Análise Arkade – Nairi: Tower of Shirin é um simpático point and click bem old school

15 de dezembro de 2018

Análise Arkade - Nairi: Tower of Shirin é um simpático point and click bem old school

Nos últimos anos, o bom e velho gênero point and click andou meio sumido, sendo ofuscado pelo formato mais moderno dos adventures narrativos, especialmente os da Telltale. Nairi: Tower of Shirin traz o point and click raiz de volta — com todas as suas qualidades e defeitos. Confira nossa análise.

Uma garotinha perdida no mundo

Nairi: Tower of Shirin traz como protagonista a pequena Nairi, uma garotinha que “nasceu em berço de ouro” mas logo se vê obrigada a abdicar de sua vida boa e se misturar com o povo, descobrindo uma nova liberdade e uma forma de viver que lhe eram totalmente desconhecidas.

Quando sua casa é invadida e seus pais vão presos, ela é “contrabandeada” para fora da cidade, e acaba encontrando abrigo em um lugar bastante improvável: um covil de ladrões. Ela faz amizade com o grupo, que lhe ajuda a retornar para dentro dos muros da cidade, mas este é só o começo de sua jornada de volta para casa.

Análise Arkade - Nairi: Tower of Shirin é um simpático point and click bem old school

A Tower of Shirin do título é uma torre sagrada rodeada de segredos e mistérios. A natureza curiosa de Nairi resolve aproveitar a situação para investigar a construção, e isso acaba fazendo a garotinha descobrir que há um vínculo muito forte entre ela, a torre e quem a construiu no passado.

Falar mais do que isso seria spoiler, pois este é o tipo de jogo onde a estrela é justamente a história. E ela é extremamente cativante, cheia de personagens simpáticos e diálogos divertidos, um prato cheio para os fãs de um legítimo point and click.

Apontando e clicando

Nairi: Tower of Shirin é um point and click no sentido mais literal da palavra: os personagens ficam o tempo todo “fora da tela”, e nossa interação com o cenário resume-se a clicar aqui e ali, interagindo com pontos de interesse e objetos que possam ser coletados.

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Quando os personagens precisam conversar ou comentar sobre algo, aparecem na tela, em animações parcialmente estáticas, com suas falas transcritas logo abaixo. Infelizmente, o jogo não recebeu suporte ao nosso idioma, estando somente em inglês.

Ainda que não seja um jogo particularmente difícil, Nairi: Tower of Shirin traz aquele tipo de puzzle obtuso que os fãs de jogos da LucasArts vão se lembrar com um misto de saudade e ódio. Coisas tipo combinações de itens que aparentemente não têm nada em comum ou a utilização deles para finalidades nem tão óbvias são algumas das coisas que temos aqui.

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Essa pá, por exemplo, jamais será usada para cavar

O fato de nada ficar particularmente destacado no cenário também não ajuda. Em dado momento, eu tinha que achar uma corda, mas não fazia ideia de onde ela estava. Aí, por acaso, notei uma ponta de corda que segurava um lustre. Cliquei e aquela era de fato a corda que eu precisava, mas ela parecia ser apenas mais um elemento comum “não clicável” do cenário. Seria legal se houvesse um sistema de “pistas” que destacasse brevemente pontos de interesse, como fazem alguns jogos do gênero.

Esse tipo de coisa atravanca um pouco progresso, e pode facilmente deixar o jogador perdido por mais tempo do que ele gostaria. E “perdido” também é uma palavra que se aplica ao layout dos cenários: é fácil se perder indo e vindo dos lugares, ou não sabermos exatamente como voltar àquela sala específica depois de termos conseguido o item que mata a charada.

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Um detalhe interessante é que, jogando no Switch, o jogo oferece diversas possibilidades de gameplay: jogando na TV, você pode mover o cursor tanto com alavanca analógica quanto apontando o Joy-Con para a tela (a precisão do movimento deixa bastante a desejar). No modo portátil, é possível usar a tela touchscreen para interagir com o jogo, e esta acabou sendo minha forma favorita de jogar.

Audiovisual

Nairi: Tower of Shirin é um jogo muito fofinho. Todo desenhado à mão, ele tem uma estética muito boitinha, que claramente se inspira nas animações do Studio Ghibli. É uma estética bastante agradável, e os personagens são muito expressivos e simpáticos, o que concede um charme extra ao jogo.

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As “cutscenes ” são especialmente fofinhas

Sua trilha sonora original também é muito boa, contribuindo com a imersão do jogador naquele universo, que mistura personagens cartunescos com cenários que parecem pinturas. É um jogo bem resolvido esteticamente, e que claramente foi feito com capricho e esmero.

Conclusão

Ainda que seja um representante de um gênero que já foi uma verdadeira febre, Nairi: Tower of Shirin hoje em dia é praticamente um jogo de nicho, e deve agradar especialmente os órfãos deste tipo de jogo. É um point and click old school, que ganha pontos especialmente pelo carisma de sua arte.

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Não é um jogo memorável, daqueles que ficam marcados na memória — como ficaram clássicos como Full Throttle e Monkey Island –, mas cumpre seu papel de entreter o jogador, ainda que tenha sua parcela de puzzles obtusos e confusos. Mas isso era inerente até aos clássicos supracitados, então, se você é fã de um point and click raiz, sem dúvida vai se divertir com esse aqui.

Nairi: Tower of Shirin é o primeiro jogo do HomeBearStudio, e foi lançado em 29 de novembro para PC e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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