Análise Arkade: Nobody Wants to Die, um envolvente thriller investigativo cyberpunk

31 de julho de 2024
Análise Arkade: Nobody Wants to Die, um envolvente thriller investigativo cyberpunk

Se você gosta de temática e da ambientação cyberpunk e de histórias de detetive com uma pegada noir, Nobody Wants to Die sem dúvida é um jogo que merece a sua atenção! Confira nossa análise completa na sequência!

Futuro imortal

Nobody Wants to Die se passa em uma versão futurista de Nova York, no longínquo ano de 2329. Neste futuro, a morte não é mais um problema para a humanidade — pelo menos, para quem possa pagar. Os figurões da sociedade vencem a mortalidade simplesmente comprando um novo corpo e transferindo sua consciência cristalizada para ele.

Com isso, pessoas abonadas e influentes passam a viver centenas de anos, o que logo gera todo um debate sociopolítico envolvendo tal prática, uma vez que o “serviço” de troca de corpos passa a ser controlado pelo governo.

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Neste cenário conturbado, eis que o criador da tecnologia é assassinado sob circunstâncias misteriosas. Para piorar, sua consciência foi destruída, ou seja, sua morte foi permanente. Para investigar o caso, entra em cena nossa protagonista, James Karra, um detetive amargurado de cento e poucos anos que tem problemas com drogas e bebidas.

Um jogo envolvente e bem escrito

Ao longo da investigação, a parceira de James, Sara, estará o tempo conversando conosco e oferecendo suporte via rádio. A sinergia entre os dois é uma parte crucial do que faz Nobody Wants to Die ser realmente envolvente.

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Digamos que a história tem sua dose de clichês e estereótipos dos temas noir/cyberpunk. Porém, os personagens — e o próprio mundo do jogo em si — são tão ricos, tão interessantes, que a gente continua jogando não só para desvendar o assassinato, mas principalmente para ver mais diálogos, tomar mais decisões e acompanhar como a relação de James e Sara evolui.

Lembra do game cult Firewatch, de 2016? A melhor parte dele era justamente o texto, os diálogos entre o protagonista Henry e sua supervisora, Delilah. Nobody Wants to Die segue a mesma linha: até por seu gameplay ser relativamente simples, o que fisga o jogador é o texto, as conversas entre os personagens.

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Conversas estas que, inclusive, nos brindam com escolhas, que afetam os rumos da história e a forma como nossa parceira nos vê. Aliás, conforme as escolhas que fazemos, vamos inclusive liberando novas opções de diálogos, o que expande consideravelmente as possibilidades.

Infelizmente, na prática, há muita “ilusão de escolha” aqui, e nem tudo vai ser levado em conta para o desfecho da história em si. Mas, essa é uma tática bem comum em jogos narrativos — afinal, os roteiristas nos guiam pela história que eles querem contar. Dito isso, apesar dos clichês, a história é interessante, e mantém o jogador engajado — nem que seja pela curiosidade.

Investigação forense futurista

Nobody Wants to Die é um jogo mecanicamente simples — na praática, quase um walking simulator. O grosso do gameplay envolve visitarmos cenas de crimes relacionadas ao caso principal, a fim de juntar as peças deste quebra-cabeças sinistro.

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Nestas horas, temos à nossa disposição um conjunto de ferramentas forenses. Algumas são até que comuns, tipo uma câmera fotográfica, uma lâmpada ultravioleta e um mini aparelho de raio x.

Como estamos em um futuro cyberpunk, porém, temos algo mais tecnológico e extravagante: uma manopla que nos permite rebobinar o tempo. Ela é nossa maior aliada na hora de explorar ambientes caóticos em busca de respostas.

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A mecânica de rebobinar o tempo atrelada à investigação lembra coisas que já vimos diversas vezes, em jogos como Batman Arkham Origins e Return of the Obra Dinn. Retroceder e pausar o tempo para passear pelo ambiente pode nos mostrar, por exemplo, a trajetória de uma bala, ou o que determinado personagem estava fazendo antes de morrer.

Juntando os pontos

Depois que vasculhamos cenas de crimes e coletamos pistas, é chegada a hora de ligar os pontos e criar hipóteses. Sabe aqueles quadros de investigação repletos de fotos, evidências e fios conectando tudo que a gente já viu em um milhão de filmes e séries de detetive? Aqui, temos uma variação high tech deste conceito.

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Funciona assim: esporadicamente, vamos retornar ao apartamento de James, que vai liberar espaço no chão da sala para expor tudo o que aprendeu. Ele faz isso espalhando garrafas de bebidas, que simbolizam fatos que precisam ser analisados.

Temos também questionamentos que, quando “combinados” com esses fatos, geram hipóteses. Nem toda hipótese é útil, mas, ainda que seja possível ir “chutando” na tentativa e erro, é legal realmente prestar atenção no que é dito e mostrado, para combinar os questionamentos com as pistas de maneira lógica.

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Confesso que achei esse mini-game de ligar os pontos um pouco chatinho e nem tão intuitivo quanto poderia ser. Em alguns momentos, eu simplesmente fui chutando até descobrir qual a hipótese se aplicava à pista.

Audiovisual

Usando o poder da Unreal Engine 5, Nobody Wants to Die é um jogo impressionante visualmente. Os cenários e a ambientação são deslumbrantes. A Nova York futurista que vemos aqui é escura, úmida e opressora por fora, mas repleta de ambientes chiques e suntuosos por dentro.

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Por ser um jogo narrativo, não podemos explorar livremente a cidade — vamos para onde a história nos leva, afinal –, mas pelo que nos é apresentado, fica claro que, em termos de construção de mundo cyberpunk, o game não deve nada para as melhores obras do gênero. A trilha sonora não é das mais presentes, mas acrescenta um clima noir que tem tudo a ver com a premissa investigativa do jogo

Já falei da importância dos diálogos neste jogo, e eles não seriam nada sem boas interpretações. Felizmente, os dubladores fazem um excelente trabalho, concedendo muita personalidade e emoção aos personagens. O jogo não foi dublado em nosso idioma, mas possui menus e legendas em português brasileiro — o que é uma mão na roda em um jogo tão focado em sua história.

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Jogando no PS5, não tive nenhum problema técnico digno de nota: o jogo rodou liso, com loadings praticamente inexistentes e uma performance satisfatória. Dada a beleza do jogo, só ficou faltando um Photo Mode para ficar perfeito.

Conclusão

Nobody Wants to Die é uma grata surpresa. Eu vim pelo visual e pela ambientação, mas acabei sendo fisgado mesmo pela profundidade de seus personagens e pelas relações humanas que se entrelaçam ao crime que estamos investigando.

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É verdade que, em termos de gameplay, ele não tem muito a oferecer. Mecanicamente tudo é muito simples, e a “receita” das investigações é meio que a mesma ao longo de toda a campanha — que dura umas 6 ou 7 horas.

Apesar disso, se você se deixar levar pela história — e, principalmente, pelos diálogos — vai desfrutar de uma experiência envolvente e muito cativante, em um mundo cyberpunk de cair o queixo.

Nobody Wants to Die está disponível para PC, Playstation 5 (versão analisada) e Xbox Series.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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