Análise Arkade: Path to Mnemosyne é um estranho passeio pela psique humana

30 de abril de 2019

Análise Arkade: Path to Mnemosyne é um estranho passeio pela psique humana

Há jogos que chamam a atenção da gente por vários motivos. Há os jogos bonitos, ou os que trazem uma história promissora. Há jogos que se destacam por causar medo e ansiedade… e há os jogos que simplesmente são estranhos. Path to Mnemosyne está neste último grupo, e esta é nossa análise dele.

Um jogo levemente perturbador

Path to Mnemosyne não tem uma narrativa lá super elaborada, mas é possível coletar algumas informações contextuais. Controlamos uma garotinha que parece perdida em um mundo de sonhos/pesadelos que vai do surrealmente incrível ao claustrofobicamente perturbador em questão de poucos passos.

Controlamos essa garotinha em corredores “sem fim”, resolvendo pequenos puzzles conceituais que liberam acesso a novas áreas. Orbes azuis representam suas memórias, e ocasionalmente teremos  que “organizá-las”, em quebra-cabeças um pouco pentelhos. Nestes momentos, ouvimos o que deve ser a voz de um médico, o que nos leva a crer que ela está em alguma espécie de sanatório.

Análise Arkade: Path to Mnemosyne é um estranho passeio pela psique humana

Ou seja, ainda que de forma velada e bastante subliminar, Path to Mnemosyne é um jogo que trata da psique humana. Ele é bem menos intenso que Hellblade, por exemplo, mas entrega uma experiência imersiva e diferenciada, e faz isso esbanjando estilo e personalidade.

Gameplay simples

Path to Mnemosyne é um jogo extremamente simples em suas mecânicas. Por se tratar basicamente de passarelas infinitas, nosso trabalho é basicamente seguir em frente, ocasionalmente saltando para evitar obstáculos os indo para os lados para acessar novos trechos da passarela.

Análise Arkade: Path to Mnemosyne é um estranho passeio pela psique humana

Os puzzles se dividem em dois momentos: enquanto estamos nos corredores, eles geralmente envolvem pressionar botões e/ou coletar coisas em lugares estratégicos, com uma dose de decoreba aqui e ali (para repetir sequências de botões, por exemplo). É durante estes trechos que coletamos as memórias da personagem.

Já nas partes de “organizar memórias”, nos deparamos com um painel, onde devemos inserir os orbes azuis (que são as memórias) e organizá-los dentro de um padrão proposto. Particularmente, não gosto muito desse tipo de puzzle, e ao invés de tentar uma solução lógica, eu geralmente buscava uma solução aleatoriamente… demora, mas funciona.

Análise Arkade: Path to Mnemosyne é um estranho passeio pela psique humana

Esse tipo de puzzle (o objetivo é deixar todas as esferas azuis)

Fora isso… não tem nada, na verdade. Path to Mnemosyne se resume a correr por passarelas e resolver puzzles. O que nos leva ao ponto no qual o game realmente se destaca, que é seu…

Audiovisual

Path to Mnemosyne é um jogo muito bonito, ainda que essa beleza não seja do tipo “Red Dead Redemption 2“. Seu visual desenhado à mão com poucas cores — basicamente preto, branco, azul e tons de cinza — é bem impressionante, e potencializa o efeito claustrofóbico da mente da personagem (que é, afinal, onde o jogo se passa).

Conforme avançamos pelas passarelas infinitas do game, o cenário vai se desdobrando de maneiras mágicas e até um pouco assustadoras: passamos através de formas geométricas, entramos em olhos gigantes e saímos pelos ouvidos de fetos humanos (?!), enquanto um mundo cinzento desenrola-se ao redor da personagem de forma caleidoscópica. É bonito de um jeito um tanto perturbador.

Análise Arkade: Path to Mnemosyne é um estranho passeio pela psique humana

Achou que eu estava exagerando quando falei dos fetos?

Os efeitos sonoros contribuem com essa estranheza, com muitos ecos e sons psicodélicos que contribuem com a imersão e o clima intimista, levemente opressivo. É um jogo tecnicamente impressionante — apesar de sua simplicidade–, que captura como poucos a estranheza da mente humana.

Conclusão

Path to Mnemosyne é um joguinho estranho e sinistro, mas que tem um charme quase hipnótico, o que torna ele difícil de largar. Se por um lado seus puzzles de “alinhamento de memórias” são meio chatinhos, a curta duração do jogo — cerca de 3 horas — favorecem a experiência como um todo, que não se alonga demais a ponto de se tornar enfadonha.

Análise Arkade: Path to Mnemosyne é um estranho passeio pela psique humana

É o tipo de jogo que definitivamente não é para todo mundo, mas quem experimentá-lo sem dúvida irá curtir a jornada, e de quebra vai vivenciar uma das experiências audiovisuais mais “diferentonas” (de um jeito positivo!) dos últimos tempos.

Path to Mnemosyne está disponível para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

Mais Matérias de Rodrigo

Comente nas redes sociais