Análise Arkade: Omen of Sorrow é luta entre monstros da literatura e do cinema

7 de novembro de 2018

Análise Arkade: Omen of Sorrow é luta entre monstros da literatura e do cinema

Que tal um game de luta 2.5D que busca inspiração em clássicos da literatura para construir seu lore? Se esta proposta lhe agrada, dê uma olhada em nossa análise de Omen of Sorrow!

Contextualizando

Omen of Sorrow  é um jogo de luta em 2.5D desenvolvido pela pouco conhecida AOne Games, que chamou a atenção justamente por se apropriar de personagens literários ou folclóricos na construção de seu universo.

O elenco do game envolve, por exemplo, a figura do Quasímodo, também conhecido como Corcunda de Notre-Dame, e também traz Imhotep, sábio egípcio cujo nome você talvez lembre dos antigos filmes d’A Múmia. Também temos Dr. Hyde (alusão ao clássico O Médico e o Monstro) e até mesmo Adam, a criatura grotesca que foi animada pelo cientista maluco Victor Frankenstein na obra de Mary Shelley.

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Não é Crepúsculo, mas tem vampiro e lobisomem caindo na porrada

Por um lado acho bem legal esse “viés literário” do elenco, por outro, não se pode negar que pouca coisa ali parece realmente inovadora. Jogos como o saudoso Darkstalkers e até mesmo Killer Instinct já colocaram vampiros, múmias e lobisomens para brigar, de modo que o conceito destes personagens não é algo genuinamente novo dentro dos fighting games.

conceitos de amizade, lealdade e traição envolvidos no Modo História do game — que traz 3 campanhas independentes, focadas em diferentes personagens. Ainda que as narrativas das tais histórias não façam jus à qualidade literária das obras que deram origem aos personagens, é válido o esforço dos produtores em oferecer esta quantidade de conteúdo single player, além de modos Arcade, Versus, OnlineSobrevivência e Treinamento que não podem faltar.

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Os diálogos do Modo História são desenvolvidos assim…

Sendo honesto, achei as campanhas meio chatinhas nem tanto pela narrativa, mas pela forma meio sem graça com que a história é desenvolvida, e por termos que enfrentar os mesmos inimigos mais de uma vez (algumas vezes em sequência). Aqui não tem nada de muito cinematográfico, tudo é bastante simples e com muitos diálogos.

Pancadaria bem calibrada

Omen of Sorrow apresenta um esquema de quatro botões de ataque que lembra um pouco o que vemos em Mortal Kombat, com dois botões de soco e dois de chute. Além disso, há um botão de agarrão e outro de habilidade.

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Obviamente, a habilidade suprema de cada lutador traz um show off básico

Como de praxe, magias e golpes especiais envolvem a utilização dos botões de ataque básicos + combinações no direcional. A famosa “meia lua” se faz presente aqui, mas o jogo também utiliza comandos mais simples, tipo “↓ ↓ + chute”.

Confira um combate do vampiro Vlad contra o lobisomem Caleb no vídeo abaixo:

Alguns personagens têm diversas variações, então gastar um tempinho na sala de Treinamento pode ser uma boa ideia. O Dr. Hyde, por exemplo, é capaz de atirar ampolas com substâncias coloridas que causam efeitos variados, ou mesmo injetá-las em si mesmo para um boost de seus próprios atributos. Se você não praticar um pouco com ele, vai simplesmente ficar jogando as poções à esmo, sem saber exatamente o que elas causam.

Além da barra de especial tradicional (dividida em 2 segmentos), o jogo tem um “Medidor de Sorte” e um “Medidor de Destino” que são preenchidos conforme a luta se desenrola. Confesso que não entendi direito como eles afetam a luta na prática, mas pretendo estudá-los mais a fundo em minhas próximas jogatinas.

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A “modesta” tela de seleção de lutadores

O jogo traz poucos personagens selecionáveis — são apenas 9 iniciais, mais 2 desbloqueáveis –, mas faz um bom trabalho em torná-los bem diversificados e únicos, com poderes e habilidades bem distintos. Além das já mencionadas poções do Dr. Hyde, vemos Imhotep summonando múmias e conjurando tornados de areia, enquanto o lobisomem Caleb usa seus dentes e garras para atacar. Os poderes são condizentes com cada lutador.

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Imhotep é feito de areia, então ele pode se dividir ao meio

Ainda que seu gameplay não seja super fluido — digamos que, mecanicamente, Omen of Sorrow está mais para Injustice do que para Marvel Vs. Capcom –, com alguma prática é possível realizar combos bacanas, misturando os ataques simples com as habilidades especiais de cada personagem. Aliás, esse é um dos poucos jogos de luta atuais que não vem com aquela chatice de “easy combos”, o que considero um ponto positivo. No geral o jogo está bem balanceado, com uma hitbox precisa e gameplay bem calibrado.

Audiovisual

Rodando na sempre versátil Unreal Engine 4, Omen of Sorrow não é realmente um deleite para os olhos, mas também não faz feio. Seria injusto colocá-lo ao lado de Mortal Kombat X, por exemplo — que também foi feito na Unreal –, mas isso provavelmente deve-se mais ao escopo do jogo (e ao tamanho do orçamento) do que à qualidade em si.

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Os cenários são muito bonitos, lembrando coisas que vemos em Van Helsing, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, e outros filmes do tipo, com moinhos e florestas em chamas, cemitérios e torres de igreja. Não acho o character design da maioria dos personagens particularmente interessante, mas alguns — como Imhotep — estão bem legais.

A trilha sonora cumpre seu papel, sem realmente se destacar. Os diálogos da história não possuem vozes, mas nos combates os personagens soltam suas frases de efeito ao aplicarem magias e golpes especiais. O game recebeu suporte para o nosso idioma, e está com menus e legendas em português — na verdade parece mais português de Portugal do que do Brasil, mas tá valendo.

Conclusão

Omen of Sorrow não é o melhor jogo de luta disponível, mas sem dúvida é esforçado o bastante para garantir seu lugar ao sol. Considerando que é bem difícil vermos estúdios menores explorando o gênero — as grandes franquias estão nas mãos de empresas gigantes, tipo Capcom, Bandai Namco, SNK, Arc System Works –, ele não deixa de ser uma boa surpresa para a comunidade de fighting games. Meu jogo de luta favorito é indie (Skullgirls <3), então apoio muito a chegada de novas empresas e IPs ao mercado.

Se você curte clássicos da literatura fantástica e não vê estas obras sendo muito representadas no mundo dos games, Omen of Sorrow pode lhe agradar, e houve um real empenho em desenvolver o lore do jogo. Fãs de injustice também vão se sentir em casa com o estilo de gameplay presente aqui. Se essa galera povoar os servidores e formar uma comunidade sólida, o futuro de Omen of Sorrow pode ser bem promissor.

Omen of Sorrow foi lançado ontem (06/11), exclusivamente para Playstation 4. O game também deve chegar aos PCs e ao Xbox One no futuro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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