Análise Arkade: Pawarumi, um bullet hell com interessantes mecânicas de jokenpo

24 de julho de 2019
Análise Arkade: Pawarumi, um bullet hell com interessantes mecânicas de jokenpo

Se você curte um bullet hell de navinha, esta semana temos um ótimo novo jogo do gênero sendo lançado: Pawarumi incorpora mecânicas de jokenpo ao gênero, e oferece um desafio de alto nível ,confira nossa análise!

Naves tribais

Pawarumi se passa em uma época “pré-Colombiana” majoritariamente tribal. Nosso protagonista é Axo, a melhor piloto de sua tribo. A moça foi possuída por uma forma de vida alienígena, que a forçou a fazer coisas abomináveis contra seu próprio povo.

Quando ela retoma sua consciência e se dá conta da destruição que causou, fica desolada. Agora, só há uma coisa a ser feita: vingar-se. Assim, ela vai usar todos os recursos de sua nave Chukaru para levar fogo e destruição a quem lhe fez perpetrar atos horrendos.

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A história não é realmente complexa, e apresenta-se quase toda na forma de flashbacks. A maior parte das fases mostra Axo ainda possuída. A última fase é a sua vingança. Curiosamente, a dificuldade altera o número de fases e a ordem que iremos enfrentá-las, ou seja, jogar no Easy, Normal ou Hard altera a ordem de acontecimentos — e o modo Easy sequer nos apresenta ao final do jogo.

Jokenpo espacial

Em uma primeira olhada, Pawarumi parece um “shooter de navinha” horizontal bastante tradicional. Porém, o jogo possui um interessante twist em suas mecânicas, que se apropria de elementos de jokenpo para trazer um toque de estratégia aos combates.

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Isso não quer dizer que você vai jogar “pedra, papel e tesoura” com os inimigos, mas que existem diferentes tipos de tiros, que são mais (ou menos) efetivos em inimigos de respectivas cores. É uma releitura de mecânicas elementais do tipo “água x fogo” que já vimos em dezenas de RPGs, com a diferença que aqui os ataques não têm necessariamente propriedades elementais.

A nave Chukaru se modifica em tempo real para usar 3 padrões de ataque distintos, que canalizam a energia de um trio de divindades chamado de Trinity: Condor é um laser (azul), Serpent é uma metralhadora (verde), e Jaguar são mísseis teleguiados (vermelhos). Cada tipo de munição é atribuído a um botão do controle, e todos eles têm munição infinita.

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Aí entra o lado “jokenpo” do game: inimigos azuis tomam mais dano dos tiro Jaguar (vermelhos), e se o inimigo for vermelho, tiros azuis (Condor) causarão mais dano. É uma mecânica bastante simples e auto-explicativa, mas ganha um pouco mais de profundidade com os diferentes recursos do game.

Boost, Crush & Drain

Aí estão alguns termos que você vai ter que aprender e se habituar para se aventurar por Pawarumi. Como eu disse ali em cima, o jogo tem essa mecânica estilo “pedra papel e tesoura” com padrões de ataque e inimigos de diferentes cores. Até aí tá tranquilo, mas usar a cor oposta nem sempre vai ser o que você quer.

Explicando: no rodapé da tela, temos duas barras distintas; uma é a Shield, outra a Super. A Shield indica o quanto de escudo você tem — só temos uma vida em Pawarumi, então manter seu escudo cheio para absorver alguns tiros inimigos é o que vai te salvar da morte em diversos momentos. Já a barra Super é consumida para um super ataque devastador capaz de limpar a tela — ou causar um belo estrago na carcaça de um chefe.

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Os chefes costumam ser gigantes, como manda a tradição

Como encher e/ou recuperar estas barras? Através de diferentes combinações de ataques. Crush é o dano cumulativo que você consegue ao usar a cor oposta a do inimigo (vermelho x azul, verde x vermelho, azul x verde). Seu único papel é causar dano massivo, destruindo inimigos mais rapidamente e sendo um jokenpo bem literal.

Quando você atira em um inimigo com a mesma cor dele, porém (verde x verde, vermelho x vermelho, azul x azul), está entrando no modo Boost — seu tiro aumenta o poder de fogo do inimigo que está sendo alvejado, mas restaura o seu medidor de escudo.

Por fim, quando você resolve usar o padrão de ataque Drain — (verde x azul, azul x vermelho, vermelho x verde) –, seus ataques causarão dano moderado, mas sua barra de especial vai sendo preenchida, o que vai permitir que você carregue-a para chefes ou momentos críticos.

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São mecânicas relativamente básicas, mas que acrescentam camadas extras de complexidade aos combates, e ainda trazem aquela tensão de risco e recompensa: vale a pena deixar seus inimigos ainda mais poderosos para recuperar seu escudo? Esse é o tipo de decisão que você precisa tomar o tempo todo, no calor dos combates, enquanto tenta não ser alvejado por incontáveis projéteis. É estratégico, mas sem quebrar a fluidez (e o caos) de um legítimo bullet hell.

Audiovisual

Ainda que se mantenha fiel ao estilo de jogabilidade 2D típico dos shoot’ em ups, Pawarumi é um jogo com cenários e naves tridimensionais, inseridos em um gameplay 2D. Isso concede profundidade e volume aos modelos, e as cores predominantes do sistema Trinity em neon enriquecem bastante o visual do jogo.

Eu gosto particularmente de como tudo tem um aspecto meio tribal: é quase como se estivéssemos vendo uma releitura futurista de povos como astecas, incas e maias. Há muitas pirâmides, totens e arabescos que remetem a estas culturas. Não lembro de ter visto nada assim em algum outro jogo do tipo, e a criatividade aplicada na concepção do mundo e das naves são dignos de nota.

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Em termos audiovisuais o jogo é mais contido, mas entrega o que se espera do gênero: músicas aceleradas e efeitos de tiros, lasers e explosões satisfatórios. A história é contada através de telas estáticas com belas artes, e os menus e legendas em português brasileiro sem dúvida são muito bem-vindos.

Conclusão

Pawarumi pode até parecer um “jogo de navinha” bastante tradicional, mas ele consegue inserir nuances de gameplay bem interessantes, ao mesmo tempo que foge de convenções típicas do gênero: aqui não há power ups, nem boosts — seu desempenho é realmente pautado pelo seu controle sobre o sistema Trinity e pelo bom uso que faz (ou não) dos diferentes padrões de ataque da nave Chukaru.

Acho que justamente por isso, ele consegue ser especial: é difícil inovar em um gênero tão tradicional, mas Pawarumi consegue fazer isso, e no geral se sai muito bem em tudo o que arrisca fazer. Vale ressaltar que o jogo oferece um tutorial bem explicativo para que o jogador já comece sua jornada entendendo o conceito de Crush, Drain e Boost.

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É possível jogar mesmo sem entender tudo isso? Até é, mas sua jornada será bem mais difícil e penosa. As camadas de estratégia que foram adicionadas à fórmula de Pawarumi estão aí justamente para ajudar o jogador, e irão recompensá-lo se ele não se limitar a “sentar o dedo no gatilho”, e fizer um bom uso do sistema.

Por tudo isso, acho que Pawarumi é um jogo indispensável na galeria de quem é fã de shmups e “jogos de navinha”. Ele traz novidades interessantes e bem resolvidas, que sem dúvida conseguem tornar a experiência diferente de outros jogos do gênero, sejam eles clássicos ou jogos contemporâneos.

Pawarumi está sendo lançado hoje (24/07) com versões para PC, Nintendo Switch e Xbox One. Este review foi feito com base na versão Nintendo Switch do jogo, em uma cópia que recebemos antecipadamente para fins de análise.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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