Análise Arkade: My Friend Pedro tem bananas falantes e tiroteios insanos

20 de junho de 2019

Análise Arkade: My Friend Pedro tem bananas falantes e tiroteios insanos

Que tal meter uns tiros em cara malvados ao lado de uma banana flutuante (que fala)? Pois essa é exatamente a proposta de My Friend Pedro, jogo nonsense mas muito divertido que a Devolver Digital está lançando hoje!

Sangue. Balas. Bananas.

Sendo bem honesto contigo, não há muita história aqui: controlamos um sujeito que acorda no meio do território de uma gangue sem ter muita certeza de como foi parar lá. Capangas armados estão por todos os lados, e se quiser sair vivo dali, você terá que abrir caminho na marra.

Nosso protagonista não é de falar muito, mas seu amigo Pedro é bem tagarela — especialmente se considerarmos que ele é uma banana. Pedro vai instigar-nos a prosseguir com a matança, atiçando o jogador a estar sempre em movimento, e sempre com o dedo no gatilho.

Análise Arkade: My Friend Pedro tem bananas falantes e tiroteios insanos

Assim, nossas missão é basicamente encher de chumbo todos os inimigos, enquanto uma banana flutuante nos diz onde estamos e para onde devemos ir em seguida. Nada fora do comum para um jogo da Devolver, não é mesmo?

Tiroteio estiloso (e funcional)

Em termos de gameplay, My Friend Pedro se comporta como um twin stick shooter 2D comum — ou não, visto que ele é muito mais… acrobático do que a maioria dos jogos do gênero.

Veja bem: não basta atirar, o negócio aqui é fazer isso de forma estilosa, rodopiando entre os projéteis inimigos ou virando cambalhotas no ar em câmera lenta. É tipo uma versão 2D de Bulletstorm, misturada com o bullet time de Max Payne.

Análise Arkade: My Friend Pedro tem bananas falantes e tiroteios insanos

Apesar de simples, a jogabilidade é fluida, e possibilita uma grande diversidade de situações, e ao inserir tirolesas, barris, skates e galões de combustível, o jogo transforma a chacina em um exercício de criatividade.

Por exemplo, uma das coisas mais legais para se fazer aqui é chutar uma frigideira para o alto, desacelerar o tempo e atirar nela para que os disparos ricocheteiem e acertem os inimigos próximos… algo tão legal, que eu não sei porque ainda não vimos o John Wick fazendo algo do tipo em seus filmes!

E se acha que estou exagerando, gravei um vídeo desta manobra para te mostrar:

É uma utilização extremamente interessante para um objeto tão corriqueiro quanto uma panela. E funciona, especialmente se o jogador estiver a fim de conseguir algo maior do que um vergonhoso ranking C na fases. Para conseguir um S você vai precisar não ser apenas letal, mas também rápido, visceral e inventivo.

Muitos jogos entregam ferramentas legais, mas não nos dão situações em que possamos usá-las e agir de um jeito cool. My Friend Pedro não tem esse problema: o layout das fases e a disposição dos inimigos parecem pensados para que o jogador sempre possa resolver a situação da maneira mais insana e divertida possível.

E o mais legal é que o jogo não tenta limitar a utilização de todos esses recursos: o efeito câmera lenta, por exemplo, dura bastante, e a barra se enche novamente muito rápido. O maior fator limitador acaba sendo a munição, pois na empolgação a gente acaba “sentando o dedo no gatilho” e usando mais do que o necessário — apenas as pistolas possuem munição ilimitada.

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Em resumo: o game entrega recursos simples, mas nos permite realmente brincar com eles, experimentá-los, combiná-los. Por exemplo: é comum neste tipo de jogo podermos empunhar duas armas iguais ao mesmo tempo, mas My Friend Pedro vai além, e nos deixa travar uma das miras em um inimigo, enquanto ficamos com o outro braço livre. Agora experimente fazer isso enquanto desliza por uma tirolesa, rodopiando para não ser alvejado. O resultado é simplesmente incrível, e resulta nos tiroteios mais legais dos últimos tempos!

Competindo consigo mesmo

My Friend Pedro é aquele tipo de jogo que coloca você conta você mesmo: um ranking B nunca vai ser o suficiente, você vai querer no mínimo um A — ou o tão sonhado S. Refazer as fases acaba tornando-se natural para quem busca o melhor score.

Análise Arkade: My Friend Pedro tem bananas falantes e tiroteios insanos

Ninguém quer ser C de Caca…

Isso até pode soar repetitivo, mas temos aqui um jogo bastante contido, com fases curtas e ágeis que parecem pensadas para esta repetição. Um fator replay incidental que sem dúvida aumenta consideravelmente a vida útil do jogo.

Análise Arkade: My Friend Pedro tem bananas falantes e tiroteios insanos

O negócio é ser S de SUpremo!

Aliás, acho válido ressaltar que joguei no Switch, e o game roda muito bem tanto em modo portátil quanto no dock, direto na TV. As fases curtas fazem dele um ótimo parceiro em filas, no Uber e (não poderia faltar) no banheiro. Presumo que no PC o jogo funcione igualmente bem, e a precisão do mouse sem dúvida ajuda a economizar munição.

Audiovisual

My Friend Pedro não é um jogo super bonito, mas sem dúvida ele tem estilo. Eu gostaria que ele tivesse mais cores e cenários — geralmente há 4 ou 5 fases seguidas em um mesmo ambiente, tipo esgoto ou trem –, mas quando as balas começam a riscar o ar, a gente meio que nem presta muita atenção no cenário. Mesmo assim, ele injeta boas novidades esporádicas, com direito a perseguições de moto, estágios aquáticos e até uma insana fase em queda livre!

Por ter os dois pés na zoeira, não espere por muita seriedade aqui: o jogo é cheio de piadas e referências, e nosso amigo Pedro realmente rouba a cena, com comentários e explicações malucas para diversas coisas que a maioria dos jogos sequer se preocupa em contextualizar.

Análise Arkade: My Friend Pedro tem bananas falantes e tiroteios insanos

Não temos vozes no jogo, mas a trilha sonora faz um trabalho competente, e ao lado dos tiros e explosões, dita o tom do jogo. My Friend Pedro chega ao Brasil com menus e legendas em nosso idioma, de modo que ninguém vai ficar sem entender as piadas.

Conclusão

Há jogos que parecem legais até demais nos trailers, mas decepcionam quando estamos com o controle na mão, pois nada parece tão fluido e responsivo quanto a gente achava que era. O feeling se perde no meio do caminho, e o que sobra é a frustração.

My Friend Pedro NÃO sofre disso: ele parecia legal nos trailers, e jogá-lo também é uma delícia pois tudo funciona, e ele nos dá muitas formas de “brincar”., e com isso a matança ganha camadas extras de complexidade, mas também de diversão. Como em Devil May Cry, não basta aniquilar os oponentes, é preciso fazer isso com estilo!

Análise Arkade: My Friend Pedro tem bananas falantes e tiroteios insanos

Eu estava muito empolgado por esse jogo desde que vi os primeiros trailers, e é com satisfação que afirmo que agora gosto ainda mais dele. Ousado e sem noção, ele nos permite fazer coisas que nenhum outro jogo fez antes, e torço para que seus criativos esforços virem tendência na indústria. Há incontáveis jogos que nos permitem atirar em caras maus, mas poucos nos permitem fazer isso de formas tão legais quanto My Friend Pedro.

Em resumo: um jogo recomendadíssimo!

My Friend Pedro está sendo lançado hoje, exclusivamente para PC e Nintendo Switch. Este review foi feito com base na versão Switch do jogo, graças a uma cópia antecipada que recebemos dos camaradas da Devolver Digital para fins de análise.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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