Análise Arkade: Madden NFL 19 mostra que dá pra se divertir com futebol americano

18 de agosto de 2018

Análise Arkade: Madden NFL 19 mostra que dá pra se divertir com futebol americano

A temporada de jogos esportivos está começando a esquentar. Dos gigantes, já tivemos o MLB The Show 2018 lançado em maio, PES 2019 está chegando, enquanto NBA 19 e FIFA 19 também estão prestes a ver a luz do dia. Ainda que menos conhecido em terras tupiniquins, Madden NFL 19 também chega com grande força e impacto como a maior franquia de futebol americano da indústria dos jogos e, lá pelos lados norte-americanos, é tão aguardado como os jogos de futebol tradicional são por aqui.

A questão é que, tal como o baseball ou mesmo o hóquei, este esporte fica muito longe de ser um esporte popular por aqui. Boa parte do mundo espera o tal do Super Bowl (que é meio que a grande final da temporada) muito mais pelos trailers de filmes e séries do intervalo — um dos espaços mais caros da TV dos EUA — do que pelo jogo em si. Nós sequer entendemos porque um esporte jogado 80% do tempo com as mãos pode ter a pachorra de se chamar football lembrando que foot = pé, ball = bola), enquanto o nosso é chamado de soccer, mas né? Vai entender os americanos…

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Futebol que não é futebol de verdade…

Indo pro que importa, Madden NFL 19 apresenta uma proposta de simulador do esporte, trazendo as licenças da principal liga, seus times e seus jogadores. Se você já ouviu falar de algum grande astro, certamente será Tom Brady (e provavelmente nem é pelas suas estatísticas como quarterback). Se já viu um ou outro jogo, também vai reconhecer alguns nomes como os running backs Le’Veon Bell e David Johnson, os tight ends Rob Gronkowski e Jordan Reed ou os os wide receivers Julio Jones e Antonio Brown (que ilustra a capa da edição 2019 do game).

Caso não conheça nem os jogadores, nem mesmo essas funções, o jogo é um pouco mais desafiador, uma vez que vai exigir um aprendizado mínimo das regras, funções e possibilidades de ação dentro de cada jogada. A boa notícia é que, sim, o game ajuda com isso. Não sou lá um grande especialista, mas posso trazer os conceitos básicos desse futebol marombado e ao menos tentar te ajudar a entender o que tem de tão especial no Touchdown tão visto no cinema, ou porque o Charlie Brown sempre quer acertar um Field Goal.

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A base é que uma partida é jogada — usando termos mais confortáveis a nós — em turnos. Há sempre um revezamento entre os times, entre quem está atacando e quem está defendendo. O princípio essencial é o de ganhar território inimigo com a bola oval. A cada jarda vencida, o time está mais próximo de superar a defesa adversária. No fim, para pontuar, é necessário ultrapassar a linha de fundo — o que corresponde à jogada de maior pontuação, o famoso Touchdown — ou acertar um belo chute por entre as trave em formato de Y, o tal Field Goal.

Ao time que está defendendo, cabe a necessidade de barrar esse avanço, forçando o erro adversário, seja recuperando a bola em lançamentos ou bloqueando quem a está carregando. Há uma quantidade de tentativas possíveis para recuperar a posse de bola e tudo mais, mas não vou entrar em mais detalhes para não deixar essa análise muito longa e perder um pouco o foco. Alguns modos do jogo são bem generosos em detalhar esse sistema e são obrigatórios para quem está começando.

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Ainda que seja um game dedicado aos fãs da modalidade, os novatos também podem encontrar formas de aproveitar o Madden NLF 19. Há duas configurações principais que vão desde o mais simplificado e fácil sistema de jogo até a busca por uma simulação altamente detalhada. Uma delas tem a ver diretamente com a dificuldade — que pode ser irritante nos níveis mais altos uma vez que a defesa adversária é implacável e o ataque é devastador em defesas menos preparadas — e a outra que varia entre um arcade mais descompromissado e uma simulação mais precisa.

Além disso, é possível, em alguns modos, focar somente em jogadas de ataque ou de defesa. Então se alguém não gosta muito de ficar segurando o adversário e quer delegar isso para a IA, ou prefere que as jogadas de ataque do seu time sejam controladas pelo computador, pode optar por uma coisa ou outra. Mas a experiência completa, óbvio, busca o equilíbrio entre ambos. Vai depender da vontade do jogador e do que ele espera com o game em seus diferentes modos (dos quais falaremos logo mais).

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Assim, no game, a cada intervalo entre uma jogada e outra, é possível — e, pra ser sincero, necessário — escolher a estratégia, seja para o ataque, seja para a defesa. Os esquemas parecem aqueles desenhos de pranchetas que vemos em qualquer esporte e, no começo, parecem não fazer muito sentido. Felizmente, algumas partidas depois e já estamos bem acostumados com os movimentos. Um pouco mais de dedicação e até as cores começam a fazer diferença.

Uma vez decidida a jogada, é necessário saber aplicá-la. Na defesa, é importante tentar ler o adversário e antecipar suas principais jogadas e suas forças, o que é bastante complicado, sobretudo no princípio. Identificar padrões é algo que demora um pouco contra a CPU, que sabe se apropriar de cada uma das possibilidades programadas. É mais fácil entender adversários humanos, que com o tempo deixam suas preferências mais evidentes.

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No ataque, porém, é necessário que se aprenda variações para não ser antecipado. Claro que a ideia é sempre chegar o mais longe possível, mas nem sempre movimentos retos são os mais indicados, até por serem mais fáceis de serem marcados e antecipados. Correr com a bola é uma possibilidade quase sempre, mas também pode ser uma jogada arriscada, já que se for marcada, significa um avanço mínimo ou até um retrocesso na conquista do território inimigo. A estratégia prévia é, aqui, tão ou mais importante que a capacidade de movimento e a precisão de lançamentos.

Falando nos modos de jogo…

Os veteranos de jogos esportivos, como FIFA, PES e MLB vão encontrar aqui opções muito similares para se especializar em um ou outro sistema. Há os eternos modos com partidas amistosas e independentes, bem como os indispensáveis tutoriais; a carreira enquanto treinador e gestor — aqui intitulado Franchise</em — o modo história que, ao que tudo indica, é uma tendência nos games de esportes da desenvolvedora, chamado de Longshot (que este ano continua os eventos da edição 18 de Madden) e o lucrativo e viciante Ultimate Team.

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Enquanto o primeiro é daqueles feitos para dias despretensiosos, o segundo ganha ótimas funcionalidades de administração de um time durante uma temporada completa, com contratação de jogadores, ganho de experiência como treinador, ajustes e melhorias no elenco, customização de jogadas e estratégias e, claro, a busca pelo título mais desejado por esses grandalhões. Nesse caso, é possível ir das longas partidas completas — que podem durar longos 60 minutos — às jogadas-chave do jogo ou, como dito antes, escolher entre só atacar ou só defender.

Já o modo Longshot acompanha dois promissores novatos enfrentando problemas pessoais e profissionais na busca pelo sonhado estrelato. É um modo interessante, com bom roteiro, mas que permite pouco poder de interação e decisão, relegando ao jogador viver jogadas específicas, como o último ponto de uma partida antiga ou o lançamento no treino que garantirá ao novato uma vaga no time principal. É algo ainda novo nesse gênero, mas que poderia buscar mais inspiração em outras narrativas interativas para dar mais decisão para formação de personalidade, por exemplo.

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Por sua vez, o tal Madden Ultimate Team tem sido, ao longo dos últimos anos, o modo com maior investimento a longo prazo da desenvolvedora, uma vez que garante uma fidelização dos jogadores, que investem bastante tempo e, muitas vezes, dinheiro para melhorar seu time e assim se preparar para desafios online ou offline. É sobretudo um sistema de construção e gestão de um time único com cards de jogadores atuais e até lendas do esporte para disputa de torneios e desafios que garantem retorno a quem sabe lidar bem com sua monetização e com os bastidores de gestão de elenco.

Como um todo, Madden NFL 19 garante muitas horas nessas diferentes opções, adaptando-se a jogadores dos mais casuais aos dedicados, o que não deixa de ser, obviamente, uma característica bem-vinda a todo tipo de jogo, mas que aqui encontra especial destaque por ser, a princípio, um game tão focado em nicho e que poderia facilmente ignorar outros públicos. Ainda que não tenha nem mesmo textos em outro idioma que não o inglês, o jogo acaba sendo amigável e conquistando quem lhe dá uma chance.

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Um show audiovisual, mas sem um diferencial

Nos tempos atuais, é quase que uma constante elogiar a construção estética de jogos de esporte. Gramados que beiram a perfeição, torcida empolgada, sistema de câmeras dinâmico e pautado em transmissões de TV, reconstrução fidedigna de estádios, etc. já são parte indissociável destes games, sobretudo os de característica mais realista. Assim como é um clichê também esperar um pouco mais de vida nas versões digitais de jogadores reais e nem sempre encontrá-la. Se olhar de perto, não dá para deixar de lado a eterna sensação do um boneco articulado.

Não que isso seja um problema, longe disso. Madden NFL 19 é o mais bem acabado em todos os aspectos da franquia e, mesmo comparado a jogos similares, não deve nada a nenhum deles, inclusive por se focar em apenas uma liga e, consequentemente, ter menos times e jogadores para moldar. Assim, fotos, estatísticas, textura de pele e tudo mais está lá, bem resolvido, e a estranheza é muito menor do que em outras franquias porque, no final das contas, os jogadores ficam quase todo o tempo com os capacetes.

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Enquanto isso, as animações e movimentos, potencializados pela tecnologia Real Player Motion implementada pela EA nesta edição, estão mais naturais do que em edições anteriores, deixando algumas jogadas um pouquinho mais lentas, mas também mais críveis. As fintas de corpo, a aceleração e os enfrentamentos entre os jogadores estão bem divertidos, e as vezes o jogador pode se ver perdendo um lançamento ao prestar atenção, por uma fração de segundo, nos companheiros e adversários NPCs se digladiando.

A trilha musical também é correta, remetendo ao espetáculo que os norte-americanos sabem fazer com suas ligas profissionais. A torcida é daquelas mais genéricas, mas felizmente já vencemos a fase do borrão colorido de outrora. Os movimentos de câmera são bem interessantes, ainda que as vezes se percam um pouco, principalmente quando se joga na defesa e seu jogador fica fora de quadro, obrigando correções e ajustes manuais.

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Dá pra notar um ou outro bug em quedas e impactos algo que sempre rende gifs e compilações engraçadas pela internet), ou em gritos deslocados da torcida, mas nada que comprometa a qualidade geral. As comemorações, principalmente no momento ápice de um jogo, são um show a parte, com coreografias caprichadas e que funcionam não só como provocação, mas também estão dentro do contexto da dinâmica em turnos do esporte. Dá muito menos vontade de pular essas animações do que em games de futebol, por exemplo.

É, de uma forma geral, um jogo muito bem acabado em termos sonoros e visuais, mas que também não se destaca em questões de estilo. Um realismo quase obrigatório para a atual geração de consoles (e também dos PCs, uma vez que o game volta a ter versão para essa plataforma depois de alguns anos) que não apresenta nada de realmente novo que não uma evolução e um refinamento sofisticado, tornando esse o jogo mais bonito da franquia.

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Conclusão

Madden NFL 19 é, sem dúvidas, o melhor jogo de futebol americano já feito, algo esperado pelas constantes melhorias feitas em cima de um sistema bem sedimentado. Possui uma jogabilidade muito ajustada e que se adapta bem aos diferentes públicos, com sistemas didáticos e níveis de complexidade interessantes para um esporte de confronto e de muita estratégia, enquanto o visual é adequado e bem trabalhado, mesmo sem grandes inovações dentro do gênero.

Para nós, brasileiros, há uma série de fatores a serem considerados, mas aqueles que apreciam um esporte diferente do nosso tão tradicional futebol, ou mesmo que procuram um sistema de jogo diferenciado podem se divertir — e muito — experimentando o futebol gringo, especialmente se já tiverem visto alguns jogos ou tiverem uma noção básica da NFL.

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Obviamente melhorias serão feitas para justificar as inevitáveis próximas edições anuais, mas certamente o que temos aqui é o auge até então desse esporte em sua versão digital. Talvez não seja tão inovador, sobretudo para quem já acompanha a franquia, mas esta também é uma característica comum dos jogos anuais.

Quem sabe para edição 2020 não podemos esperar uma atenção maior ao português brasileiro, para tornar a experiência do football mais inclusiva no país do futebol?

Madden NFL 19 foi lançado em 10 de agosto, e está disponível para PC, Playstation 4 e XBox One.

Paulo Roberto Montanaro

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