Análise Arkade: Raging Justice é beat ‘em up genérico com sabor de nostalgia
Chegou a hora de fazer justiça com as próprias mãos! Raging Justice é um beat ‘em up que parece saído diretamente dos anos 90, confira nosso review!
Fazendo justiça com as próprias mãos
Raging Justice se passa em uma cidade corrupta e decadente. O prefeito sumiu, e a criminalidade tomou conta das ruas de tal maneira que a maior parte da polícia simplesmente desistiu de tentar fazer alguma coisa.
Mas é claro, que sobraram alguns cidadãos íntegros, dispostos a retomarem a cidade, nem que seja na base da porrada. Eles são o ex-policial Rick Justice, a militar Nikki Rage e a adolescente Ashley King.
Munidos de seus punhos, algemas e muita coragem, eles irão se embrenhar em becos, bares e mansões de chefões do crime, descendo o braço em todo mundo e cumprindo mandados de prisão, na esperança de limpar a criminalidade das ruas da cidade.
Caindo na porrada
Raging Justice é imediatamente familiar para quem já jogou qualquer beat ‘em up. Nossa missão é basicamente seguir da esquerda para a direita, dando porrada em todo mundo que aparecer em nosso caminho.
Na hora da pancadaria, podemos coletar armas brancas (facas, tacos de beisebol, chaves inglesas), ou tacar barris e latas de lixo nos inimigos. E como fazemos para recuperar um pouco de vida? Comendo sanduíches, saladas e frangos assados encontrados no lixo ou espalhados pelo chão, claro!
O gameplay é exatamente aquele que a gente já conhece: temos um botão de soco, outro de chute, um de pulo e ainda um de agarrão. Apertando soco + chute, rola um ataque especial que (obviamente) consome um pouco de nossa barra de energia. Tudo bem anos 90.
O que tem de diferente aqui é um movimento de “empurrão” deveras útil, capaz de derrubar inimigos comuns e stunnar outros maiores, abrindo a defesa deles.
Além disso, quando os inimigos ficam atordoados, podemos prendê-los — há mandados de prisão que devem ser cumpridos em cada fase –, o que rende uma badge de “policial bom”, visto que não estamos espancando os inimigos até a morte.
Essa vibe “good cop” vai um pouco contra o fato de podermos usar espadas, facas e explosivos, ou mesmo passar por cima dos inimigos utilizando veículos bem pouco convencionais, como um trator (?!) ou uma máquina de cortar grama (?!).
Simplicidade e nostalgia precisam andar juntas?
O gameplay de Raging Justice é tão simples que ouso dizer que ele é simples até demais: não temos upgrades, nem possibilidade de comprarmos novo golpes ou combos, nada. As mecânicas do game não evoluem, limitando-se a combos básicos e poucos inspirados por toda a campanha.
Entendo que isso deve ser proposital — afinal, estamos falando de um jogo que se esforça para trazer o mesmo feeling dos anos 90 –, mas não consigo deixar de pensar que suas mecânicas simples tornam o game bem repetitivo.
Isso não afeta só o gameplay, mas a estrutura do game em si, que traz diversos vícios dos anos 80 e 90, tipo chefes serem reaproveitados como inimigos comuns, capangas gordos que só correm e atropelam, e tal. Os chefes, aliás, exigem que decoremos padrões de ataque, e quando começam a perder, eles invariavelmente começam a summonar minions chatos para nos dar trabalho.
Ah, e nada de vidas/continues infinitos: a tela de Game Over é uma realidade aqui, e embora role um Stage Select de acordo com as fases que você alcança, ao revisitá-las você terá o número de vidas que tinha quando chegou lá. Ou seja, se chegou na última fase com 2 vidas e nenhum continue, terá que se virar com isso mesmo caso decida recomeçar direto daquele ponto.
Esses conceitos de level design, aliados à “simplicidade em excesso” do gameplay — na minha opinião — acabam tirando um pouco de valor do game. Raging Justice poderia ser mais arrojado e moderno sem que isso necessariamente descaracterizasse sua essência old school.
Audiovisual
Raging Justice é um jogo mais estiloso do que bonito. Ele tenta ter um visual realista, mas no geral consegue algo que me lembrou um mix de Pit Fighter com Killer Instinct. Eu gosto de suas cores e de seu estilo urbano sujo, mas é inegável que em termos de animações ele deixa um bocado a desejar.
Eu não sei se os produtores usaram um estilo de animação old school — como a rotoscopia do primeiro Prince of Persia –, mas é fato que tudo parece um tanto desajeitado. Além disso, aqui também temos coisas se repetindo mais do que deveriam, tanto em termos de skins de inimigos quanto de animações e padrões de ataque.
A trilha sonora não se destaca, mas cumpre seu papel, mantendo a pegada nostálgica, mas bem longe de ser grudenta e viciante como a que encontramos em jogos tipo Streets of Rage. Os sons de porrada também seguem a cartilha do gênero e, embora não haja assim uma grande história sendo desenvolvida, é válido ressaltar que o game possui menus e legendas em português brasileiro.
Conclusão
Ainda que no geral eu tenha gostado de Raging Justice, sei que isso é mais por eu ser fã do gênero do que pelo fato dele ser realmente bom. Ele dá uma cara meio moderna aos bons e velhos beat ‘em ups, mas no geral não se esforça nem um pouco para agregar algo de novo ao gênero.
Pegando um exemplo recente, Light Fall é um jogo de plataforma 2D bem tradicional, mas que traz um plus, algo que muda a fórmula básica. Falta isso em Raging Justice: seu gameplay é datado, repetitivo e pouco inspirado, o que acaba fazendo com que ele pareça mais genérico do que nostálgico.
Talvez este fosse o objetivo dos produtores: recriar uma experiência “das antigas” e ignorar quaisquer avanços que a indústria dos games recebeu nas últimas décadas. Se este for o caso, sem dúvida eles foram muito bem-sucedidos.
A questão é: se eu quiser jogar um beat ‘em up dos anos 90, eu prefiro revisitar um jogo dos anos 90. Final Fight, Streets of Rage, Cadillacs & Dinosaurs, Captain Commando, Double Dragon…
Opções não faltam, e todas elas me parecem mais autênticas e divertidas do que Raging Justice.
Raging Justice está sendo lançado hoje (08/05), com versões para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch. Este review foi feito com base em uma cópia de Xbox One (jogada no Xbox One X), que recebemos antecipadamente da Team 17 para fins de análise.