunda área possui um formado de “cruz”, com longos corredores na horizontal e vertical. Assim, o game faz alterações moderadas nesse esqueleto, enquanto suas plataformas são sempre diferentes.
Ainda falando no lado Roguelike, Loot River possui permadeath. Ou seja, se você morrer, perde tudo o que coletou na jornada e volta pro início para tentar de novo. As únicas coisas que você não perde são armas, magias e chapéus/armaduras desbloqueados com os NPCs do Santuário.
Normalmente, com um Roguelike, ao morrer você volta ao início para aí sim gastar os recursos que coletou. Mas em Loot River, você volta ao Santuário após o fim de cada região, e é nesse momento que você gasta seus itens: Ouro, normalmente usado com comerciantes de itens para uso na run atual; e Conhecimento, usado para desbloquear as armas, magias e etc. Se você morrer no meio do caminho, perde todo o seu ouro e conhecimento. Por isso, morrer é uma mecânica muito punitiva aqui.
Já na parte do Souls-like está a mecânica de level up. Você ganha experiência ao matar monstros, que viram pontos de habilidade que aumentam seus atributos, assim como um Souls-like. Os levels também são perdidos ao morrer. O combate não é baseado em estamina, mas conta com esquiva e o parry. Se você defender um ataque na hora certa, deixa o inimigo exposto para um ataque crítico. E há ainda o uso de poções, exatamente como um Estus Flask.
Um ponto negativo do game, em minha opinião, é o gerenciamento de seu equipamento. Normalmente com Roguelikes, quando você desbloqueia algum equipamento novo, pode escolher o que usar logo no início da sua próxima run. Infelizmente em Loot River isso não acontece, pois você sempre inicia uma run com os exatos mesmos equipamentos.
É até possível contornar isso ao achar relíquias escondidas pelos cenários, seja em baús ou dropadas de inimigos. As relíquias são itens permanentes e equipáveis que alteram o game de diferentes formas, por exemplo facilitando alguma região específica, adicionando algum recurso a mais e até permitindo que seus equipamentos iniciais sejam aleatórios. Essa é a única forma de “customizar” seu equipamento antes de uma nova partida.
Apesar disso adicionar bastante variedade ao game, infelizmente não te dá liberdade de se preparar antes de sair numa nova jornada. Por exemplo, você pode desbloquear uma arma nova e ela fica disponível para você imediatamente. Mas após isso, essa arma só aparecerá novamente dependendo do RNG do game (Random Number Generator – Aquilo que gera elementos randômicos). No meu caso, por exemplo, cheguei a desbloquear armas novas que só encontrei uma única vez em várias runs seguidas, o que não é legal.
Audiovisual
Loot River possui um visual “pseudo-3D” belíssimo. O visual do game é topo pixelado e com perspectiva isométrica, com sprites e elementos 3D que parecem realmente como imagens em 2D, criando um contraste muito interessante.
E sua maior qualidade visual é a fluidez de movimentos, tanto dos personagens e monstros, quando da água, enquanto você move plataformas para avançar adiante. Os efeitos das ondas na água, refração da luz e reflexo são excelentes.
O game possui uma trilha sonora bem feita. Não chega a ser exatamente marcante, mas cria uma atmosfera bem poderosa para cada região dos mundos de Loot River. E os sons in-game, como de golpes com diferentes armas, sons feitos por inimigos, água sendo deslocada e principalmente sons de golpes acertando e inimigos sendo derrotados são especialmente bem detalhados.
Loot River possui localização em português de Portugal, o que torna bem acessível, apesar das diferenças linguísticas com o português brasileiro.
Conclusão
Loot River é um game simples, com uma ideia bastante inovadora e bem divertido. Transformar algo tão “inusitado” quanto blocos de Tetris em uma mecânica funcional e totalmente no controle do jogador é algo que torna toda a experiência realmente muito surpreendente.
Apesar disso, a falta de controle dado ao jogador sobre o gerenciamento e escolha dos equipamentos que deseja usar ao iniciar uma nova run é um ponto negativo a se considerar. Diferente por exemplo de upgrades ou evoluções de armas adquiridos aleatoriamente em outros Rogue-likes, em Loot River os equipamentos sendo fixos, a não ser que o jogador use um recurso que os tornem aleatórios, é algo que pode acabar gerando repetição num game que sempre muda a cada partida.
Fora isso, que faz com que o jogador seja obrigado a jogar com um conjunto fixo de equipamentos e dependa da aleatoriedade para conseguir os equipamentos que quer, Loot River é um game realmente muito divertido e envolvente, com muito desafio e descobertas para o jogador fazer enquanto joga.
Loot River está sendo lançado hoj, dia 3 de abril, com versões para PC, Xbox One e Xbox Series X/S.