Análise Arkade: Narcosis é sobrevivência e terror psicológico no fundo do oceano

10 de maio de 2017

Análise Arkade: Narcosis é sobrevivência e terror psicológico no fundo do oceano

Você tem medo de água? Se borra só de pensar em quão escuro e opressor pode ser o fundo do oceano? Se você respondeu sim para estas perguntas, recomendo que fique bem longe de Narcosis, pois ele é uma experiência aterrorizante de sobrevivência no fundo do mar!

Um pesadelo submarino

Narcosis nos coloca na pele de um mergulhador industrial que sobreviveu ao colapso — e inundação — da estação submarina em que trabalhava. Assustado e solitário no fundo do Oceano Pacífico, ele irá explorar destroços, túneis e cavernas enquanto luta para manter seu oxigênio e sua sanidade.

Análise Arkade: Narcosis é sobrevivência e terror psicológico no fundo do oceano

Sua missão é encontrar uma forma de retornar à superfície, mas isso não será fácil: o ambiente opressivo e obscuro do fundo do mar é cheio de surpresas — quase nenhuma boa — e a mente perturbada do protagonista invariavelmente vai pregar peças no jogador, o que concede ao game uma aura meio Layers of Fear, onde realidade e ilusão se misturam de formas bem apavorantes.

Sobrevivendo no fundo do mar

Narcosis se comporta quase como um walk simulator: na maior parte do tempo, tudo o que temos para fazer é seguir adiante, através de cenários obscuros e claustrofóbicos cheio de barulhinhos enigmáticos e criaturas potencialmente sinistras se movendo no limiar de nosso campo de visão.

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Encontrar oxigênio é sempre uma prioridade: o suprimento limitado de ar dura poucos minutos, de modo que devemos estar o tempo todo de olho em cilindros sobressalentes ou máquinas para preencher nossa reserva. Neste ponto, o game lembra um pouco Adr1ft, outro jogo em que controlamos um explorador solitário em uma base abandonada… com o diferencial que aquela base está no espaço, enquantro esta jaz no fundo do oceano.

Para piorar, sempre que nosso protagonista fica tenso ou assustado — o que acontece com certa frequência — ele hiperventila, o que consome ainda mais rápido o oxigênio. Cilindros e máquinas de oxigênio costumam ficar destacados com um brilho azul claro pelos cenários, então não perca-os de vista e sempre fique de olho no mostrador do traje para saber quantos % de ar você ainda tem.

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Combate não é algo recorrente aqui, mas você possui algumas ferramentas para se virar, afinal existem polvos, caranguejos gigantes e outras criaturas um tanto bizarras que irão tentar dar cabo da sua vida. A primeira destas ferramentas é uma espécie de pé-de-cabra, mais útil para assustar do que para matar. A outra são sinalizadores, que você pode disparar para criar distrações e sair de fininho.

O fator psicológico

Ainda que não sejam muitas as criaturas que realmente estejam dispostas a te atacar no decorrer de sua aventura submarina, o fator  psicológico conta muito. A solidão, a falta de oxigênio, os companheiros mortos que vão sendo encontrados pelo caminho, tudo isso mexe com a cabeça do protagonista, e quem paga o preço é o jogador.

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Conforme já disse lá em cima, o game mistura realidade e ilusão tanto para aplicar os famosos “jump scares” quanto para fortalecer a atmosfera de tensão e deixar o jogador na ponta da cadeira, segurando a respiração. Deixo abaixo um destes momentos:

Por mais que os sustos do tipo “jump scare” já estejam meio saturados, Narcosis não exagera na dose, e espalha-os de forma comedida. O resultado é algo condizente com a proposta — e o estado mental do personagem — e que realmente consegue deixar o jogador tenso, ainda que este não seja realmente um jogo de terror.

Audiovisual ensado para o VR

Narcosis chegou agora ao Xbox One, mas ele já havia sido lançado há algumas semanas para PCs e dispositivos VR. Basta jogar uns poucos minutos para ficar evidente que este jogo sem dúvida deve ficar incrível em realidade virtual, afinal a imersão que a tecnologia propicia tende a colocar o jogador “dentro” da ação, e no fundo do mar, isso sem dúvida torna tudo muito mais opressivo e assustador.

Apesar disso, a ambientação se mantém envolvente mesmo para quem vai curtir o game na boa e velha TV de sempre. O departamento sonoro contribui muito com isso, pois é cheio de ruídos e barulhos muito bem mapeados, que realmente te colocam naquela situação. Se não pode jogar em VR, pelo menos jogue com um bom sistema de som, ou, pelo menos, um bom par de fones de ouvido.

Análise Arkade: Narcosis é sobrevivência e terror psicológico no fundo do oceano

E se você também é pobre não vai jogar em VR, se ligue nesta dica: vá no menu de opções e desative a opção “andar na direção que olha”. Isso claramente só faz sentido em VR, e jogando de forma tradicional mais atrapalha do que ajuda. Ah, e sempre é bom mencionar: Narcosis possui menus e legendas em português brasileiro!

Conclusão

Apesar de sua curta duração, Narcosis oferece um mix de sensações bem único: ele não é bem um jogo de terror, mas também não é apenas um walk simulator. Há um pouco dos dois aqui, e essa mistura — aliada à atmosfera opressiva e misteriosa do fundo do mar — oferece uma experiência bem intensa que mistura exploração, sobrevivência e terror psicológico com muita segurança.

O saldo final é um jogo curto e linear, mas que se mantém interessante e instigante por toda sua duração. Especialmente recomendado para quem pode jogá-lo em VR em outra plataforma, mas quem não dispõe da cara tecnologia em casa, vai tomar uns bons sustos pela TV, mesmo.

Narcosis foi lançado na Steam (e para dispositivos VR) em 28 de março. A versão Xbox One está chegando hoje, 10/05.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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