Análise Arkade: NeoSprint, um clássico do Atari retorna com cara de autorama

2 de julho de 2024
Análise Arkade: NeoSprint, um clássico do Atari retorna com cara de autorama

Embora todo mundo lembre com mais carinho do Enduro, a série Sprint — que recebeu jogos como Sprint Master e Super Sprint nos anos 80 — também é bastante emblemática. Recentemente, a Atari resolveu revitalizar esta IP com NeoSprint. Confira nossa análise do game!

Corrida em miniatura

Eu sempre apreciei jogos de corrida que puxam mais para o estilo arcade e menos para a simulação realista — não por acaso, Burnout é minha série de corrida favorita (inclusive, saudades).

Dentro do gênero “corrida arcade”, eu também aprecio muito jogos que trazem uma visão de cima ou isométrica da disputa. Sem dúvida isso é herança das minhas dezenas de horas jogando Rock N’ Roll Racing, mas eu acho essa “aura de autorama” muito autêntica e charmosa.

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Não parece um autorama?

NeoSprint é essencialmente isso: um jogo de corrida com visão isométrica e cara de autorama. Porém, aqui não há tiros, explosões, nem nitros e turbos. A corrida é mais “pé no chão”, sem muita extravagância. O que não é exatamente um problema.

Jogando NeoSprint

NeoSprint tem uma boa variedade de carros para escolhermos, cada um com diferentes aspectos de aceleração, velocidade e dirigibilidade. Não há nenhum tipo de restrição inicial: mesmo no modo carreira, o jogador é livre para escolher qualquer um dos veículos iniciais.

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Estamos acostumados com jogos de corrida onde acelerador e freio ficam nos gatilhos R2 e L2, mas aqui — seguindo a lógica dos jogos de kart –, as coisas são um pouco diferentes. No Switch, plataforma em que testei o game, o acelerador fica no A, o freio no B, e o freio de mão (útil para drifts) no Y. Não é uma configuração de botões muito prática, mas com o tempo a gente acaba se acostumando.

Há um tempo de adaptação, necessário também para o jogador se habituar com a direção das curvas (afinal, com a visão isométrica, conceitos como esquerda e direita são vistos de outra forma), mas, depois que internalizamos o básico do gameplay, o desafio passa a ser saber a hora de acelerar e frear para ter o máximo de aproveitamento nas curvas — ou não capotar em alguns saltos.

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Pois é: embora esteja longe de ser um simulador, NeoSprint tem uma abordagem mais realista do que outros jogos do tipo — jogos em que os carros pulam e os drifts dão um boost de velocidade. Aqui a coisa é mais “raiz”, sem muita firula.

Confesso que sinto falta de um botão de nitro ou algum outro tipo de boost, mas entendo que essa não é a premissa do jogo. O lance aqui é ser o mais rápido e habilidoso no “feijão com arroz” da velocidade, apenas acelerador e freio. O jogo encoraja o ato de “pegar o vácuo” dos outros pilotos, mas sinto que isso faz menos diferença aqui do que em Slipstream, por exemplo.

Os modos de jogo de NeoSprint

Com diversos modos de jogo disponíveis — tanto para jogar sozinho quanto para quem quer desafiar os amigos (online ou localmente) –, NeoSprint traz uma boa variedade de opções.

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Corrida maluca

Temos um modo Campanha que promete “uma incrível história de corrida” (mas não entrega nada de mais, apenas um sistema de rivais sem qualquer profundidade), bem como um apanhado de torneios temáticos no modo Grand Prix e a opção Corrida Livre onde você define as regras.

Completam o pacote os percursos com obstáculos (tipo óleo na pista, cones, trechos de asfalto colorido que desaceleram seu carro) e o modo Contra o Relógio que é bem autoexplicativo. Com exceção da Campanha, os demais modos de jogo também podem ser disputados em modo multiplayer, tanto local quanto online.

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O online, porém, não funciona do jeito que seria esperado: aqui não enfrentamos outros jogadores em tempo real, mas o “espírito” de outros jogadores — como os Drivatars da série Forza. A falta de leaderboards e outros recursos que estimulem a competição também é sentida, visto que este é o tipo de jogo que tem tudo a ver com esse tipo de desafio.

Sendo justo, talvez o que vai tomar mais tempo da comunidade seja o robusto sistema de construção de pistas. Funcionando quase como um Lego, temos diferentes “bloquinhos” para construir pistas, com trechos como curvas, rampas e pontes, bem como elementos do cenário (árvores, placas, postes).

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Eu não sou bom em construir pistas…

Dá um bocado de trabalho — eu particularmente não tenho muita paciência para construir coisas nesse tipo de jogo –, mas acredito que a ferramenta vai ser muito bem utilizada pelos entusiastas. A possibilidade de compartilhar e correr nas pistas criadas pela comunidade tem tudo para aumentar exponencialmente a vida útil do jogo.

Audiovisual

Em termos audiovisuais, NeoSprint é competente. Não é incrível, mas tem seu charme. Jogando em modo portátil no Switch, os carros quase ficavam pequenos demais na telinha — mas existem dois modos de câmera, e um deles é bem mais próximo dos veículos — mas esse deve ser uma questão exclusiva da jogatina em modo portátil.

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Assim fica o jogo com a câmera mais próxima

Os veículos em si são bem variados, e há diversas opções de cores, com variações mais extravagantes que são desbloqueadas conforme avançamos. As pistas estão ambientadas em diferentes áreas temáticas, como cidade e deserto.

A trilha sonora é muito boa… mas também soa um pouco familiar. Pode ser pira da minha cabeça, mas em muitos momentos, a vibe da música — predominantemente eletrônica, com muitos sintetizadores — me lembrou muito os trabalhos do mestre Barry Leitch. Não que seja plágio ou cópia, é muito mais provável que seja uma homenagem. Afinal, convenhamos, fazer algo parecido com as composições do Leitch é um baita elogio.

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Fora isso, os efeitos sonoros também são bons, com destaque para os variados roncos de motores, que são condizentes com os diferentes veículos. Ah, e temos menus e legendas em português, ainda que não haja tanto texto assim para ler.

Conclusão

Apesar de ser mecanicamente simples, NeoSprint é um jogo que tem conteúdo suficiente para manter os jogadores engajados. Com uma boa variedade de modos de jogo e toneladas de elementos desbloqueáveis — desde novas cores para os carros até novos bloquinhos para construção de pistas –, o jogo é um revival super digno para este clássico (nem tão lembrado) do Atari.

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Em se tratando de jogos de corrida arcade com visão isométrica, particularmente eu preferia algo mais “exagerado”, com rampas, loops e power ups. Mas aí é questão de gosto. Quando a luz verde se acende e os pneus cantam, NeoSprint é bastante competente — e sem dúvida vai agradar ainda mais quem curte criar e compartilhar pistas.

NeoSprint foi lançado em 27 de junho, com versões para PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, Nintendo Switch (versão testada) e Atari VCS. O game possui menus e legendas em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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