Análise Arkade: Nikoderiko – The Magical World, uma ótima mistura de Donkey Kong com Crash Bandicoot

14 de outubro de 2024
Análise Arkade: Nikoderiko - The Magical World, uma ótima mistura de Donkey Kong com Crash Bandicoot

Nikoderiko: The Magical World. Guarde este nome, caso você seja um gamer nostálgico que quer reviver os bons momentos que jogos como Donkey Kong Country e Crash Bandicoot lhe proporcionaram!

Digo isso porque Nikoderiko une o melhor desses dois mundos: temos ótimos momentos de plataforma 2.5D, com coleta de letras (N, I, K, O), fases bônus escondidas e montarias como em Donkey Kong Country… e também temos muita plataforma 3D, com direito a corredores tubulares, perseguições com câmera frontal e outros momentos tipicamente Crash Bandicoot!

Mangustos e Cobras

Mas calma: antes de seguirmos com as opiniões, vamos à sinopse: Niko e Luna são dois mangustos (mamíferos parentes dos suricates) aventureiros que ficam sabendo da existência de uma relíquia antiga em uma ilha mágica.

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Os heróis Niko e Luna

Antes deles chegarem lá, porém, o vilão Grimbald e sua trupe de cobras se apropriam da joia, o que coloca a ilha e a vida de todos em risco. Obviamente, Niko e Luna não vão deixar barato, e viverão altas aventuras a fim de reaver a relíquia e reestabelecer a paz.

Não é lá um primor de narrativa, mas meio que nem precisava ser, sabe? Mais do que contar uma grande história, Nikoderiko quer entregar ao jogador uma grande aventura, com sabor de nostalgia — e isso ele faz. Há carisma nos personagens, piadinhas nos diálogos… mas o que importa mesmo é a aventura!

“Copia, mas não faz igual”

Nikoderiko: The Magical World parece o produto de uma alquimia gamer maluca que colocou Donkey Kong Country e Crash Bandicoot em um caldeirão e misturou para ver o que sairia. Um jogo novo, mas imediatamente familiar para quem cresceu jogando essas franquias.

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E não falo isso como demérito, nem para caracterizá-lo como algo derivativo ou sem personalidade. A indústria dos games está numa fase derivativa, e não é de hoje: basta ver quantos Souls-likes chegam às prateleiras todos os anos, ou quantos jogos similares a Vampire Survivors foram criados de 2021 para cá.

A verdade é que ser criativo tornou-se arriscado. Muito tempo (e dinheiro) são investidos em um game. Se ele flopar, o prejuízo é gigante — vide o fracasso retumbante de Concord, por exemplo. Na maioria dos casos, para minimizar os danos, a indústria prefere apostar em fórmulas com retorno mais garantido.

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O lance é: Nikoderiko bebe de outras fontes. Fontes menos exploradas, mas que, quando visitadas por equipes habilidosas, podem render obras excelentes, como Kaze and the Wild Masks e Yooka-Laylee, por exemplo. Não é porque algo é derivativo que é ruim, e Nikoderiko reafirma isso, pois tem suas próprias qualidades, mesmo sendo parecido com outros jogos.

Nikoderiko: The Magical World é 2D e 3D

Digo isso porque o gameplay de Nikoderiko: The Magical World é muito competente — ainda que muito familiar. Em praticamente todas as fases, ele vai misturar momentos de exploração 2D com 3D. A transição entre estas perspectivas é muito orgânica, e o jogo transita muito bem por estes dois eixos.

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Nikoderiko em 2D…

Na verdade, o jogo começa parecendo que é só 2D: boa parte da primeira fase é totalmente 2D. Mas, de repente, rola a transição, com mudança de câmera e de perspectiva. Daí em diante, o jogo se alterna entre momentos de jogabilidade 2D e 3D — é comum uma mesma fase passear por ambos os estilos.

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E também em 3D!

Tudo o que você espera de um jogo de plataforma 2D/3D estilo “Collect-a-Thon” está aqui: em cada fase, temos as letras N, I, K, O para coletar, bem como centenas de criaturinhas voadoras — que parecem os Lums de Rayman. Além disso, espere por fases bem características do gênero, com direito a fases aquáticas e os famosos carrinhos de mina.

Jogatina nostálgica e cooperativa

A jogabilidade é ágil e responsiva, ainda que eu tenha sentido que falta um pouco de “peso”, de “fisicalidade”, mas é uma questão de se habituar. A movimentação é bem característica do gênero: podemos correr, pular, nadar e planar. Há uma rasteira que serve para ataque e mobilidade (para passar por vãos estreitos), e um “pisão”, útil tanto para abrir baús quanto quebrar pisos frágeis.

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Algumas fases aquáticas são bem “dark”

As fases bônus são totalmente Donkey Kong Country — mas trocam bananas por estrelas. E, para deixar tudo ainda mais “nostálgico”, em certas fases podemos liberar montarias, e temos aqueles momentos de perseguição no melhor estilo Indiana Jones (ou Crash Bandicoot), com monstros ou pedras gigantes nos perseguindo, câmera frontal e caminhos repletos de obstáculos.

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Já foi perseguido por um dragão gigante hoje?

Um detalhe muito legal é que Nikoderiko: The Magical World pode ser jogado em modo “cooperativo de sofá” — algo não muito comum neste tipo de jogo. Experimentei algumas fases com minha namorada e a experiência foi muito divertida — ainda que, possa ser desafiadora para jogadores com menos bagagem.

Audiovisual

Nikoderiko: The Magical World é um jogo de visual muito simpático. Ele claramente é um título de médio orçamento, mas faz concessões inteligentes e toma boas decisões de design e direção de arte. Os personagens são cartunescos e “lisos”, sem a ambição de trazerem uma pelagem realista no estilo Ratchet & Clank, mas são carismáticos e muito bem animados.

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Os cenários são bastante variados e coloridos. Há muita variação de ambientes, com florestas, templos, cavernas, minas e laboratórios. Os chefes em geral são grandes e rendem boas batalhas. As “set pieces” que o game entrega não devem nada para as franquias consolidadas (e mais endinheiradas).

Jogando no PS5, o game tem uma performance sólida, tirando um proveito básico do DualSense, mas sem destaque. Os menus e legendas estão totalmente localizados para o português brasileiro, e a qualidade da tradução é satisfatória.

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Por fim, para fortalecer a vibe nostálgica do game, temos o lendário David Wise assinando a trilha sonora. Famoso por suas composições em jogos como Donkey Kong Country, Battletoads e no próprio Yooka-Laylee, o compositor traz ótimas músicas, que combinam com a vibe do game e tem aquela sonoridade típica de “jogo de mascote”.

Conclusão

Nikoderiko: The Magical World é uma excelente surpresa, que chega meio espremida em uma época conturbada, mas tem qualidades de sobra para se destacar, especialmente entre os jogadores mais velhos, que calejaram os dedos nos tempos do Super Nintendo e do PS1.

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O game combina gameplay 2D e 3D com muita competência, servindo como uma grande homenagem a jogos que marcaram a vida de muita gente. As referências mais óbvias são Donkey Kong e Crash Bandicoot, mas é possível encontrar traços de outros jogos (como Rayman).

Essa mistura pode não fazer de Nikoderiko um jogo especialmente criativo, mas novamente: isso não é um demérito. Se a ideia dos produtores era homenagear jogos icônicos, eles foram muito bem-sucedidos.

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Nikoderiko : The Magical World é divertido e carismático, e consegue, mesmo sendo um produto novo, trazer um delicioso sabor de nostalgia.

Nikoderiko : The Magical World será lançado amanhã (15/10), com versões para PC, Playstation 5 (versão analisada), Xbox Series e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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