Conhecemos o micro:bit, dispositivo que ensina crianças a programar
O mundo da programação nunca ficou tão interessante, com a Internet das coisas convidando desenvolvedores a criarem novos e práticos usos para coisas que já existem, como uma geladeira que pode ser controlada remotamente, ou um automóvel que envia em tempo real coordenadas para uma central de emergência após um acidente.
Mas como gerar interesse nas crianças, para que elas escolham o caminho da programação? Uma das soluções foi lançada pela BBC em 2016: o micro:bit, que em uma primeira olhada, tem cara de ser mais um concorrente do Arduino, mas não é. O objetivo deste mini-computador é despertar o interesse das crianças na programação, fazendo que elas, já dominando o dispositivo, possam partir para os dispositivos disponíveis no mercado, ampliando ainda mais sua capacidade de aprendizado.
O micro:bit tem apenas 4×5 cm, mas vem recheado de recursos: ele vem com um processador ARM de 32 bits com baixo consumo de energia, uma bateria movida a pilhas que é colocada no conector específico, ao lado do botão de reset e da porta micro-USB, e ainda conta com acelerômetro, bússola, Bluetooth, dois botões programáveis para realizar, um painel de LED monocromático em vermelho, e ainda traz cinco conexões I/O. Ou seja, o dispositivo é pequeno, mas poderoso.
Dá pra conferir mais do poder do pequeno aparelho ao ligá-lo ao computador. Como o software de programação é online, qualquer computador, com qualquer Sistema Operacional, com conexão à Internet e porta USB é suficiente para começar a mexer no aparelhinho. Na tela, aparece um micro:bit virtual para as prévias, o botão de download, para baixar a configuração, que é levada até a memória do dispositivo pelo gerenciador de arquivos, as opções de programação, que partem do básico ao avançado, e a área de ajuste, que pode ser feita em blocos que são arrastados e encaixados nas funções desejadas, ou em JavaScript, para quem domina melhor a programação.
A partir daí, as opções são as seguintes: a Básica, com instruções que vão de mostrar uma figura no painel de LED, ou um texto, mostrando para o micro:bit se você quer que os comandos aconteçam ao ligar o dispositivo, e se aparecerão só uma vez ou ficarão sempre sendo exibidos. Já o Input faz com que as ações sejam executadas ao apertar um dos botões do aparelho, ao chacoalhá-lo, ou em uma mudança de direção, usando a bússola, ou mesmo ao variar a temperatura, o que já faz com que ele possa comandar dispositivos que possam esquentar ou esfriar, entendendo, claro, das questões de segurança com estas coisas.
A função Música comanda os aspectos sonoros do dispositivo, o LED comanda o painelzinho, e o Radio, um dos mais interessantes, permite que você possa enviar e receber informações entre outros micro:bit. O Loops lida com as repetições da programação, enquanto a Logic trabalha com, obviamente, a lógica do dispositivo. A Variable permite variações no aparelho, e por fim a Math garante que o aparelhinho faça cálculos matemáticos, com um recurso até de “verdadeiro ou falso”.
Já as funções avançadas permitem até criar joguinhos simples. Com o formato da tela, já consegui imaginar um jogo como Pong e, mesmo sem saber como programar isso, um Tetris mais limitado. Como é fácil perceber logo de cara, a interface é bem simples, fácil de utilizar no recurso de blocos, que significa que é só arrastar as opções e as ações para que as funções sejam programadas. Porém, mesmo quem nunca programou na vida, percebe como as opções são muitas.
Só pensando livremente aqui, sem muita noção de como fazê-lo, pensei em algumas coisas: um jogo de perguntas e resposta com duas opções nos dois botões programáveis, no qual a resposta correta seria apresentada com um ícone de certo, enquanto a errada mostraria um X; criar um simples pedra, papel e tesoura, com a programação mostrando quem ganhou a disputa; um relógio que, adaptando uma pulseira, permite um cronômetro, entre outras atividades. O micro:bit é bem simples, se comparado com outros dispositivos, mas seus recursos são muitos, o que faz com que as crianças queiram sempre ir mais a fundo na pesquisa e no desenvolvimento, para saber até onde podem chegar. Com a instrução de um bom professor, o céu é o limite.
Brincar com o micro:bit serviu para mostrar como programar não é um monstro tão mal assim. É claro que quanto mais dominamos a programação, mais e melhores coisas, softwares ou projetos podemos fazer, porém a facilidade do micro:bit serve, de fato, para iniciar uma curva de aprendizado para as crianças, e outros interessados em entrar neste universo, deixando para seus usuários o que é mais importante neste sentido: a imaginação. Pensar em problemas e como resolvê-los é o que faz com que novos conceitos sejam lançados e vendidos, e, quanto mais você pensar neste sentido, mais coisa legal será possível programar, seja no micro:bit, ou em qualquer outro dispositivo do gênero.
Por hora, o micro:bit só está disponível no Brasil para instituições de ensino, sem vendas no varejo. Você pode conhecer mais sobre o mini-computador e seu projeto no site da Positivo.