Análise Arkade – o terror em alta definição de Resident Evil Revelations HD (PC, PS3, X360, WiiU)
Há mais de um ano, a Capcom surpreendeu os fãs da série Resident Evil com um título que pretendia atender os clamores pela volta do esquecido Survival Horror característico da série. Este título foi Resident Evil Revelations, lançado para o Nintendo 3DS. Dado o sucesso do game, a empresa relançou o game em formato HD para a atual geração de consoles. Na sequência, você confere nossa análise completa deste remake!
Na edição 32 da Revista Arkade, lançada em fevereiro de 2012, fizemos uma análise da versão original do game Resident Evil Revelations, lançado para 3DS. O lançamento desse game foi uma ótima novidade para os fãs da série na época, mas a exclusividade do portátil da Nintendo acabou impedindo muitos fãs de curtirem o game.
O Resident Evil Revelations HD que foi lançado recentemente é basicamente a mesma versão do 3DS, mas com um polimento gráfico que melhora seu visual e alguns extras exclusivos para as novas plataformas. O game mantém o mesmo formato e estilo do game original, que não é o Survivor Horror legítimo que marcou os primórdios da série, mas é sem dúvida o melhor título da série Resident Evil lançado nos últimos anos.
O game mantém o formato de visão padronizado desde Resident Evil 4 (câmera no ombro do personagem), mas conta com a possibilidade de andar e atirar ao mesmo tempo, novidade que faz muita diferença nas batalhas em locais apertados do game. E para a alegria de muitos fãs (e desespero dos n00bs), a munição do game é bastante escassa. Controlar a munição é algo fundamental neste game, principalmente pelo fato de que nenhum inimigo após morrer “dropará” caixas e mais caixas de munição.
Vamos fazer uma pequena retrospectiva do enredo: o game mostra acontecimentos entre os games Resident Evil 4 e 5, e conta a história do ataque do grupo terrorista Il Veltro à cidade utópica de Terragrigia, uma enorme cidade flutuante construída em parceria entre os Estados Unidos e a União Européia como um marco tecnológico para busca de fontes alternativas e limpas de energia. O ataque teve consequências catastróficas, culminando na destruição completa da cidade, assim como ocorreu com a saudosa Raccoon City.
Um ano depois, a BSAA, a organização anti-bioterrorismo fundada por Jill Valentine e Chris Redfield investiga rastros dos terroristas da Il Veltro que podem indicar um novo tipo de ataque, o que acaba levando Jill e seu parceiro Parker Luciani ao navio Queen Zenobia, que foi infestado pelo vírus T-Abyss, uma nova variação do clássico T-Virus, que transforma os infectados em mutantes bizarros conhecidos como Ooze, além de outras criaturas ainda mais sinistras.
Cada personagem conta com um parceiro para auxiliá-lo durante a progressão da história. O lado bom é que estes parceiros não atrapalham o jogador: eles não roubam sua munição, itens de cura e não costumam atravessar seu caminho em meio ao fogo cruzado. O lado ruim é que eles também não ajudam muito na hora que o negócio aperta.
Eles até ajudam a matar os inimigos, mas por alguma razão, optam sempre por utilizar sua arma mais fraca durante as batalhas, e ostentar orgulhosamente as armas mais poderosas somente em trechos sem inimigos. Esse comportamento sem sentido se repete diversas vezes durante as batalhas, o que torna estes ajudantes um pouco desnecessários.
Além disso, eles são verdadeiros “Highlanders“, pois nunca morrem ou se machucam. O lado bom disso é que você não precisa se preocupar em revivê-los, mas esta imortalidade não lhe servirá de escudo, pois para os monstros, o alvo é sempre você.
Pois é, os inimigos dificilmente atacam seus parceiros, e focam todos os seus ataques no protagonista. Vez ou outra eles até atacam os parceiros, mas sendo estes imortais, no fim das contas não muda muita coisa, e os monstros não demorarão para voltar suas atenção (e suas garras) para o jogador.
Bom, mas nestes aspectos gerais, quase nada mudou em comparação ao jogo do ano passado. Se quiser mais detalhes sobre isso, confira a análise completa do game na edição 32 da Revista Arkade. A partir de agora, vamos nos focar nas novidades que este remake traz, e que não estavam presentes na versão 3DS do game.
Nessa nova versão do game, um novo tipo de inimigo foi adicionado, o Wall Blister. Esse novo inimigo está espalhado por vários pontos diferentes do navio, e sempre está preso em alguma parede (daí a origem do nome) em um formato semelhante a um ovo.
Neste estado, o monstro é indestrutível, mas não ataca o jogador. Porém, não se anime muito, pois quando uma condição específica do game é ativada, os monstros são acordados individualmente e partem com tudo para cima do jogador. Durante o game, encontrei vários desses monstros ao longo do cenário, mas apenas poucos atacaram, os outros permaneceram em estado dormente até o fim do game.
Fique esperto, pois quando o Wall Blister acorda, poucos segundos separarão você de uma tela de Game Over. O monstro possui um único tipo de ataque, que se te acertar, causa morte instantânea. Além disso, ele é dotado de muita velocidade, mas pouca resistência, ou seja, ataque pra valer, pois um segundo pode significar a diferença entre um personagem vivo e um personagem literalmente quebrado ao meio!
Este novo monstro acrescenta uma dose extra de tensão ao game: você invariavelmente vai se arrepiar mesmo quando passar por um Wall Blister adormecido, pois sabe que, ele poderá despertar, sedento pelo seu sangue.
Além desse monstro, a versão HD do game conta com outras novidades: temos um novo nível de dificuldade, o modo Infernal (que redistribui de maneira mais cruel os monstros e itens pelo navio), um pacote de armas extras para o Raid Mode, e a possibilidade de jogarmos com a personagem Rachel ou com o famoso mercenário Hunk, além de outros personagens novos deste modo.
O Raid Mode recebeu alguns ajustes, como a integração com a ResidentEvil.net, a “rede social” da franquia, onde os jogadores podem publicar seus placares e competirem com seus amigos. No Raid Mode, podemos realizar missões extras nos mesmos cenários do game, tanto sozinhos quanto em multiplayer cooperativo online.
Infelizmente, encontrar uma partida online disponível foi um pouco difícil no Playstation 3: o game faz uma busca rápida no servidor a procura de partidas disponíveis, mas na maioria das vezes retorna um resultado negativo.
Porém, quando o game enfim encontra uma partida, o Raid Mode pode ser aproveitado sem interrupções. Nenhum tipo de lag foi encontrado durante nossas partidas, tudo rodou liso, sem travamentos ou bugs. Por hora, vamos torcer para que mais gamers comprem o jogo, para que mais jogadores estejam disponíveis para partidas online. Um polimento no sistema automático de buscas de partidas também cairia bem, e aumentaria exponencialmente o “teor viciante” do Raid Mode.
Um fato meio chato é que a primeira incursão no Raid Mode é um pouco demorada por conta dos menus pré-partida. Você precisará escolher seu personagem, suas armas e comprar itens na “lojinha” do game.
Até é possível iniciar uma partida sem mexer nessas opções, pois o game mantém salvas suas customizações iniciais, mas se você for muito apreesadinho e quiser estrear no Raid Mode sem utilizar os menus, vai acabar com um personagem completamente desarmado em meio aos monstros.
Quando as customizações são feitas, o game faz um salvamento automático de cada ação, o que torna o início das partidas meio lento. Se estivermos jogando em modo single player isso até não faz muita diferença, mas jogando com outra pessoa a coisa fica bem lenta, pois enquanto um dos players já está pronto para fuzilar monstros, o outro ainda precisa esperar que cada alteração feita por ele seja salva para enfim começar a matança.
Em termos de gameplay, a versão HD possui uma enorme vantagem em relação ao 3DS: a utilização de um segundo analógico para controlar a câmera. No 3DS, pelo fato do portátil possuir apenas um direcional analógico, os jogadores tinham duas opções: utilizar os botões A, B, Y, X para controlar a câmera, ou então comprar o acessório Circle Pad, que adiciona um segundo analógico ao aparelho.
Como os controllers já possuem duas alavancas como padrão, a movimentação da câmera e dos personagens em Revelations HD é mais fluída e precisa.
Na parte gráfica, o game recebeu um belo tratamento para ser adaptado aos televisores e monitores de alta resolução. O design dos personagens e monstros está substancialmente melhor do que no 3DS; os monstros em especial possuem um brilho mais realista, mais detalhes em suas peles e contornos mais suaves.
Confira o comparativo abaixo. Do lado esquerdo está a versão HD:
A escuridão, um dos elementos chave do game, se faz competente aqui. Ela cria um elemento de mistério, que nos faz a todo momento pensar que um inimigo pode pular diante de nosso personagem para nos atacar.
E o melhor, a escuridão aqui é utilizada na medida certa para aumentar o suspense, ou seja, não estamos falando do escuro exagerado “cego” que é visto em outros tipos de game, onde tudo é tão escuro que parece mais que as configurações de gama e contraste da TV estão zoadas.
Os cenários também sofreram uma bela “lavagem”, mas se mantém essencialmente os mesmos do 3DS. Enquanto alguns elementos possuem um visual que nos faz duvidar que esse game nasceu em um portátil, alguns painéis e objetos, por exemplo, possuem texturas menos trabalhadas, deixando nítida a origem “mais simples” do game.
Apesar disso, estes detalhes são minoria e não diminuem o excelente trabalho da Capcom em praticamente refazer os gráficos do game e deixando-o bonito o bastante sem que pareça “esticado” ou chapado.
E uma boa notícia para o público brasileiro, o game conta com legendas e menus totalmente localizados em nosso português brasileiro! A produtora fez um ótimo trabalho nas legendas, mantendo-se fiel ao nosso modo de falar sem que os diálogos soem estranhas.
Há um ou outro errinho de acentuação, ou algumas poucas linhas de legenda dessincronizadas com as falas, mas tirando isso, o trabalho de localização em nosso idioma é excelente!
No fim das contas, Resident Evil Revelations HD é um ótimo título para agradar os fãs de longa data da série. O game não é exatamente o Survival Horror que os jogadores querem de volta, mas chega bem perto, o que é um ponto muito positivo para o game.
Sua campanha dura cerca de 8 horas, e mantém o formato episódico visto no game original, o que dá uma certa sensação de estranheza, por se tratar agora de um game para consoles de mesa e PC, onde poucos jogos adotam este sistema de “previously on Resident Evil“.
Vale ressaltar ainda que quem comprar a versão para WiiU ainda poderá jogar o game diretamente pela telinha do GamePad, além de poder usar recursos do Miiverse no game, e até mesmo deixar recados simpáticos no jogo dos amigos (imagem acima)!
Resident Evil Revelations HD é uma conversão muito competente de um game que já era bom em seu formato original. Ele garante bons sustos e um ótimo enredo, e é recomendado a todos que sentiam falta da “era de ouro” (com ressalvas) da série Resident Evil.