Análise Arkade: Mario Vs. Donkey Kong, um clássico do GBA ampliado e melhorado

21 de fevereiro de 2024
Análise Arkade: Mario Vs. Donkey Kong, um clássico do GBA ampliado e melhorado

A rivalidade entre Mario e Donkey Kong está de volta! 20 anos após o Mario Vs. Donkey Kong original de Game Boy Advance, a Nintendo lança um remake caprichado e melhorado para o Nintendo Switch!

Em busca dos brinquedos

Depois de passar anos resgatando a princesa, temos aqui o bigodudo mais famoso do mundo dos games em uma missão bem mais… prosaica: recuperar brinquedos.

O que começa a treta entre o homem e o gorila é o seguinte: nosso amigo Kong ficou fascinado por simpáticos bonequinhos do Mario… mas quando quis comprá-los, deu de cara com estoques vazios.

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Frustrado, ele resolve apelar, invadindo a fábrica dos brinquedos e roubando dezenas de brinquedos. Claro que o Mario não vai deixar isso barato, e aí começa uma divertida perseguição, que se alonga por mais de 130 fases, ambientadas em diversos mundos temáticos — 2 deles novos, exclusivos do remake.

Não é assim uma grande história, mas convenhamos que a narrativa não costuma ser o mais importante em um jogo do Mario. O lance é termos um gancho, uma motivação que justifique a ação. E isso o jogo entrega.

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Ao longo da experiência, porém, a narrativa é um mero pano de fundo que alimenta a rivalidade da dupla. O que importa é o gameplay. E nisso, Mario Vs. Donkey Kong brilha, ainda que ele não seja bem o que estamos acostumados.

Mais puzzle do que plataforma

Em uma primeira olhada, Mario Vs. Donkey Kong pode parecer um típico jogo 2.5D do Mario. Porém, ele na verdade é um puzzle game “disfarçado” de jogo de plataforma. Talvez isso não seja novidade para muita gente, mas eu não joguei o original de Game Boy, e tinha bem pouco conhecimento prévio sobre o jogo.

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Quando se fala em “mais de 130 fases”, pode parecer um absurdo… mas a verdade é que as fases são bem curtinhas — muitas delas mal duram 2 minutos, e resolvem-se em apenas uma tela.

Na prática, cada fase é um puzzle auto-contido. Nosso trabalho é conseguir levar o Mario até uma chave que destranca uma porta, para que ele possa recuperar um bonequinho. Também temos algumas fases do tipo Lemmings — onde devemos guiar os brinquedos até um baú — e, ao final de cada mundo, um confronto contra o chefão Kong.

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Os puzzles não são realmente complexos, mas no geral são criativos e bons para exercitar o cérebro. No geral, eles envolvem sabermos utilizar a movimentação do Mario em conjunto com elementos do cenário para superar os obstáculos e alcançar nossos objetivos.

E eu falo de “saber utilizar a movimentação” porque aqui o Mario tem algumas habilidades bem pouco comuns. Por exemplo, ele pode “plantar bananeira” (andar apoiado nas mãos), e isso tem mais de uma utilidade. Outra coisa nem tão usual que podemos fazer é pegar, carregar e arremessar os inimigos — podemos até jogá-los em espinhos e usá-los como plataformas!

Novos mundos, novos puzzles

Embora eu não tenha experimentado o jogo original, fiquei sabendo que os dois novos mundos — MERRY MINI-LAND e SLIPPERY SUMMIT — estão entre os melhores momentos deste remake. E, considerando a qualidade de seus puzzles e do level design em si, acho que eles se destacam justamente por acrescentarem novos ingredientes à receita.

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É nessas novos mundos que boas novidades são introduzidas, como os cubos de teleporte, por exemplo. Quando ativados, Mario entra em um cubo e sai em outro, de cor igual. É uma mecânica simples, mas que abre muitas possibilidades — e os level designers tiram proveito disso, com puzzles bem sacados envolvendo teleportes, paredes e plataformas que aparecem e desaparecem mediante a utilização de botões espalhados pelo cenário.

Confira um rápido exemplo no vídeo abaixo:

Mesmo o mundo de gelo, que poderia ser pentelho com seus pisos escorregadios, consegue transformar isso em um recurso útil: podemos, por exemplo, deixar objetos de interesse deslizarem pelo gelo por espaços apertados nos quais o Mario não pode passar.

Citei apenas dois exemplos, mas a verdade é que Mario Vs. Donkey Kong consegue ser muito criativo, mesmo com seus puzzles curtos. E faz isso sem ser complexo demais, “cabeçudo” demais, e sempre oferecendo ao jogador as ferramentas que ele precisa para progredir.

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Claro que existem as fases extras mais cabelulas, com desafios pensados para um público mais exigente, mas o jogador casual tem espaço para se sentir esperto. De fato, a dificuldade “casual” é super convidativa, pois tira o limite de tempo e adiciona checkpoints para tornar a experiência ainda mais acessível.

E já que falamos em acessibilidade, neste remake, o jogo recebeu um inédito modo cooperativo local, onde até 2 jogadores podem desbravar o game juntos, na mesma tela. Um controla o Mario, outro assume a vez de um Toad.

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Confesso que não tive tempo de testar este modo, mas li por aí que a presença de um segundo jogador facilita até demais o game, uma vez que “quebra” a solução que seria necessária jogando sozinho.

Audiovisual

Tal qual o recente Super Mario RPG, Mario Vs. Donkey Kong é um remake que recebeu um upgrade audiovisual completo, digno de ostentar o “selo de qualidade Nintendo” que a empresa dedica aos seus principais lançamentos.

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Os gráficos foram totalmente refeitos, e estão mais bonitos e coloridos do que nunca, com ótimas animações e grande variedade de cenários. É até compreensível que o Kong tenha roubado os bonequinhos do Mario, pois eles são muito fofinhos!

O departamento sonoro também se destaca, com melodias simples, mas grudentas, que fogem da vibe atual dos jogos do Mario (com seus corais e momentos acapella), mas combinam com a proposta de um jogo menor, focado em fases curtas. Não há muitas falas aqui, mas o sucessor do lendário Charles Martinet mais uma vez faz um ótimo trabalho ao dar voz ao personagem.

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Infelizmente, Mario Vs. Donkey Kong faz parte daquela safra de exclusivos que não recebeu localização para o português brasileiro. Mas, salvo pelos tutoriais das primeiras fases, quase nem há o que ler por aqui, então a barreira do idioma não é tão problemática. Dito isso, seria ótimo que a Nintendo adotasse por padrão traduzir seus jogos, sejam eles grandes ou pequenos.

Conclusão

Mario Vs. Donkey Kong é um jogo simples em sua essência, mas criativo e muito bem executado. Uma pérola do Game Boy Advance que retorna, ampliada, melhorada e mais bonita do que nunca, para (re)apresentar um lado nem tão conhecido do Mario para toda uma nova geração de fãs.

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Talvez ele não tenha a relevância de Super Mario Odyssey ou Super Mario Wonder para a biblioteca do console — até por ser um remake de um jogo mais de nicho –, mas em termos de qualidade (e diversão) nao fica devendo nada aos demais títulos do mascote.

Um remake feito do jeito certo, que expande o conteúdo original com o capricho que é padrão da Nintendo. Altamente recomendável para quem curte puzzle games, ou (como eu) nem era familiarizado com esse lado puzzle-plataforma da carreira de um dos personagens mais queridos dos videogames.

Mario Vs. Donkey Kong está disponível exclusivamente para Nintendo Switch. O jogo possui menus e legendas em inglês.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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