Análise Arkade: Revisitando o clássico gênero dos Puzzles Isométricos com Lumo
Perspectiva isométrica é um recurso bastante usado há décadas, e que ainda é muito utilizado hoje em dia, principalmente em RPGs estratégicos e RTS, porém suas origens são lá da década de 80 e 90, na era em que os arcades e puzzles dominavam os games. E é para reviver esse gênero, combinando-o com novos elementos, que hoje temos Lumo, uma verdadeira homenagem a esse antigo gênero!
UM MAGO E UMA INFINIDADE DE PUZZLES
Lumo possui uma premissa bem minimalista. Começamos o game controlando uma criança entrando num fliperama após sair de sua escola, e que é literalmente sugada para dentro de um estranho aparelho no local, sendo transportada para um outro mundo cheio de puzzles e armadilhas. Nesse novo mundo, a criança ganha uma nova aparência, tornando-se um pequenino mago com cara de bebê com um enorme chapéu azul, um visual que lembra muito os Black Mages da série Final Fantasy.
Entramos nesse novo mundo sem nenhuma habilidade, não podemos sequer pular. Mas após atravessar algumas salas, desbloqueamos a habilidade de pulo e podemos achar o livro que nos auxiliará por todo o game. Conseguindo o livro, podemos acessar os mapas do game, que precisam ser coletados a cada área nova visitada. O game é dividido em diferentes salas, com mais de 400 salas espalhadas por todo o game.
Cada sala é única e possui um desafio, fazendo assim com que o game progrida de puzzle em puzzle em salas interligadas uma com a outra. Os puzzles se aproveitam bem da perspectiva isométrica do game, demandando movimentos precisos para não acabar morrendo. O visual isométrico torna noção de distância mais trabalhosa, pois muitas coisas que parecem longe na verdade estão perto, e vice-versa. Para contornar isso, o jogador pode inclinar levemente a câmera para a esquerda e direita e assim poder ver melhor onde cada objeto está, além de usar as sombras para sua vantagem, que ajudam a se localizar melhor no meio de tantas armadilhas.
Nosso personagem não possui nenhum tipo de ataque, mas em um ponto do game adquirimos um cajado e uma magia de luz, que espanta as aranhas inimigas e nos permite visualizar e caminhar sobre plataformas invisíveis e acessar novas áreas. Aliás o que mais tem no game são áreas secretas escondidas por todos os os lados. Essas áreas são acessadas em pontos ocultos dos cenários, por isso sempre que você ver algo que parece estranho em uma sala investigue, principalmente prateleiras altas, se você consegue subir até elas, então é porque existe uma sala secreta ali.
O game possui muitos colecionáveis diferentes espalhados em todo lugar, e se você quiser tentar entender melhor o plot do game, você deverá ir atrás de tudo. Temos patinhos de borracha convenientemente posicionados em salas com piscinas roxas mortais, em que você deve pular sobre o pato e de volta a solo firme. Você só realmente pega um patinho ao pular sobre ele e sair vivo da sala. Se você conseguir pegar um patinho, mas morrer dentro da sala, ele volta para onde estava. Temos fitas cassete muito bem escondidas nas salas secretas, moedas de ouro que servem para abrir algumas portas e as seis letras da palavra EXTEND, que são muito trabalhosas, porém divertidas de se pegar.
Para pegar essas letras, participamos de diferentes minigames bem desafiadores, a maioria envolvendo corridas de obstáculos contra o tempo, que conseguem ser muito cruéis. Um deles em especial foi muito divertido, pois rola no formado de “tiroteio de navinha” com perspectiva isométrica, cheio de naves inimigas e estruturas para destruirmos no caminho.
JOGABILIDADE, GRÁFICOS E SONS
Como já dito, Lumo possui uma jogabilidade isométrica. Ao iniciar o game, o jogador deve escolher qual estilo de jogabilidade é mais confortável para sua habilidade. Temos a jogabilidade clássica de games isométricos, em que o personagem se move na diagonal nos cenários, andando na direção nordeste ao se apertar para cima, bem como o mesmo estilo de controle invertido, com o personagem se movendo para noroeste ao se apertar cima. E temos uma jogabilidade atualizada, com os controles guiando o personagem de forma “normal”, para cima, para baixo, bem como esquerda e direita.
Nós testamos a versão de PC no game, que pode ser jogado tanto no teclado quanto usando um controle. No teclado, a movimentação pode ser feita pelas setas direcionais ou pelas teclas WASD, nas teclas os controles não são muito bons, pois o game não reconhece mais de três teclas ao mesmo tempo, o que significa que se você estiver andando em diagonal, por exemplo, não conseguirá pular. Esse erro felizmente não acontece utilizando o WASD, mas em várias momentos, ao se entrar numa sala nova, os controles se confundem todos e você anda para uma direção totalmente diferente da que queria, até que os controles voltam ao normal. Mas no geral a jogabilidade é bastante satisfatória, exigindo a perícia do jogador para não se dar mal por sua própria culpa.
A jogabilidade se torna cruel nos puzzles que envolvem gelo, que são especialmente irritantes. Como acontece em qualquer outro game de plataforma, o gelo escorrega, mas em Lumo ele escorrega demais, e conseguir se locomover e vencer os puzzles nas áreas de gelo conseguem ser muito frustrantes. Um dos desafios está em formar uma espécie de “escada” com blocos de gelo de tamanhos diferentes em uma sala, o problema é que os blocos quebram ao se tocarem qualquer coisa, fora que suas superfícies são muito escorregadias. Conseguir subir em cada bloco até a porta de saída da sala é muito difícil, e no meu caso, me exigiu tempo e paciência demais para conseguir pular sobre todos eles.
O game possui gráficos simples mas bem bonitos. A iluminação e reflexos do game são especialmente belos, bem como auxiliam indiretamente na jogabilidade, dando um melhor senso de distância graças as sombras e reflexos em águas e superfícies lisas. Na parte sonora Lumo manda muito bem. Na maioria do tempo temos músicas mais calmas tocando em cada tipo diferente de cenário, dando uma sensação de tranquilidade ao game, porém quando encontramos itens especiais, além de cenas bem engraçadas envolvendo esses itens, Lumo mostra suas excelentes músicas, que dão vontade até de deixar elas rolarem e ficar lá só escutando.
CONCLUSÃO
Lumo é um game muito divertido e desafiador, que com certeza será muito bem apreciado por jogadores da antigas, que já conhecem melhor o estilo de puzzles isométricos, além de uma enxurrada de easter eggs pra fazer até o Capitão América ficar feliz. Existem dezenas de easter eggs espalhados pelo game, muitos fazendo referência a jogos bem antigos, que muitos dos jogadores mais novos não irão entender, mas também com várias referências a games e filmes, de Pac-Man até Senhor dos Anéis.
Com várias salas diferentes com os mais diferentes tipos de puzzles, o game é perfeito tanto para uma jogatina descompromissada quanto para longos períodos de jogo, com desafios de dificuldade sempre crescente, porém acessíveis para o jogador por não demandarem muitas habilidades in-game para progredir. Se você quiser tentar um bom game de puzzles, Lumo é uma excelente pedida para você. Sem contar que o game possui menus em português brasileiro!
https://www.youtube.com/watch?v=-jiivNMsSNI
Lumo foi produzido pela Triple Eh? Ltd e pela Rising Star Games e foi lançado no dia 24 de maio para PC e Playstation 4, com versões para o Xbox One e PS Vita chegando em junho.