Análise Arkade: Rage 2 é “tiro, porrada e bomba” com foco na diversão

23 de maio de 2019

Análise Arkade: Rage 2 é "tiro, porrada e bomba" com foco na diversão

Rage 2, aquela sequência que ninguém pediu, já está entre nós, e ainda que não seja um jogo realmente inovador, é tremendamente divertido, confira nossa análise!

Uma história qualquer coisa

Rage 2 se passa cerca de 30 anos após os acontecimentos do primeiro game — aliás, alguém aí jogou o primeiro Rage? –, época em que o mundo começa a se recuperar e curar suas feridas dos cataclísmicos eventos que varreram o globo, transformando quase tudo em deserto.

Logo agora que as coisas parecem estar se encaminhando, eis que a Autoridade ressurge — novamente capitaneada pelo General Martin Cross, agora com cabeça humana e corpo robótico. Ele não está a fim de deixar a ordem se recuperar, e quer perpetrar um reinado de anarquia e caos onde ele será o ditador supremo.

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General Cross, o grande vilão do jogo

Quando o vilão assassina um Ranger na nossa frente, nosso(a) protagonista (podemos escolher o sexo na abertura do jogo) resolve vestir o traje deixado por ele e dar um fim às maluquices do General Cross. Para conseguir isso, precisaremos fazer alianças com algumas figuras influentes deste fim de mundo, e é aí que começa nossa jornada.

Sendo bem honesto: a história do jogo é bem qualquer coisa. Logo falaremos mais sobre isso, mas é fato que com Rage 2 os produtores quiseram entregar um jogo que se sustenta mais por suas mecânicas do que por sua narrativa. Então, fica o aviso: não espere nada de mais em termos de roteiro.

Metendo bala nos inimigos

Já em termos de gameplay Rage 2 acerta a mão: o jogo não inova, mas traz um mix de referências de alguns jogos muito bons. Sem exagero, ele parece misturar elementos de Doom (o reboot), Far Cry e até do injustiçado Bulletstorm para entregar uma experiência frenética e divertida.

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O modo Sobremarcha tinge a tela de rosa e nos deixa em berserk, potencializando o poder das armas

O grosso do gameplay lembra bastante Doom, ainda que aqui a coisa seja mais “pé no chão”, sem toda a mobilidade que vimos no reboot. Porém, aqui não temos apenas armas, mas habilidades deveras poderosas que nosso traje de Ranger nos proporciona.

Temos, por exemplo, uma espécie de “force push” que destrói armaduras de inimigos mais fracos, podendo literalmente explodir os capangas mais fracos. Utilizar esse tipo de habilidade em conjunto com as armas comuns — e com o maravilhoso bumerangue! — deixa as coisas muito mais divertidas, lembrando um pouco a matança cheia de estilo de Bulletstorm.

Com o tempo, também ganhamos acesso a descargas elétricas e a uma divertida habilidade que faz um inimigo flutuar por alguns segundos — tornando-o um algo fácil para uma morte estilosa (e sangrenta). Coletar Nanonitros e Aceleradores turbina ainda mais as habilidades de nossa armadura, ao ponto de que quase acabamos ficando poderosos demais!

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Não faltam explosões por aqui!

Por fim, o mundo do aberto do game traz uma pegada meio Far Cry por espalhar acampamentos inimigos para destroçarmos, bem como missões de caça e outros pontos de interesse típicos de um jogo em mundo aberto. Ainda que o mapa do jogo não seja realmente enorme, há muito o que ser descoberto nele.

Confira abaixo meu gameplay invadindo um desses acampamentos inimigos:

No geral, o escopo de Rage 2 como um todo é bastante modesto: seu mapa é pequeno, há poucas missões principais e mesmo suas sidemissions resumem-se a tarefas de caça, perseguições a comboios ou a busca por arcas e esconderijos de inimigos. Não há muito contexto nem muita história envolvida em nenhuma destas atividades complementares.

Não sei se foi por falta de grana ou tempo (ou ambos), mas é fato que temos aqui um jogo de mundo aberto bem contido, que foge do estigma de entregar “o maior mapa” ou outros devaneios hiperbólicos comuns neste tipo de jogo.

Menos é mais?

Essa “pequeneza” é um ponto negativo? Não necessariamente. Por um lado, a duração do game cai consideravelmente — é possível terminar a campanha e ver quase tudo o que o jogo oferece em menos de 10 horas. Por outro, fica claro que os desenvolvedores se focaram no que interessa, eliminando aquela “barriga” que muitos jogos open world têm.

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Encontrar as “Arcas” rende ótimas recompensas

Com isso, quero dizer que Rage 2 é curto, mas divertido praticamente o tempo todo, sem se arrastar demais nem se tornar chato. Aqui não há torres para escalarmos nem pombos para perseguirmos, o foco do jogo é na ação explosiva e nos tiroteios, e isso é algo que ele faz muito bem.

Porém, fica claro que este escopo mais limitado acaba não aproveitando o potencial do game: seu mundo pós-apocalipse é genérico e sem personalidade, sem um lore a ser descoberto e desenvolvido. Há diversos veículos que podem ser adquiridos e melhorados, mas nosso veículo inicial é tão bom que investir tempo com os outros acaba não tendo propósito.

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Phoenix, nosso tanque com a voz da Mulher Maravilha

A história do jogo em si soa um tanto rasa e apressada, de modo que a diversão da carnificina acaba nos compelindo mais a seguir adiante do que a curiosidade em saber os rumos que a narrativa toma. Apegar-se aos personagens é bem difícil, e importar-se com suas motivações mais ainda. Rage 2 é aquele tipo de jogo que a gente ocasionalmente apressa os diálogos só para poder ir para a parte que interessa de uma vez, saca?

É engraçado, mas em pleno 2019, Rage 2 lembra muito os bons e velhos jogos de fliperama de antigamente, que conquistavam o jogador não com histórias e reviravoltas, mas com ação desenfreada, cores piscantes e o prazer puramente mecânico de surrar/explodir/obliterar malfeitores.

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Incluindo aí uns mutantes enormes bem feios

Essa fórmula ainda funciona? Sem dúvida, mas é fato que em jogos deste calibre ela deixa um sabor agridoce na boca, especialmente pelo potencial desperdiçado do universo que nos é apresentado. Eu queria ter mais motivos para explorar o mundo e me importar com os personagens que ali vivem.

Audiovisual

Em se tratando de visual, Rage 2 é o tipo de jogo que deve ser analisado de duas maneiras: no escopo macro, quando o pau tá comendo e a ação tá rolando, o jogo é muito bonito, com cores vibrantes, muitas explosões e membros ensanguentados voando.

Porém, quando pisamos no freio para analisar o micro, o jogo fica parecendo um desses jogos “double A” de médio orçamento que não conseguem esconder suas imperfeições. O que não deveria ser o caso, afinal temos id Software, Avalanche Studios e Bethesda por trás de tudo, e o jogo recebeu um claro investimento em marketing, e tudo mais.

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Os modelos de NPCs são feios e repetitivos

Vejamos: os modelos de personagens e inimigos são simples e se repetem muito mais do que deveriam. As texturas em geral são muito pobres, e faltam aqueles efeitos legais de iluminação volumétrica e partículas que deixam até remakes mais bonitos. A direção de arte do jogo é esforçada, mas a execução deixa a desejar, e nem todo o seu neon cor-de-rosa é capaz de camuflar seu visual um tanto “tosco”.

Fora isso, navegar pelos menus– acessados pelo touchpad do PS4 — é uma tarefa árdua, simplesmente porque navegar pelas telas é bastante travado e problemático. O framerate do jogo em si não costuma incomodar, mas zapear pelos menus é um suplício, o que é bem curioso, visto que a interface não tem nada de mais.

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Aumentar nossa afinidade com os aliados garante acesso ao chefão

A trilha sonora até melhora um pouco as coisas, trazendo boas faixas que combinam bem demais com a proposta. O jogo possui competentes dublagens em português brasileiro, mas quem jogar em PT-BR vai perder as participações pra lá de especiais de Lynda Carter (a Mulher Maravilha da série de TV dos anos 70) e do bom e velho Tim Kitzrow, narrador do clássico NBA Jam (a narração dele é um “cheat” bônus da edição Deluxe do jogo). Além disso, o jogo conta com menus e legendas em português brasileiro.

Conclusão

Rage 2 é um shooter de ação bem mais modesto do que outros representantes do gênero, mas sem dúvida é também um dos mais divertidos e gostosos de jogar. Seu jeitão compacto elimina gorduras desnecessárias e entrega uma campanha que até pode ser meio curta, mas não “puxa o freio” em nenhum momento, entretendo o jogador ao longo de toda sua duração.

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Explorando os Ermos

Isso meio que torna o mundo do jogo em si um tanto desinteressante — exploramos mais pelas recompensas do que pelo prazer da exploração em si –, e seu sistema um tanto engessado de progressão deixa aquele feeling de “lista de tarefas”, não de uma evolução natural e consciente.

Salvo estas escorregadas — e seu visual bastante aquém do que a geração atual é capaz de entregar — temos aqui o que sem dúvida deve ser um dos shoters mais intensos e divertidos do ano… pelo menos até a chegada de Doom Eternal, novo episódio de uma franquia que sem dúvida foi uma das grandes referências de Rage 2.

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Yup, Rage 2 tem corridas e perseguções

Se o que você busca é “tiro, porrada e bomba” sem muito tempo para pensar, Rage 2 sem dúvida é uma boa pedida. Ms esteja avisado: desligue o cérebro e divirta-se explodindo tudo pelos ermos, sem esperar por uma grande história.

Rage 2 está disponível para PC, Playstation 4 (versão analisada, rodando no PS4 Pro) e Xbox One, com dublagens, menus e legendas em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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