Análise Arkade: Mothergunship é um frenético bullet hell em primeira pessoa

23 de julho de 2018

Análise Arkade: Mothergunship é um frenético bullet hell em primeira pessoa

Se você achava que bullet hell era um gênero exclusivo de jogos 2D, prepare-se para rever seus conceitos com Mothergunship, game onde você cria suas próprias armas para encarar toneladas de inimigos apelões!

A nave mãe

Mothergunship nos coloca na pele de um soldado que recebe a  árdua missão de invadir a enorme nave que dá nome ao jogo. Esta enorme nave é protegida por incontáveis canhões, lasers, poços de lava e outros perigos, e nossa missão é basicamente invadi-la e ir destruindo-a aos poucos, um pedacinho de cada vez.

A história do game não é necessariamente original — o bom e velho “impeça os aliens de chegarem à Terra” –, mas ganha pontos por abraçar a zoeira e ser cheia de piadas. Fala sério, que outro jogo você lembra de ter visto seu computador de bordo ser contaminado por pop-ups de propaganda?

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O jogo até sugere que você não clique em pop-ups na vida real. XD

A história de Mothergunship é cheia de bobeiras desse tipo, e isso não só incute muita diversão ao jogo, como torna sua narrativa muito mais legal de ser acompanhada. O coronel, a mecânica, e os demais personagens que interagem com a gente via rádio também são muito carismáticos, e estão o tempo todo nos surpreendendo com seus diálogos nonsense.

Bullet hell em 1ª pessoa

Bullet hell é o termo que designa aqueles jogos que enchem a tela de projéteis, e nossa missão é desviar de todos eles enquanto eliminamos os inimigos. É comum vermos jogos de navinha deste estilo, tipo Sine Mora e Sky Force (sem contar clássicos como Ikaruga e Ghost Blade) ,mas outros gêneros já abraçaram a ideia, com destaque para o divertido Enter the Gungeon, The Bindind of Isaac e a série Touhou.

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Olha quanto tiro, mano!

Porém, acho que Mothergunship é o primeiro jogo que colocou a loucura do bullet hell dentro do formato tiro em primeira pessoa. E não é só isso: ele também traz elementos de roguelite — como a geração aleatória de fases — e um interessante sistema de crafting e customização de armas.

Parece uma mistura muito louca — e de fato é –, mas surpreendentemente, funciona muito bem: Mothergunship consegue unir todos estes elementos de forma muito bem-sucedida, e o resultado é um game desafiador e viciante, no qual cada sala entrega um panorama único de obstáculos a ser superado.

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Chefes gigantes não poderiam faltar, né?

O gameplay aqui é bastante acelerado, lembrando o último Doom: você vai estar o tempo todo pulando e atirando, e o jogo leva essa vibe frenética tão a sério que entrega até power ups que turbinam o pulo duplo (que aqui já começa sendo triplo). Conforme coleta estes power ups, você pode emendar mais de 20 pulos, aumentando drasticamente suas possibilidades de mobilidade!

Montando seu próprio arsenal

Existem diversos tipos de inimigos em Mothergunship, e estar preparado para lidar com o maior número possível deles é fundamental. Aí entra o inteligente sistema de crafting do jogo, que permite ao jogador montar e equipar suas próprias armas!

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Nas lojinhas você pode comprar e montar armar e upgrades.

Nosso personagem só tem dois braços, mas isso não significa que só pode carregar duas armas: usando adaptadores, você aumenta o número de coisas que pode equipar — de acordo com o número de slots de encaixe. Saca  o famoso T/benjamim, que nos permite plugar 3 aparelhos em uma só tomada? Os adaptadores fazem isso em Mothergunship, e você pode literalmente plugar os adaptadores uns nos outros para gerar mais slots, resultando em armas enormes e malucas!

Além destes adaptadores, temos também potencializadores, que incutem buffs e debuffs aos seus tiros, ou mesmo habilidade totalmente novas — tipo ricochetear em paredes, por exemplo. Por fim, temos as armas propriamente ditas, que chegam de todas as formas e tamanhos: temos lasers, lança-foguetes, escopetas, metralhadoras, lançadores de serras circulares (?!), lança-chamas e muito mais.

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Esse é o tipo de “Frankestein” maluco que você pode criar!

Um detalhe curioso é que suas armas não precisam de munição: você tem uma barra de energia para cada braço, e considerando que durante o cooldown você fica indefeso, é bom alternar entre os tiros e dosar bem seu consumo de energia. Obviamente, quanto mais armas você acopla em um braço, mais energia cada tiro consome.

Claro que, por ter uma pitada de roguelite, você precisa se cuidar: a morte aqui não é definitiva, mas ao morrer você perde todas as armas que estava carregando. Armas não são caras, mas você nunca sabe o que vai encontrar nas lojinhas, de modo que, perder aquela sua configuração favorita pode ser bem doloroso caso você não tenha como substituí-las.

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Essa mistura de gêneros faz de Mothergunship um jogo bastante desafiador. E ele ainda é meio procedural — as naves inimigas são divididas em salas, e você nunca sabe o que irá encontrar atrás de uma porta –, de modo que fica impossível fazer um decoreba: morreu, prepare-se para perder seus equipamentos e encarar uma nave com salas completamente diferentes na próxima tentativa.

Audiovisual

Mothergunship é um jogo muito bem resolvido visualmente. O fato de ser procedural acaba entregando um design de ambientes um tanto genérico, mas é um futurismo meio sujo que remete a Aliens e outros filmes sci fi dos anos 80 e 90. Sua base, por outro lado, é cheia de personalidade, e vez ou outra rolam “eventos” por lá, com destaque para o coronel, que resolve comemorar seu próprio aniversário!

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Com direito a bichinho feito de balão e tudo!

Por ser acelerado e frenético, é essencial que o jogo rode bem, e, no Xbox One X, não tive problemas. Ainda que role um pequeno loading entre uma sala e outra — afinal, elas “são criadas” durante esses loadings –, no gameplay em si tudo é muito fluido e responsivo.

A trilha sonora contribui para gerar adrenalina, sendo agitada durante os combates, e desaparecendo quase completamente depois que você “limpa” uma sala. Os tiros e explosões soam muito bem, e só fazem falta legendas em português, pois, ainda que não haja uma baita história sendo desenvolvida, as conversas entre seu time são sempre divertidas.

Conclusão

Quando uma empresa resolve misturar muitas coisas em um jogo só, sempre há chance das coisas darem errado. Se as coisas dão certo, elas tornam-se experiências memoráveis, como o recente (e maravilhoso) Yoku’s Island Express.

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Eu mencionei que ele tem chefes gigantes?

Mothergunship entra nesse time de “misturas malucas que deram certo”: seu inusitado mix de bullet hell com FPS e roguelite funciona surpreendentemente bem, entregando uma jornada acelerada, desafiadora e divertida, coroada por humor nonsense de primeira.

Mothergunship foi lançado em 17 de julho, com versões para PC, Playastation 4 e Xbox One.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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