Além do Review Arkade: Overwatch no Nintendo Switch – um veredicto honesto

26 de outubro de 2019
Além do Review Arkade: Overwatch no Nintendo Switch - um veredicto honesto

Agora que esta geração está entrando em sua reta final, acho que é seguro afirmar que Overwatch foi o jogo que mais consumiu horas da minha vida ao longo dos últimos anos. E quando eu achei que estava conseguindo “me livrar” dele, eis que o jogo chegou ao Nintendo Switch!

Aí sabe como é, trabalho é trabalho… Tive que experimentar o jogo no Switch, para trazer ao site este artigo que você está lendo agora. Aí achei que seria bom jogar um pouquinho no Playstation 4, porque né, seria bom poder comparar, e tal.

Aí aproveitei e tirei o pó da versão PC do jogo também, afinal, é a “melhor versão” do jogo… e nessa brincadeira, eu passei os últimos dias jogando Overwatch em 3 plataformas diferentes, e estou aqui para dar um parecer um pouco diferente do que a “imprensa gamer mundial” anda divulgando.

Como assim um FPS competitivo rodando a 30fps?

Confesso que o anúncio de Overwatch para o Switch me causou um misto de empolgação e receio. Eu amo o jogo, e não seria nenhum sacrifício jogá-lo em mais uma plataforma, mas também estava com medo dos inevitáveis ajustes (aka downgrades) que a Blizzard — ou, no caso, a Iron Galaxy, responsável pelo port — teria que fazer no game para ele rodar de maneira satisfatória.

Além do Review Arkade: Overwatch no Nintendo Switch - um veredicto honesto
Switch pronto para batalha!

Mas, considerando que o Nintendo Switch anda rodando até The Witcher 3 ultimamente — aliás, também estou jogando ele, e logo teremos um artigo bacana por aqui — e a Iron Galaxy já fez um bom trabalho ao trazer Diablo III para o console híbrido da Big N, quem sabe as concessões não seriam tão severas com o hero shooter da Blizzard.

Aí veio a confirmação de que o jogo rodaria a 30fps, o que me pareceu algo muito ruim. Um jogo de tiro competitivo rodar a 30fps me parecia um downgrade grande demais, algo que sem dúvida iria gerar insatisfação na comunidade e no cenário competitivo como um todo.

Porém…

Deve-se ressaltar que a Blizzard e a Iron Galaxy foram bem espertas ao limitar a taxa de quadros do game. É uma questão de lógica: um jogo que roda fluido em 30fps é bem melhor do que um jogo que fica engasgando e sofrendo de “travadinhas” por não conseguir se manter nos 60fps.

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Ao “nivelar por baixo”, elas garantiram uma experiência de jogo sólida e consistente, sem os engasgos, quedas de fps e travadas que poderiam realmente arruinar a experiência de jogo da comunidade.

Não sei o quanto o framerate reduzido afeta o lado competitivo hardcore do jogo (ainda não estão rolando partidas rankeadas no Switch), mas, com todo mundo em 30fps, não há desvantagem, todos jogam em pé de igualdade, então creio que isso não será realmente um problema… mas só o tempo trará a resposta.

Se bem que…

Sejamos honestos: os pro-players e a galera que realmente leva o competitivo a sério meio que não está nem aí para o Switch. Essa galera joga no PC, e os torneios vão continuar rolando no ecossistema do PC. Ali, o céu é o limite no que diz respeito à framerate, desempenho e outros detalhes técnicos. É no PC que Overwatch é, de fato, um eSport.

Além do Review Arkade: Overwatch no Nintendo Switch - um veredicto honesto

Embora eu tenha jogado centenas de horas em duas plataformas diferentes (e agora, com o Switch, já são três), nunca levei Overwatch tão a sério. Sempre joguei para me divertir — e sim, isso inclui passar raiva, xingar e ter vontade de tacar o controle/mouse na parede.

Aí eu lembrei quão pouco essa diversão tem a ver com a taxa de framerate ou a qualidade das texturas. E foi com isso em mente que eu me senti mais confiante na hora de encarar esta versão “piorada” de Overwatch no Switch, que nos foi enviada pela Blizzard.

O “fator Switch”

Hoje, pouco mais de uma semana depois que comecei esta minha (nova) jornada por Overwatch, falo com sinceridade: dane-se a taxa de framerate! Nos últimos dias, eu pude jogar Overwatch no trabalho (que meu chefe não leia isso). No banheiro. Na sala de espera do dentista. No shopping. Só não joguei no Uber porque precisava de internet, mas até a Wi-Fi do McDonalds eu “roubei” para uma partidinha rápida depois do almoço!

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E o melhor é que ela acabou em vitória! Valeu Ronald!

E é aí — na portabilidade e na praticidade — que o Nintendo Switch brilha, e entrega uma experiência que nenhuma outra plataforma é capaz. Pode parecer bobagem, mas a possibilidade de “jogar em qualquer lugar” é ótima, especialmente quando é um jogo que você gosta muito. E é jogando que a gente se diverte. Quando você está se divertindo com o console na mão, longe de casa, detalhes técnicos deixam de ser tão importantes.

Confesso que as novidades exclusivas da versão Switch — tipo mirar usando os sensores de movimento e giroscópios dos Joy Cons — são só bijuterias, que não melhoram nem pioram o jogo. É divertidinho, a gente testa uma vez, percebe que não acerta um tiro, e volta para o bom e velho direcional (só passar no menu e desativar os controles por movimento).

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Pede pra nerfar, n00b!

E outra: nem todo mundo vai ter essa “regalia” de ter o jogo em 3 plataformas diferentes — em minha defesa, só comprei uma delas (a de PC), as outras recebi para fins de análise. Sem o fator comparação, isso torna-se ainda ainda mais irrelevante: para quem só vai jogar no Switch, a performance do jogo está mais do que boa. Salvo as devidas proporções, Overwatch no Switch roda melhor do que Control no PS4 Pro. #prontofalei

Mas já que é para comparar…

Dito isso, é claro que, ao comparar as 3 versões do jogo — rodando no PS4 Pro, no PC e no Nintendo Switch –, a versão Switch é a mais pobrezinha. Além do framerate cortado pela metade, o jogo perdeu um bocado em texturas, efeitos de luz e sombra, plantinhas, folhagens, elementos de cenário e outros detalhes que, como um todo, deixam ele mais bonito nas demais plataformas.

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Salvo alguns ajustes, o visual segue estiloso e colorido.

Confesso que a diferença de framerate me incomodou bem menos do que eu esperava. É nítido que no PC e no PS4 Pro a movimentação como um todo é “mais rápida”, mas durante as partidas — quando o payload está se movendo e as balas estão voando pelo ar — a gente nem se liga que está jogando umas versão “mais lenta” do jogo. Como eu já disse, seria bem pior jogar com a taxa de fps capengando e o jogo travando.

No geral, jogando na TV, achei o visual mais lavado, menos vibrante. E as texturas de roupas, tatuagens e de alguns detalhes do cenário (tipo os pôsteres de filmes no mapa Hollywood) são bastante inferiores. Mas, isso só fica escancarado jogando na TV, e só quando você realmente para pra prestar atenção (algo difícil de fazer no calor da partida).

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Esse tipo de textura está em baixa resolução no Switch. Não que isso afete na jogatina…

Aliás, esse downgrade visual só fica realmente perceptível quando a gente joga com o Switch em seu dock, plugado na TV. No modo portátil, com a tela menor, em uma resolução menor, isso nem incomoda. E, eu joguei com tudo plugado em uma TV 4K — talvez em um aparelho Full HD os “defeitos” a versão Switch sejam menos evidentes. O fato é: no portátil, o jogo roda de boas e nem parece mais feinho.

E, só para relembrar, essas diferenças só ficam claras porque eu tenho como comparar. Quem só vai jogar no Switch não vai ter muito do que reclamar se estiver mais preocupado em curtir o jogo e menos em ficar achando problemas.

Conclusão

Acho que ninguém esperava que o Switch recebesse a “melhor versão” de Overwatch — nem de jogo nenhum, sejamos honestos –, mas é o “fator Switch” descrito lá em cima, a comodidade de poder jogar em qualquer lugar, que faz a diferença.

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E, vistos de longe, os pôsteres de Hollywood estão bem bonitos.

Nos últimos dias, vi grandes sites gringos ostentando manchetes dramáticas tipo “o Nintendo Switch não aguenta Overwatch” (no Kotaku) e “Overwatch é demais para o Switch” (no Polygon). Pois bem, nobres colegas estrangeiros, permitam-me discordar.

O Nintendo Switch não tem a melhor versão de Overwatch, e isso já era esperado. Tudo que é portado para o Switch sofre alguns downgrades, simplesmente porque ele tem menos poder de fogo que um PS4, um bom PC e um XOne.

Além do Review Arkade: Overwatch no Nintendo Switch - um veredicto honesto
Vale ressaltar que o jogo tá completão, com todos os personagens e mapas

Porém, ajustes feitos e expectativas calibradas, é fato que o jogo está rodando muito bem no Switch. A 30fps e com um visual um pouco mais simplezinho, mas está. E no que tange a experiência do usuário, os 30fps garantem que a jogatina role sem ficar engasgando.

Acho injusto o veredicto dos supracitados sites gringos, que crucificam o Overwatch do Switch porque estão simplesmente fazendo comparações, sem levar em consideração o esforço que foi feito para o jogo rodar decentemente em uma plataforma “inferior”. Eles mencionam bugs que não presenciei (tipo modelos de personagens não carregarem), e sei que isso impacta na opinião de cada um, mas minha experiência com Overwatch no Switch tem sido boa na maior parte do tempo.

No meu caso, jornalista de games “privilegiado” que sou, poderei escolher: quando quiser jogar “a melhor versão” de Overwatch, volto para o PC. Quando eu estiver a fim, jogo no PS4. Mas para isso terei que estar em casa, preso à uma interface que envolve cabos e equipamentos pesados. Com o Switch, levo Overwatch na mochila para qualquer lugar — e posso jogar no banheiro, no shopping, na sala de espera do dentista, no McDonalds… e isso é algo que só o Switch oferece. Só faltava uma integração multiplataforma da conta da Blizzard para compartilhar minhas estatísticas e skins, aí tava perfeito. #firstworldproblems

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<3

Mas eu tenho essas regalias porque trabalho com isso, e tenho consciência de que jogos são caros e nem todo mundo pode se dar ao luxo de ter o mesmo jogo em tantas plataformas. Sem crise: quem só joga no Switch, certamente está ciente das limitações do aparelho, e vai dar um jeito de se divertir sem ficar de mimimi. Algo que os sites gringos não pareceram dispostos a fazer.

(E é por isso que eu me orgulho do trampo que fazemos aqui na Arkade: somos “gente como a gente”, e mandamos a real para você, caro leitor). 😉

Overwatch chegou ao Nintendo Switch em 15 de outubro. Aproveite e confira minha análise da versão PS4 do game, e nossa matéria especial do primeiro aniversário do jogo.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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