Análise Arkade: brincando com fogo no interessante Nocturnal

23 de junho de 2023
Análise Arkade: brincando com fogo no interessante Nocturnal

Certos jogos partem de uma premissa básica, mas conseguem explorá-la de maneiras muito engenhosas. É o caso de Nocturnal, game que você conhece melhor em nossa análise!

Névoa, fogo e melancolia

Nocturnal é um jogo com foco em ação, combate e plataforma 2D. Sua narrativa é minimalista: o protagonista, Ardeshir, é um espadachim que passou muitos anos longe de sua terra natal e, ao retornar, encontra o lugar abandonado e melancólico, coberto por uma névoa sinistra.

Análise Arkade: brincando com fogo no interessante Nocturnal

Para combater a crescente escuridão, o personagem precisa tornar-se uma espécie de “carregador” do fogo. Em outras palavras, ele pode inflamar sua espada em tochas e archotes, e deve, então, carregar a chama, acendendo outras tochas pelo caminho e usando a luz a seu favor.

Análise Arkade: brincando com fogo no interessante Nocturnal
Queimando a escuridão

Isso é necessário porque o personagem morre rapidamente na escuridão. O fogo também nos ajuda a enfrentar as criaturas sombrias que habitam as trevas. Mas o fogo, obviamente, se apaga. Só podemos manter nossa espada “acesa” por alguns poucos segundos. E é aí que entra a criatividade da produtora Sunnyside Games.

Brincando com fogo

Nocturnal baseia-se totalmente nessa ideia de “carregar o fogo” para lá e para cá na espada do personagem. Porém, o jogo explora muito bem essa ideia, e consegue manter sua breve campanha variada e divertida ao longo de toda sua duração.

Análise Arkade: brincando com fogo no interessante Nocturnal

Além da ação básica — carregar o fogo no fio da espada e acender tochas — ele cria diversas situações: em um momento, teremos que correr atrás de uma tocha móvel. Em outro, somos perseguidos por um cão das trevas, ou temos que acelerar para não sermos engolidos pela tela. Acender tochas abre portas, aciona plataformas e permite que sigamos em frente, em uma jornada que é linear — apesar da cara de MetroidVania — mas que possui alguns segredos e passagens secretas.

Confira um pouquinho de gameplay com foco em plataforma e agilidade no vídeo abaixo:

Entre saltos por plataformas, correrias e elevadores, também há combate: os inimigos são agressivos e batem forte, o que torna os combates intensos e estratégicos, apesar da simplicidade dos comandos. Bata, esquive-se, atire seu shuriken, role para trás do inimigo… e tente fazer tudo isso enquanto mantém a chama da sua espada aceso, pois certos inimigos só tomam dano por fogo!

Não há itens de cura em Nocturnal. O que ganhamos é a habilidade de sacrificar a labareda da arma para recuperar um pouco de vida. É um forma interessante de incorporar a cura à principal mecânica do jogo, e ainda exige que o jogador pondere o momento certo de se curar, pois a escuridão chega rápido e é implacável.

Análise Arkade: brincando com fogo no interessante Nocturnal

Mecanicamente é tudo muito simples, mas bem executado. Nocturnal é um daqueles casos em que “menos é mais”: o jogo não ousa demais, mas faz bem feito o que se propõe. E também não se alonga demais, pois com isso, correria o risco de exaurir suas ideias e ficar chato.

Audiovisual

Confesso que me interessei por Nocturnal por ele ter uma estética que me lembra um pouco Prince of Persia. E, de fato, é possível traçar certos paralelos. A ambientação, a postura do personagem e o “peso” de sua movimentação tem um que de rotoscopia que remete aos primórdios da saga do príncipe.

Análise Arkade: brincando com fogo no interessante Nocturnal

Além disso, estamos a maior parte do tempo dentro de templos abandonados repletos de elevadores, estátuas, portas trancadas e plataformas móveis. E há muitos elementos destrutíveis: o fogo consome plantas, cortinas e estandartes com rapidez e a forma como o calor do fogo “queima” a névoa ao redor de Ardeshir é muito bonita. São apenas detalhes, mas que concedem muito charme ao jogo.

“Charmoso”, aliás, é uma boa palavra para definir o departamento audiovisual de Nocturnal. Ele não é lindo a ponto de deixar o jogador boquiaberto, mas seu mundo parece ter sido criado com muito esmero. Ocasionalmente, o ritmo desacelera, e o jogo nos dá tempo de sentar, ouvir histórias de NPCs melancólicos ou simplesmente cruzar uma planície chuvosa ao som de uma bela música.

Análise Arkade: brincando com fogo no interessante Nocturnal

A trilha sonora é sutil na maior parte do tempo, mas ganha volume e um tom épico quando o jogador precisa encarar algum desafio ou persegução. Não há vozes no jogo, mas os efeitos sonoros enriquecem a ambientação. Ah, e o jogo possui menus e legendas em português brasileiro.

Conclusão

Nocturnal não é realmente único nem revolucionário, mas surpreende por ser criativo e bem executado em sua simplicidade. Embora se apegue à uma mesma mecânica, ele nunca fica cansativo, e combina um ritmo agradável com boas ideias e um nível de desafio bem calibrado.

Análise Arkade: brincando com fogo no interessante Nocturnal

É aquele tipo de jogo que talvez a gente não dê muita moral em uma primeira olhada, mas, quando jogamos, vemos que ele brilha por sua execução. Não vai mudar a vida de ninguém, mas é gostoso de jogar e facilmente recomendável, especialmente para quem é fã de jogos de ação e plataforma 2D.

Nocturnal está disponível para PC, Playstation 5 (versão analisada), Playstation 4, Xbox Series X|S, Xbox e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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