Análise Arkade: Lost in Harmony mistura ritmo, velocidade e sentimento
Um dos jogos de ritmo mais consagrados dos smartphones chegou recentemente ao Steam e ao Nintendo Switch. Lost in Harmony usa a música para contar uma linda história, confira nossa análise!
Ritmo, música e emoção
Lost in Harmony recebeu diversos prêmios em 2016 (época de seu lançamento para smartphones), e é dirigido por Yoan Fanise, veterano da Ubisoft que parece disposto a tocar o coração dos jogadores, pois capitaneou a produção do tocante Valiant Hearts, e atualmente trabalha no promissor 11-11: Memories Retold.
O game tem duas histórias completamente diferentes, mas que se apoiam nas mesmas mecânicas de gameplay. A primeira delas, Kaito’s Adventure, é o grande destaque do jogo, e narra com muita sensibilidade a história do jovem casal Kaito e Aya. A garota tem alguma doença (câncer, provavelmente), e enquanto ela sofre pelos males da doença e pelos efeitos colaterais do tratamento, Kaito tenta animá-la com visitas e mensagens de celular.
O gameplay em si rola no que pode ser (ou não) os sonhos de Kaito. Ali, ele carrega Aya em seu skate, e eles vivem altas aventuras, embalados por uma trilha sonora absurdamente boa.
A outra campanha chama-se M.I.R.A.I.’s Escape, e acompanha a fuga de um robôzinho do laboratório de um cientista malvado. Essa “outra” campanha tem seu valor por alongar o jogo, mas no geral parece um pouco deslocada, especialmente se comparada à ótima Kaito’s Adventure.
Eu não sou um cara de “chorar” com filmes ou games, mas vou te falar que Lost in Harmony quase me arrancou lágrimas. Não vou entrar de vez nesse assunto aqui — teremos um artigo especial sobre isso em breve –, mas afirmo que apesar de minimalista e simples, a narrativa de Kaito’s Adventure é poderosa, emocionalmente falando.
Ritmo e velocidade
Independente da campanha que você resolver jogar primeiro, ambas trazem o mesmo estilo de gameplay: misturando o estilo endless runner com jogos de ritmo, logo entendemos que devemos não só apertar os botões no timing certo, como também evitar que nossos heróis sejam atropelados, e/ou colidam com obstáculos variados.
Estes dois “estilos” quase nunca rolam ao mesmo tempo, mas, mesmo assim, a transição é rápida o bastante para exigir que o jogador fique ligado o tempo todo. os próprios personagens dão pistas, apontando para cima quando a parte “apertar os botões no ritmo” estiver para começar.
Confira o gameplay de uma fase completa abaixo para entender. E, por favor, não deixe o vídeo no mudo, pois a trilha sonora é fantástica:
Esse é o gameplay básico do game: simples e funcional, mas desafiador por exigir reflexos rápidos do jogador. Não por acaso, ele funciona tanto no mobile quanto nos PCs e consoles, pois tudo pode ser feito tanto com botões quanto com comandos touchscreen.
É uma abordagem um pouco diferente da vista normalmente em jogos de ritmo, e, como fã do gênero, isso muito me agrada, pois traz algum frescor sem se render aos backgrounds pulsantes e psicodélicos típicos desse tipo de jogo. E, como já dito, o game alia isso a uma bela história, e história é algo ainda mais raro de se ver em jogos de ritmo.
Audiovisual espetacular
Se tem algo que um jogo de ritmo precisa acertar, é justamente a trilha sonora. E, cara, fazia tempo que eu não jogava um game de ritmo com músicas tão boas quanto Lost in Harmony. Ao remixar músicas clássicas e até trilhas de videogames de formas criativas, o jogo entrega uma mistura incrível, daquelas que dá vontade de curtir a playlist no Spotify.
Lost in Harmony pega músicas do naipe de Cavalgada das Valquírias, La Cucaracha, a 5ª Sinfonia de Beethoven e até o tema de Tetris acrescenta novos elementos à elas, tanto remixando e fundindo diferentes instrumentos e ritmos em uma só melodia ou “emendando” diferentes músicas para compor uma única fase.
O mais legal é que os produtores conseguiram usar música clássica sem soar pedante: muitas das canções que estão presentes aqui a gente já ouviu em desenhos antigos do Mickey ou do Pernalonga — o tema de abertura do Inspetor Bugiganga também se faz presente. Ainda é música clássica, mas de um jeitão mais “popular”, capaz de soar diferente, moderna, ainda se mantendo facilmente reconhecível.
Ouça, por exemplo o ótimo arranjo roqueiro que foi colocado na famosa William Tell Overture, que a gente conhece vulgarmente como “aquela música das corridas de cavalo dos desenhos“:
A trilha sonora inteira desse jogo é sensacional. Essa mistura que poderia se tornar um desastre em mãos menos habilidosas torna-se algo espetacular neste jogo, e, vale ressaltar, áudio e vídeo sincronizam-se perfeitamente complementando-se em uma experiência audiovisual impressionante para olhos e ouvidos.
Conclusão
Considerando que Lost in Harmony pode ser baixado de graça para iOS e Android, simplesmente não tenho motivos para não recomendá-lo. É um jogo de ritmo divertido e contagiante, que consegue aliar uma trilha sonora impecável a uma história cheia de emoção e sentimento.
Se você curte jogos de ritmo, não deixe de experimentar esse jogo. Se, além disso, você sabe que videogames podem emocionar e encantar o jogador, então, esse jogo se torna indispensável. E o melhor: nem precisa comprá-lo se não quiser, joga no smartphone que é de graça!
Talvez ele te faça chorar, pois, como na vida real, nem sempre há um final feliz por trás de uma bela história… mas o final triste não desmerece a bela jornada que nos levou até ali. E, além disso ainda tem a campanha M.I.R.A.I.’s Escape, que também é divertida!
Lost in Harmony está disponivel para iOS, Android, Steam e Nintendo Switch. O game conta com menus e legendas em português brasileiro.