Análise Arkade: Planet of the Apes – Last Frontier é mais pra assistir do que pra jogar
Se você é fã da atual cinessérie do Planeta dos Macacos e quer se aprofundar ainda mais naquele universo, tenho uma boa e uma má notícia para te dar: a boa notícia é que foi lançado um game que se encaixa entre os últimos, deste ano. A má notícia é que mal dá pra chamar esse Planet of the Apes: Last Frontier de game, pois ele é, basicamente, um filme interativo que a gente mais assiste do que joga.
Contextualizando
Planet of the Apes: Last Frontier conta uma história que se encaixa entre os 2 últimos filmes do série cinematográfica — Planeta dos Macacos: O Confronto, de 2014, e Planeta dos Macacos: A Guerra, lançado este ano. Ele não traz os protagonistas dos filmes, justamente porque aborda uma história secundária, que corre meio que em paralelo aos eventos que acontecem em O Confronto e culminam em A Guerra.
Logo, embora seja uma história independente, ela está inserida no universo de O Planeta dos Macacos, então é importante que você esteja a par dos acontecimentos dos filmes, até para não tomar alguns spoilers. Então, fique avisado.
No game, conhecemos uma facção de macacos desgarrados que debandou após a derrota de Koba e foi se refugiar em uma região montanhosa, na esperança de fugir dos horrores da guerra entre humanos e macacos que está comendo solta no mundo.
Quando começa a faltar comida para o grupo, alguns símios acabam tendo que descer a montanha em busca de alimentos… o que invariavelmente os coloca em conflito com uma pequena comunidade humana que também tenta tocar a vida longe da guerra, e está passando por seus próprios perrengues quando seu líder morre e sua esposa, Jess, precisa assumir o comando e lidar com a desconfiança do povo que não enxerga nela uma figura de liderança.
99% história, 1% gameplay
A primeira coisa que você precisa entender sobre Planet of the Apes: Last Frontier é que ele não é exatamente um jogo. Ele é um filme interativo, ou seja, a gente mais assiste do que joga. E “jogar” se resume basicamente a tomar algumas decisões e continuar assistindo para ver as consequências delas na trama.
A gente já viu coisas assim em jogos como Beyond Two Souls, The Order ou mesmo os adventures da Telltale, mas aqui o gameplay é ainda mais limitado. Só pra você ter uma ideia, se jogar no PS4 você sequer precisa usar o controle, podendo baixar um app (o Playlink) e interagir com o game direto pelo smartphone.
Em Planet of the Apes: Last Frontier não temos um personagem para controlar, não podemos explorar cenários, nem nada do tipo. A gente simplesmente assiste, colocando para a esquerda ou para a direita para tomar decisões, e apertando (ou não) X em momentos específicos para realizar certas ações de contexto.
Veja um pouco de gameplay abaixo para entender:
O que falta em gamepelay, sobra em história. A narrativa é boa, e o fato de acompanharmos os acontecimentos por 2 pontos de vista diferentes — o grupo dos humanos e o grupo dos macacos — fortalece a dualidade e a ideia de que não há mocinhos nem bandidos aqui. Ambas as facções querem, antes de mais nada, sobreviver, e acabam tendo que fazer lutar por isso.
Vale ressaltar ainda que o game possui 3 finais principais, e alguns personagens pode m não chegar vivos ao fim da jornada, de acordo com suas decisões. Isso agrega certo fator replay a um jogo que, de outra forma, acabaria encostado na estante rapidinho.
Audiovisual
O visual de Planet of the Apes: Last Frontier é espetacular. Esse é mais um daqueles jogos que são meio indies, mas tem visual de Triple A (mais ou menos como Hellblade, por exemplo). Tanto humanos quanto macacos são muito bem modelados, com muitos detalhes e expressões faciais convincentes.
Embora seu personagem (Caesar) não esteja no jogo, Andy Serkis participou ativamente da produção do game e do processo de motion capture, o que garante a qualidade do produto e a coesão com o universo cinematográfico em si.
A trilha sonora mantém a mesma pegada dos filmes, e as dublagens no geral são muito boas. Alguns poucos macacos falam (de forma um tanto rudimentar), mas há legendas para entendermos os gestos e urros daqueles que não possuem esta capacidade. O lado ruim é que estas legendas — bem como tudo no game — estão em inglês, então é fundamental que seu conhecimento do idioma esteja afiado.
Conclusão
Se pensarmos que este Planet of the Apes: Last Frontier é mais um filme do que um game, a qualidade dele é acima da média. Porém, eu realmente acho que muita gente vai acabar “comprando gato por lebre”, esperando um jogo de ação ambientado no universo dos filmes. Essa galera sem dúvida vai quebrar a cara.
Planet of the Apes: Last Frontier podia muito bem ser um filme para Youtube, daqueles interativos que a gente faz uma escolha e cai automaticamente no vídeo que dá sequência. Na real, esse é um jogo que realmente poderia ser “jogado pelo Youtube“, pois o nível de interação entre jogo e jogador é ínfimo. Porém, ele não é um filme, é um game, que está custando 20 dólares na PSN.
Eu recebi uma cópia para review, logo, não paguei por ele. Mas se você está planejando investir seu rico dinheirinho nele, fique avisado que você vai mais assistir do que jogar. É uma história densa e que merece ser acompanhada por quem é fã da série, mas quem busca algo mais… “jogo” mesmo, deve ir atrás de outra coisa.
Planet of the Apes: Last Frontier foi lançado em 21 de novembro, com versões para PC, Playstation 4 e Xbox One. O game está 100% em inglês.