Análise Arkade: Mika and the Witch’s Mountain e os desafios de uma bruxinha entregadora

11 de setembro de 2024
Análise Arkade: Mika and the Witch’s Mountain e os desafios de uma bruxinha entregadora

Você já assistiu ao clássico O Serviço de Entregas da Kiki, do Studio Ghibli? Pois, se a ideia do filme — uma bruxinha que entrega encomendas voando com sua vassoura — lhe agrada, Mika and the Witch’s Mountain é o jogo que você estava esperando!

Eu mesmo fui cativado pela premissa e pelo carisma que o jogo mostrava em seus trailers. Eu esperava que Mika and the Witch’s Mountain seguisse uma linha meio A Hat in Time, sabe? Homenageando um nicho muito específico dos jogos de plataforma 3D.

E assim… ainda que isso até seja verdade, e o jogo seja muito carismático… minha experiência com o controle na mão acabou sendo meio chata. Mas calma, que logo a gente fala mais disso: antes, vamos à sinopse!

A bruxinha entregadora

Mika and the Witch’s Mountain nos apresenta à Mika, jovem aspirante à bruxa que estava passando por seu treinamento para se tornar uma “bruxa de verdade” na Montanha da Bruxa. Porém, ela acaba despencando da montanha para a ilha que fica lá embaixo, e vai precisar dar um jeito de voltar lá para cima.

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O problema é que sua vassoura, além de danificada pela queda, não é potente o suficiente para levá-la de volta ao topo. Se quiser voltar para lá, ela precisará comprar uma vassoura nova e melhor.

E como ela consegue o dinheiro para isso? Arrumando um bico como entregadora e prestando serviço para o povo que vive na ilha.

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Apesar da simplicidade da trama, o jogo ganha pontos simplesmente por ser fofinho e carismático. Mika é uma protagonista muito enérgica e “good vibes”, e quase todo NPC tem algo simpático ou divertido para nos dizer.

Simulador de entregas

O cerne de Mika and the Witch’s Mountain é o trabalho de entregas. Vamos coletar um item no ponto A e levar ao ponto B. Chegando lá, provavelmente vamos receber outra encomenda, que deve ser levada ao ponto C. Aí voltamos para a central, pegamos novos pacotes para entregar, e assim sucessivamente.

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A premissa de “garoto de recados” é algo que não me apetece muito em videogames. Missões secundárias tipo “perdi minha frigideira, me ajude a encontrá-la” são, na minha opinião, o ápice da falta de criatividade narrativa em um jogo.

Dito isso, embarquei em Mika and the Witch’s Mountain esperando um jogo de plataforma 3D divertido. Mas ele é essencialmente um “Delivery Simulator”… com a diferença de que, aqui, fazemos as entregas voando em uma vassoura.

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Admito que isso talvez tenha me deixado meio de má vontade com o jogo. Mas, independente disso, sinto que um jogo que se apoia somente em entregar coisas tende a tornar-se repetitivo (não por acaso, eu acho Death Stranding um saco). E isso acontece por aqui.

Os desafios de uma bruxa entregadora

Apesar de ser um jogo pacífico, sem combates, nem inimigos, Mika and the Witch’s Mountain possui seus elementos dificultadores. O primeiro deles é a imprecisão (proposital) do controle da vassoura.

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E isso até faz sentido: uma vassoura não é um veículo tradicional, afinal de contas. Não tem motor, não faz curvas perfeitas. Isso torna sua dirigibilidade intencionalmente imprecisa.

Até aí tudo bem. O problema é que boa parte dos pacotes que carregamos não pode sofrer pancadas, ou molhar. E quando somamos isso à direção imprecisa, à topografia acidentada da ilha, e às correntes de ar traiçoeiras que nos jogam para a frente, fica quase impossível uma entrega chegar intacta.

Em muitos casos, é até possível entregar o objeto danificado. Mas com isso, não ganhamos dinheiro. Sem dinheiro não compramos vassouras melhores. Sem vassouras melhores, a história não anda. Ou seja, caprichar nas entregas não é apenas questão de perfeccionismo, mas uma necessidade para progredir.

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E é por tudo isso que Mika and the Witch’s Mountain pode tornar-se chato e frustrante. O que, me parece, não é a intenção de um jogo pacífico e bonitinho como ele.

Audiovisual

Se tem algo que não há do que reclamar em Mika and the Witch’s Mountain é seu departamento audiovisual. Com lindas cenas animadas e um visual chibi que esbanja fofura, o jogo acerta a mão, com um character design primoroso e belas paisagens tropicais. E, vale ressaltar, há muitas roupinhas e cosméticos desbloqueáveis para quem quiser “embonecar” a protagonista.

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Os personagens não têm vozes, e a música na maior parte do tempo é incidental, permitindo que o jogador ouça o sopro do vento, o canto dos pássaros e outros sons da natureza que concedem uma vibe muito relaxante ao game.

Jogando no Nintendo Switch, temos uma ótima performance, ainda que a tela de carregamento inicial seja meio longa. A maior parte do tempo que joguei foi em modo portátil, e o jogo se comportou muito bem.

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Por último, mas não menos importante, vale ressaltar que o jogo está localizado para o português brasileiro, o que deixa os diálogos ainda mais autênticos.

Conclusão

Vendo as análises de Mika and the Witch’s Mountain na Steam, tenho a impressão de que estou sendo chato, e que só eu não gostei do jogo. Vendo a média dele no Metacritic, porém (um pálido 66), sinto que minha opinião é mais condizente com a do restante da mídia que analisou o jogo.

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A verdade é que, talvez, Mika and the Witch’s Mountain não seja para mim. Assim como Souls-likes também não são. E tá tudo bem. Nem todo jogo vai agradar a todos.

Minha experiência com Mika and the Witch’s Mountain foi um tanto enfadonha. Mas, pode ser que você divirta-se muito com ele. Na dúvida, aproveite que o jogo tem uma demo gratuita disponível, experimente-o e tire suas conclusões.

Mika and the Witch’s Mountain está disponível para PC e Nintendo Switch. Posteriormente, ele chegará aos demais consoles.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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