Análise Arkade: Micro Machines: World Series e a volta das corridas de carrinho
Nos anos 90, era possível brincar de carrinho de duas maneiras: com os próprios brinquedos, vendidos de vários tamanhos e formas, e em um videogame, com a série Micro Machines, que desde 1991 são colocados para correr em diversos cenários “caseiros”, como uma cozinha, a mesa da sala de estar, entre outras coisas.
Pois bem, o tempo passou, e eu sofri calado, e a Codemasters decidiu que era possível sim trazer a sua série de corridas com carrinhos de volta, apostando em algumas iniciativas, como parceria com a Nerf e a inclusão de vários modos online, em cenários coloridos e com vários carrinhos à disposição. Mas será que é legal voltar a ser criança e correr com estes brinquedos na pista de Micro Machines: World Series?
É óbvio que, quem curtia o jogo desde os seus primórdios, vai tomar um banho de nostalgia, já que em suas mecânicas básicas, nada mudou: a câmera segue do alto, o controle dos carrinhos segue de forma isométrica, como em Rock’n Roll Racing e os cenários são os mesmos, com as devidas evoluções gráficas. O espírito “Toy Story”, que faz com que brinquedos ganhe vida é bem notório aqui, nos dando mais a impressão de que estamos guiando um carro com vida própria, do que um possante com o piloto dentro.
Para atrair mais pessoas, incluindo novos jogadores, o jogo sofreu algumas mudanças em seus modos de jogo, focando mais no online. É possível jogar corridas tradicionais, correr por eliminação, ou, o mais interessante, andar por uma arena pronto para destruir os carros de seus adversários, coisa que a gente fazia bastante quando criança. Para manter o online atraente, existe um sistema de progressão, de classes e até de recompensas e, dentro das corridas, assim como em Mario Kart, também é possível obter alguns elementos para atrapalhar seus adversários, que também podem ser incomodados sendo empurrados para fora da pista.
O modo Battle é bem legal de se jogar, com uma espécie de brincadeira de “pega-pega” em que dois times com três membros (eSport?), e por aqui, temos os melhores lampejos criativos do jogo, com a opção até de se usar um especial para seu carrinho. Correndo com o carro policial, por exemplo, ao acionar o especial, um helicóptero de polícia te ajuda em uma perseguição, descendo bala no adversário que é o alvo da vez. Já os modos de corrida também são bem interessantes, mas não conseguem ser algo firme como o modo de combate. É preciso que o jogador decida o que fazer com as disputas: correr direito para disparar na frente, sair empurrando todo mundo para os cantos da pista, ou ainda dar uma de Mario e só ficar atacando (ou se defendendo) com os itens. Nos jogos que joguei, geralmente quem ignora o combate e só guia seu carrinho acaba tendo maior vantagem.
A variedade de carros está na medida, com doze carrinhos que claramente contam com opções diferenciadas de ataque e defesa, entre eles, carros de polícia, ambulância, tanques de guerra e tratores, que ajudam um pouco a tocar o terror nas pequenas pistas do game, seja no modo de batalha, ou nas corridas. Corridas estas, aliás, que são bem parecidas com as de antigamente, somando, claro, a questão competitiva que o online obriga a inserir mais elementos na jogabilidade, mas, de resto, é o mesmo Micro Machines de sempre. Pena que as armas e os power-ups são pouco criativos e não ajudam a compor o espírito do jogo, ás vezes até atrapalhando você.
E, falando em mais do mesmo, o visual do jogo segue a mesma cartilha, mas com as devidas evoluções, que deixam as pistas mais detalhadas, coloridas e completas. Temos itens referenetes ao cenário espalhados por todo o canto (papéis em um escritório, bolas de bilhar em uma mesa do jogo, copos em uma cozinha e por aí vai…) que, ás vezes, até invadem a pista para atrapalhar os corredores. Tudo, visualmente falando, é bem rico em detalhes e denuncia um capricho com um jogo que poderia não contar com toda esta atenção.
Mais do que uma continuação, a Codemasters trouxe o seu Micro Machines para a nova geração trazendo elementos de nova geração. Seus recursos online (que dependem de mais jogadores, pois ás vezes há alguma dificuldade em se montar um grupo para jogar) são bem interessantes e o modo batalha é um convite para o caos. Mas é tudo bem simples como a série sempre foi, levando um gameplay direto e reto em uma proposta fácil de assimilar. Talvez pareça velho para novas gerações de jogadores, mas com certeza vale a tentativa para quem nunca curtiu um jogo da franquia e, para os veteranos, temos uma competente versão que, embora só ofereça de novidade os recursos online, continua sendo divertida e interessante.
Micro Machines: World Series está disponível para Playstation 4, Xbox One e PC.
Junior Candido é editor do Arkade e você pode seguí-lo no Twitter.