Análise Arkade – Mario & Luigi: Brothership, um RPG cheio de carisma e fraternidade
Praticamente um ano após lançar o remake d clássico Super Mario RPG, a Nintendo traz uma aventura inédita dos irmãos bigodudos para integrar a série Mario & Luigi. Antes tarde do que nunca, esta é nossa análise Mario & Luigi: Brothership!
Uma história “eletrizante”
Como alguém que não teve a maior parte das plataformas da Nintendo –tanto consoles de mesa quanto portáteis –, meu contato com esse lado RPG da carreira do Mario é bastante limitado. De fato, só fui jogar Super Mario RPG no remake do Switch.
Dito isso, eu não sei exatamente quão viajadas e malucas são as histórias dos outros RPGs do Mario. Mas Mario & Luigi: Brothership tem uma história maluca. Ou melhor, conta uma história clichê de salvação e poder da amizade, mas se passa em um mundo maluco.
O game leva os irmãos para o continente de Elétria, um lugar povoado por um povo com cabeça de tomada (?!) que está tendo problemas: a Arbolux, árvore que mantinha o mundo conectado, foi destruída, Com isso, partes do continente se separaram, tornando-se ilhas à deriva.
Depois de fazerem amizade com alguns habitantes de Elétria, Mario e Luigi fazem um acordo: vão ajudar a reconectar as ilhas e restabelecer a Arbolux à sua glória original e, em troca, vão receber uma mãozinha para retornar ao bom e velho Reino do Cogumelo.
Um detalhe interessante é que o jogo tem um lado náutico: como as partes do mundo tornaram-se ilhas, vamos explorar o mapa navegando. Porém, não vamos usar um simples barco, mas uma enorme ilha, que tem a forma de uma embarcação, e vai ser nosso principal meio de transporte.
Exploração e puzzles em Mario & Luigi: Brothership
A exploração dessas ilhas derivantes é o cerne do jogo. Cada uma delas deve ser visitada e reconectada de um jeito, o que inclui exploração, resolução de puzzles e, claro, combates. Conforme reconectamos as ilhas, os moradores vão retornar ao continente principal e nos pedir coisas, o que abre sidequests que convidam o jogador a reexplorar ilhas já visitadas.
Em tudo o que há para se fazer no game, o trocadilho “Brothership” do título não é por acaso. Temos a questão do barco (ship), claro, mas a verdade é que o companheirismo dos irmãos Mario e Luigi é o que realmente transforma a experiência de jogo.
Controlamos diretamente apenas o Mario, mas Luigi está o tempo todo seguindo o irmão. Há um botão de pulo/comando para cada um, algo essencial para ativar mecanismos que precisam de interação simultânea, por exemplo.
Além disso, o mundo está cheio de puzzles e elementos interagíveis que dependem do trabalho conjunto da dupla para serem operados. Desde gangorras e alavancas, até mecanismos ainda mais malucos, que vão exigir habilidades no mínimo peculiares, este é um RPG single player com espírito cooperativo.
E, ainda que Mario seja o protagonista, Luigi rouba a cena em diversos momentos com suas “Luigideias“. Ao se deparar com certos desafios, Luigi pode e ter um insight mirabolante para resolver a situação — representado por um ! verde.
Mario por turnos
O sistema de combate de Mario & Luigi: Brothership mantém a essência dos RPGs anteriores, ou seja: é um combate por turnos, mas que exige que o jogador não apenas selecione comandos por menus, mas também aperte os botões certos na hora certa para potencializar seus ataques ou minimizar os danos sofridos.
Novamente, Mario e Luigi têm botões de ação específicos, e vão se ajudar para atacar os inimigos. Conforme ganhamos novas habilidades, os QTEs de batalha tornam-se mais importantes, especialmente contra grupos ou inimigos muito poderosos.
Entre as novidades, estão os Plugues de Batalha e as Ações Bros. Os Plugues oferecem buffs e habilidades únicas que tornam as batalhas mais estratégicas e dinâmicas. Já as Ações Bros são habilidades especiais que se apresentam na forma de mini-games (dentro e fora de batalha) e desencadeiam poderes únicos, poderosos (e malucos, tipo virar um OVNI).
Essas adições são bem-vindas e sem dúvidas ajudam a tornar a jogatina mais dinâmica. Porém, estamos falando de um jogo longo — que passa das 40 horas. Deste modo, é inevitável que as coisas acabem tornando-se repetitivas com o tempo. Um recurso de acelerar a velocidade dos combates (como vemos em relançamentos de jogos clássicos) sem dúvida viria a calhar.
O audiovisual de Mario & Luigi: Brothership
Mario & Luigi: Brothership não tem o orçamento de um legítimo Triple A da Nintendo — de fato, ele nem foi produzido pela Nintendo, mas pela Acquire. Mas, isso não quer dizer que ele não possui o charme e o capricho que se espera de um jogo com “Mario” no nome.
O visual 3D com uma pitada de cel shaded é charmoso, e os personagens são muito expressivos e carismáticos. As ilhas são exuberantes, com uma paleta de cores vibrante e muitas variações de biomas. As animações de combate, por mais repetitivas que sejam, são dinâmicas e possuem bastante impacto.
A trilha sonora é extremamente variada, e combina perfeitamente com a vibe aventureira do game. Ainda que não haja vozes, os personagens soltam muitas interjeições — e o sotaque italiano dos resmungos de Mario e Luigi são muito simpáticos.
Vale ressaltar que este é mais um exclusivo da Nintendo que chega 100% em português brasileiro. E, novamente, o trabalho de localização é de excelente qualidade, com piadas, termos e trocadilhos muito bem adaptados para o nosso idioma. Demorou, mas a Nintendo pegou o jeito de agradar o gamer brasileiro!
Para não dizer que tudo são flores, é fato que o hardware do Nintendo Switch já está pedindo arrego. É praticamente um milagre o que ele é capaz de fazer em jogos como Zelda Tears of the Kingdom e, aqui, embora segure a onda na maior parte do tempo, o console dá umas engasgadas em momentos críticos, especialmente nas batalhas mais intensas e em algumas cutscenes.
Não é nada que chegue a arruinar a experiência, mas como o timing é essencial para fortalecer os ataques, é meio frustrante a gente acabar errando o timing de uma ação por conta de um engasgo do console.
Conclusão
Mario & Luigi: Brothership é uma adição digna de uma série que talvez não seja tão conhecida como os jogos de plataforma do encanador. Ao combinar humor e criatividade com combates estratégicos e puzzles simples, mas inteligentes, o jogo cria uma experiência muito coesa, repleta de bons momentos e boas surpresas.
Sinto que o jogo se alonga um pouco demais — nem todo RPG precisa durar 50 e poucas horas –, e o excesso de combates inevitavelmente se torna cansativo, mas acho que isso é algo que pode ser dito de praticamente qualquer outro RPG por turnos já lançado — pelo menos aqui não temos encontros aleatórios!
Apesar disso, o saldo final é super positivo. Mario & Luigi personificam o velho ditado “a união faz a força” de um jeito extremamente carismático, e a “irmandade” dos irmãos sem dúvida sustenta a experiência e é capaz de cativar tanto fãs antigos quanto novos jogadores.
Mario & Luigi: Brothership está disponível exclusivamente para Nintendo Switch. O jogo possui menus e legendas em português brasileiro.