Análise Arkade: Ori and the Will of the Wisps é uma obra-prima dos videogames

19 de março de 2020
Análise Arkade: Ori and the Will of the Wisps é uma obra-prima dos videogames

Finalmente! Depois de exatos 5 anos desde o lançamento do primeiro game, Ori and the Will of the Wisps foi lançado! E a espera valeu a pena: o jogo é absolutamente incrível, e consegue expandir (e muito) todos os conceitos apresentados no jogo original!

Novos amigos, novos problemas

Ori and the Will of the Wisps é uma sequência direta do excelente primeiro jogo, Ori and the Blind Forest. Ao final da primeira aventura, vemos que o ovo restante da enorme coruja Kuro, estava rachando. Aqui vemos a corujinha, Kun, sendo criada como uma irmã mais nova de Ori pela simpática Naru e por seu estranho companheiro Gumo.

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“Essa família é muito unida”

Esta família fora dos padrões viveria feliz na floresta, se não fosse um grande porém: a corujinha Kun nasceu com um problema na asa direita, o que a impossibilita de voar. Todos tentam ajudá-la, sem sucesso, e ela acaba ficando triste e deprimida por sua situação.

É diretamente do passado que vem a solução: Ori resgata a pena de Kuro (usada por ele como um paraquedas) e faz com ela um “remendo” na asa de Kun. Agora a corujinha pode voar e, levando seu “irmão” nas costas, se joga rumo a novos horizontes… mas é claro que nem tudo dá muito certo.

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Ori e Kun em um famoso “momentos antes da desgraça acontecer”

Uma terrível tempestade acomete-se sobre os dois, que acabam se separando em uma região dominada pela Corrupção, que definitivamente é bem mais perigosa do que a Floresta de Nibel, onde cresceram. Assim, nossa missão inicial é reunirmos novamente a dupla, mas isso é só uma parcela da grande jornada que nos aguarda em Ori and the Will of the Wisps!

Sem revelar spoilers da trama, posso adiantar que o Moon Studios acertou a mão (de novo): a narrativa deste novo jogo se mantém simples, mas bastante emotiva e cheia de significado. Novamente, Ori e seus amigos conseguem emocionar o jogador sem que muitas palavras precisem ser ditas. Ori and the Will of the Wisps traz uma história linda de superação, coragem e companheirismo.

Gameplay ainda mais afiado

Dizer que Ori and the Blind Forest era um jogo lindo é “chover no molhado”, uma vez que isso ficava evidente em qualquer screenshot do jogo. Mas, quem jogou sabe que ele não era apenas um rostinho bonito: seu gameplay preciso e muito bem calibrado oferece uma experiência de jogo incrivelmente ágil e prazerosa. Parecia difícil conseguir melhorar o jogo mecanicamente, mas os produtores conseguiram: Ori and the Will of the Wisps é ainda mais variado, preciso e divertido de se jogar!

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Grande parte disso se deve às novas habilidades que podemos conquistar durante o jogo: velhas favoritas estão de volta — com destaque para o Bash, que nos permite “ricochetear” em projéteis e elementos do cenário, catapultando o personagem na direção oposta –, mas há espaço para muitas novidades, com direito a pulos triplos, uma “chicotada” que nos puxa para perto de certos objetos, e por aí vai. Ori agora pode até perfurar pedras com seu corpo, girando feito uma broca para abrir caminhos por certos tipos de formações rochosas!

Há uma boa variedade de novas habilidades aqui, e é incrível como todas elas “conversam” com as antigas e se integram ao gameplay com muita naturalidade. O level design, mais uma vez, obriga o jogador a pensar (e agir) rápido, fluindo entre uma habilidade e outra enquanto supera plataformas e obstáculos cada vez mais cabeludos. O novo jogo sem dúvida consagra a série Ori como uma das mais desafiadoras e gostosas de se jogar dentro do nicho dos MetroidVanias e jogos de plataforma 2D.

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As “perseguições” — que colocam Ori para fugir de enchentes e monstros gigantes enquanto corre e salta alucinadamente — estão de volta, mais intensas e cinematográficas do que nunca. Deixo abaixo uma delas, que é curtinha, mas bem intensa:

Estes momentos épicos coroam a experiência e recompensam o jogador que realmente dominou os controles sobre nosso pequeno protagonista, que inclusive está um pouco mais articulado, com gemidos e suspiros que lhe concedem um pouco mais de personalidade.

Vale ressaltar ainda que este novo jogo dá mais colheres de chá do que o original: espinhos não matam mais de primeira, o jogador agora pode se curar (há uma habilidade para isso), e não mais precisa criar seus próprios checkpoints. O jogo é generoso com seus checkpoints, de modo que você quase nunca perde mais de um ou dois minutos em caso de morte (acredite: você vai morrer bastante).

Agora tem combate de verdade (e até chefes)

Uma das principais queixas dos fãs em relação ao primeiro game era como seu combate era pouco inspirado, e parecia feito às pressas. Ori tinha basicamente uma centelha de luz, que usava para golpear inimigos e explodir coisas.

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Agora ,ele está muito mais versátil: sua luz espiritual manifesta-se na forma de diferentes armas, como uma “espada” de luz (que é a arma inicial), uma lança e até um arco e flecha! É muito legal perceber que estas habilidades “de combate” também são úteis na exploração: agora você pode, por exemplo, soltar um projétil explosivo, e utilizar o Bash para ricochetear no seu próprio tiro, em pleno ar!

Ori and the Will of the Wisps deixa de ser um jogo totalmente pautado pela exploração para se tornar um jogo também de combate, com direito a pequenas arenas, desafios e até mesmo batalhas contra chefes!

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Esse é o Grito. Ele é assustador!

Estes, aliás, merecem um parágrafo à parte: tudo o que o universo de Ori tem de lindo e vibrante, eles têm de feio, distorcido e repugnante. Cada chefe parece uma criatura saída de um pesadelo. O design desses monstros é impressionante, ainda que as batalhas contra eles tenham lá seus altos e baixos: umas são boas, outras nem tanto.

Muitas outras novidades!

Voltando às habilidades: como agora Ori tem muito mais poderes à sua disposição, o jogador precisa organizá-los para que tudo funcione. Os botões X, Y e B podem ser associados a diferentes habilidades, que você alterna de maneira rápida e descomplicada através de um menu radial (basta segurar LT).

A árvore de habilidades foi totalmente repaginada: agora temos aquelas que conquistamos em árvores ancestrais (e são as principais), e outras, que funcionam como perks e buffs, que podem ser compradas ou encontradas pelo cenário. Você não pode equipar todas ao mesmo tempo, mas quanto mais explora, mais “nods” libera no seu inventário, e se no início da jornada temos como equipar apenas 3 skills, ao final do jogo podemos ter 8 slots para usar!

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NPCs irão lhe pedir muitas coisas

Aí entra outra novidade que pode dividir opiniões: Ori and the Will of the Wisps é um jogo de videogame muito mais tradicional do que seu antecessor. Isso quer dizer que agora vamos conversar com NPCs, que irão nos pedir coisas (sidequests), e podemos usar nosso “dinheiro” para adquirir incrementos e habilidades em uma “lojinha”. Coisas bem típicas de videogames que não existiam no primeiro jogo.

Considerações pessoais

Ainda que eu ache uma parte destas novidades um tanto dispensáveis, é óbvio que elas dão uma boa esticada na experiência, e sem dúvida conseguem dar um bocado de trabalho para quem joga querendo fazer 100% em tudo. Há até um componente online, que chega na forma de corridas, e conta com leaderboards globais para que os jogadores comparem seus resultados.

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Por um lado, acho incrível como a Moon Studios conseguiu colocar tanta coisa diferente neste jogo. Por outro, acho que estes novos elementos mais “tradicionais” tornam a experiência um pouco menos especial. Sem isso, Ori and the Blind Forest tinha mais o feeling de uma grande jornada, uma aventura fluida e envolvente onde colecionar coisinhas não era tão importante. Ori and the Will of the Wisps, por sua vez, fica um pouco mais amarrado, um pouco mais com “cara de jogo de videogame”.

Mas, é aquilo: como em todo game, é possível simplesmente ignorar todas essas firulas e focar-se apenas na missão principal. Porém, nem sempre é fácil saber qual o próximo passo a ser dado para que a história ande (o mapa enorme e todo interligado pode ser meio confuso de vez em quando), e cumprir alguma sidequest ou conversar com alguém pode acabar lhe dando uma ideia do que fazer a seguir.

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E esse nem é o mapa completo…

E, reforço que, apesar dessas “gordurinhas”, o jogo é primoroso, e o cenário de speedruns dele tem tudo para ser incrível: há uma conquista para quem termina o jogo em menos de 4 horas (eu levei mais de 15 horas, e zerei com 96%!), e ele oferece TANTAS possibilidades de locomoção, que estou curioso para ver como os “profissionais” vão aproveitar todo este arsenal de pulos, dashes e movimentos para passar (quase literalmente) voando pelo mapa em busca do menor tempo possível!

Audiovisual (e bugs)

Como já disse antes, enaltecer a beleza deste jogo é chover no molhado. Ori and the Will of the Wisps é uma verdadeira obra de arte interativa, e cada frame deste jogo poderia tranquilamente ser emoldurado e colocado em uma parede, de tão maravilhosa que é sua direção de arte.

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Sério, olha isso! <3

O mundo de Ori está mais físico e responsivo do que nunca. Notar como as folhas balançam quando ele passa, ou como uma plataforma oscila sob seu peso, são detalhes bem impressionantes. Os efeitos de luz, as partículas, o mix de 2D com 3D e o som de seus passos sobre diferentes superfícies… absolutamente tudo está ainda mais polido e caprichado.

Este é um jogo que agrada olhos, dedos e ouvidos. Ele é lindo de um jeito que deixa a gente de queixo caído (olhos), tem um gameplay delicioso (dedos) e uma trilha sonora orquestrada (ouvidos) que combina perfeitamente com todo o resto, e ajuda a criar a atmosfera certa e, de quebra, emocionar o jogador.

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Eu diria que ele é um jogo perfeito tecnicamente… se não fossem alguns bugs pentelhos que, infelizmente, marcaram a experiência. Antes de seu lançamento, Ori and the Will of the Wisps tinha problemas mais graves (alguns jogadores até perderam seus saves), que foram corrigidos nos últimos dias, mas mesmo agora, mais de uma semana após sua launch date, o jogo ainda dá umas travadinhas incômodas e sofre com quedas de framerate, áudio com volume inconstante e outros problemas.

E, olha que eu passei por tudo isso rodando o game no Xbox One X — o que me leva a crer que o desempenho no Xbox One padrão/S deve ser ainda pior. Sei que boa parte dos problemas podem ser resolvidos com patches, mas não deixa de ser uma mancha em um jogo que, sem isso, seria praticamente perfeito.

Conclusão

Dito isso, peço que não deixe que alguns poucos bugs te impeçam de experimentar Ori and the Will of the Wisps: o jogo é uma obra-prima em praticamente todos os sentidos, e consegue aliar uma grande história a um gameplay insanamente preciso e um excelente um nível de desafio.

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No geral, ainda gosto um pouco mais do primeiro jogo, mas isso não significa que ele seja “melhor”, acho que é só o caso de que ele me marcou mais por ter sido o pioneiro. O que temos aqui sem dúvida evolui e expande praticamente tudo o que foi apresentado em Ori and the Blind Forest, e mostra que é possível, sim, lapidar e aprimorar algo que parecia irretocável.

Ori and the Will of the Wisps é um jogo indispensável para quem tem Xbox One ou PC — especialmente por fazer parte do catálogo do Game Pass (e do Game Pass Ultimate). Então, Marcus Fenix e Master Chief que me perdoem, mas para mim, nessa geração Ori é quem representa o que há de melhor no “lado verde da força”. <3

Ori and the Will of the Wisps foi lançado em 11 de março de 2020 (exatamente 5 anos após o game original), e está disponível para Xbox One e PC, com menus e legendas em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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