Análise Arkade: Pressure Overdrive mistura corrida com twin stick shooter

29 de julho de 2017

Análise Arkade: Pressure Overdrive mistura corrida com twin stick shooter

Os quase longínquos anos 1980 e principalmente os anos 1990 foram muito generosos ao trazer para o mundo dos videogames ótimos jogos no estilo shoot ‘em up, games de tiro cujo ponto de vista, normalmente, é com câmera e cima, tanto vertical quanto horizontalmente. Todavia, esse sub-gênero é uma tradição muito anterior a isso, que remete ao princípio dos jogos eletrônicos, como o inovador Computer Space (1971) e, mais tarde, o inesquecível River Raid (1982). Depois vieram clássicos como Axelay, Gradius, R-Type e tantos outros.

Olhando em retrospectiva, a grande ponte entre todos eles é o protagonismo de aeronaves. Não a toa, antes dessa gourmetização dos gêneros de videogame, era comum falarmos desses games como “jogos de navinha” e, com o passar dos anos, a indústria começou a deixar esse estilo de lado, ficando cada vez mais raro encontrá-los para as novas gerações. Pressure Overdrive busca resgatar essa página da história dos videogames, ao mesmo tempo que procura inovar. Afinal, é basicamente um jogo de navinha… com carros!

Análise Arkade: Pressure Overdrive mistura corrida com twin stick shooter

Contando uma história entre tiros e explosões

Pressure Overdrive começa quando um poderoso empresário, o Conde, resolve roubar toda a água do lugar para abastecer as máquinas a vapor de seu spa. Nada satisfeito com isso, o protagonista da aventura parte com seu carango atrás do vilão para recuperar esse recurso tão precioso e, no caminho, encontrará exércitos de inimigos que farão de tudo para pará-lo.

Em termos narrativos, portanto, o game não traz nada de tão inovador, trazendo simpesmente uma premissa para encararmos as mais de 30 fases que deverão ser vencidas antes de alcançar o grande vilão. Ao mesmo tempo, com poucas, mas divertidas cut-scenes, o game estabelece um carisma incrível, principalmente para o antagonista, que inegavelmente busca inspiração em obras como Meu Malvado Favorito (com direito a sua própria versão dos Minions) e Megamente, filmes recentes que humanizam e dão humor e esses vilões com planos mirabolantes e estranhos.

Análise Arkade: Pressure Overdrive mistura corrida com twin stick shooter

Ainda assim, é uma história um tanto quanto protocolar e que, em termos práticos não oferece nada mais à experiência do jogador. É divertidinha e tudo mais, mas pouco faria falta se não estivesse lá. Por vezes, as cut-scenes parecem estar lá mais para nos lembrar que há uma narrativa sendo desenvolvida do que para oferecer conteúdo de fato. De qualquer forma, ela é contada por meio de cenas que, as vezes, parecem rodar em baixa resolução, inclusive ao se comparar com a ótima composição de imagens do gameplay.

Correndo e Atirando

Jogando com um controle tradicional, Pressure Overdrive funciona com um sistema bastante simplificado de twin-stick, tal como Dead Nation, por exemplo, onde os comandos básicos são dedicados aos dois direcionais analógicos. Um deles controla o veículo, dando a ele aceleração e direção, e o outro aponta e atira ao mesmo tempo. Ou seja, não há botões específicos para se acelerar ou frear, nem para atirar. Tudo se resolve bem basicamente usando as alavancas.

Análise Arkade: Pressure Overdrive mistura corrida com twin stick shooter

Isso não significa, porém, que não haja outros comandos. Durante a jogatina, é possível comprar e equipar diferentes adicionais ao carro, alguns passivos, outros ativos que são mapeados automaticamente nos botões de ação. Assim, é possível equipar uma turbina, drones, armas especiais e outras traquitanas que dão opções para o jogador. Nada disso, porém, muda drasticamente a mecânica principal de correr e atirar.

O jogo conta com duas barras principais para o seu carro: uma de vida e a outra de pressão — que aqui funciona meio como uma barra de stamina, meio como um sistema de super-aquecimento. Enquanto a primeira, obviamente, define se o jogador seguirá vivo até o fim de cada fase, a segunda precisa ser controlada e alimentada para não perder rendimento, principalmente nos momentos de mais ação. Saber lidar com essa barra é fundamental, principalmente quando a dificuldade começa a aumentar de verdade.

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Contando com poucos modos de jogo, que nada mais são do que formas de pontuar e progredir nos mesmos níveis, o jogo não é tão variado assim, podendo se tornar cansativo ao longo da jornada. Não que seja especialmente longo, já que cada fase não deve durar mais que 3 ou 4 minutos (a não ser as dos sub-chefes que podem ser bem mais longas). Mas a pouca variedade de inimigos e a sensação de estarmos jogando sempre a mesma fase ajudam a dar essa sensação de esgotamento, que diminui quando alguém entra com o segundo controle na aventura (sim, há coop local aqui, e é bem divertido).

Audiovisual

Um dos grandes acertos da produção é a composição visual da tela de jogo. É comum em games do gênero tudo ficar bastante poluído e um pouco confuso demais, com tiros, inimigos, cenários e outras coisas se misturando. Neste caso, os ambientes são bastante limpos e tudo parece bastante nítido. Os tiros dos inimigos são fáceis de se identificar (nem tão fáceis assim de se desviar) e o mapa, mesmo com algumas irregularidades, é bastante tranquilo de se compreender e de se movimentar.

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A princípio, parece haver uma diversidade interessante de inimigos, cada qual com suas características, mas essa sensação acaba caindo por terra ao longo da jornada. Todos começam a ficar repetitivos, mesmo os mais diferentes. Mas o que piora muito essa sensação é que a composição dos cenários não muda muito. Parece realmente que se está jogando as mesmas fases o tempo todo, com algumas variações de dificuldade. Há ambientes distintos, mas eles acabam não se diferenciando tanto a ponto de ser algo significativo.

O design do jogo acerta bastante no desenvolvimento dos personagens, caricatos e carismáticos. O veículo — um buggy estilizado meio steampunk — vai ficando cada vez mais nervoso conforme visitamos a garagem para acrescentar novas adições que melhoram o seu desempenho. As cut-scenes, como dito, também funcionam bem ao criar uma atmosfera leve e descompromissada, mas não são tão belas como poderiam ser considerando as passagens de jogo em si.

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Em termos sonoros, as músicas do jogo acompanham o tom leve e despretensioso, mas tal como os cenários, acabam se tornando repetitivas. Não há um grande destaque também para os efeitos sonoros ou mesmo a dublagem, que cumprem o seu papel sem nenhum grande destaque positivo ou negativo, o que torna o jogo, de forma geral, bastante agradável em termos audiovisuais, cumprindo seu papel de forma satisfatória.

Conclusões

Pressure Overdrive é um belíssimo representante de um gênero quase esquecido pela indústria, mas não pelos jogadores de longa data. Ainda que inove ao trazer um veículo terrestre, e não aéreo, homenageia com muito sucesso os shoot ‘em ups clássicos e os reapresenta para uma nova geração de forma bastante justa.

Análise Arkade: Pressure Overdrive mistura corrida com twin stick shooter

Se não é absolutamente brilhante em termos visuais e apresenta algumas limitações em questões de gameplay, consegue ser bastante divertido, leve e despretensioso na medida certa. É desafiador, sobretudo nas fases com chefes e sub-chefes, mas alcança um ótimo equilíbrio sem apelar para uma dificuldade exagerada e desmotivadora.

E mais: jogando com um amigo de sofá, o game se torna ainda mais divertido pela bagunça que causa. Mesmo nesse sentido, o game consegue resgatar a diversão de outros tempos em que nos divertíamos jogando com um bom player 2.

Pressure Overdrive foi lançado esta semana, e está disponível para PC, XBox One e Playstation 4. O game conta com textos e menus totalmente em português do Brasil.

Paulo Roberto Montanaro

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