Análise Arkade: O retorno de Ethan Winters em Resident Evil Village

5 de maio de 2021
Análise Arkade: O retorno de Ethan Winters em Resident Evil Village

Resident Evil Village está chegando! O oitavo capítulo da série que criou o gênero Survival Horror está a meros dias de seu lançamento. E nós já jogamos o game do começo ao fim e vamos falar agora o que achamos!

Em um novo capítulo que mistura elementos novos e já clássicos da série, Village traz Ethan Winters para mais um pesadelo. Dessa não em uma mansão escondida na floresta, mas em um misterioso vilarejo gélido escondido entre as montanhas. E sem mais delongas, vamos lá!

Três anos depois…

Análise Arkade: O retorno de Ethan Winters em Resident Evil Village

Após os eventos de Resident Evil 7, três anos se passaram nas vidas de Ethan e Mia Winters, após escaparem dos horrores da família Baker. Eles agora possuem uma filha, a pequena Rose, e tentam levar uma nova vida, ainda tentando superar os traumas que viveram no passado.

Mas tudo mais uma vez desmorona, quando de repente, Chris Redfield e sua equipe de soldados invadem a casa de Ethan, matam Mia e sequestram Rose. E se tudo isso não fosse terrível o bastante, depois de tudo isso Ethan se encontra perdido, encontrando um estranho vilarejo escondido entre as montanhas.

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Logo, ele descobre duas coisas terríveis: Uma é que sua filha está em algum lugar neste vilarejo. E a outra é que o lugar está infestado por licanos, seres com visuais monstruosos que parecem saídos diretamente de lendas de lobisomens.

E assim, mais uma vez Ethan se encontra dentro de um pesadelo, tendo dois objetivos claros adiante: Sobreviver e encontrar sua filha nesse local engolido pelo inferno.

Um mundo maior com uma história cheia de mistérios

Análise Arkade: O retorno de Ethan Winters em Resident Evil Village

Resident Evil 7 resgatou o estilo original da série, que havia se perdido após Resident Evil 5 e praticamente esquecido em Resident Evil 6. O game nos levava novamente para um local fechado, com munição escassa, foco em terror e puzzles, e sendo um legítimo Survival Horror.

Com isso, Resident Evil Village tinha um ponto de partida bem estabelecido e muitas expectativas para atingir, o que não é nada fácil de se fazer. Isso sem mencionar os remakes do segundo e terceiro games da série. Resident Evil 2 foi muito aclamado, mas Resident Evil 3 cortou muito conteúdo do game original, deixando um gosto amargo no final, ainda que em termos de gameplay e horror se mantivesse num alto nível.

Análise Arkade: O retorno de Ethan Winters em Resident Evil Village

Desde o início, sabíamos que Village daria continuidade à história de Ethan Winters, logo a aposta mais garantida seria repetir o estilo. E foi por esse caminho que a Capcom seguiu. Mantendo a perspectiva em primeira pessoa. Algo que não agradou a todos no último game. Mas dessa vez, vários novos elementos foram integrados na receita. E alguns elementos inclusive foram ressuscitados. Mas falaremos dissos mais adiante.

O que temos aqui então é todo um vilarejo e suas cercanias para explorar, em um game que sai de mansões fechadas e entrega uma área única enorme para se explorar. Nesse sentido, Village continua bebendo da fonte do primeiro Resident Evil e do sétimo capítulo, mas aumentando a escala.

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A vila é apenas uma parte desse mapa, que conta com outros locais sinistros como o Castelo Dimitrescu, que os jogadores puderam explorar brevemente na demo que rolou há alguns dias. Todos esses locais possuem seus próprios terrores e histórias.

E a história de Resident Evil Village é bem surpreendente. Com muitas surpresas a cada nova descoberta, conseguindo até mesmo fugir do óbvio e previsível e entregando cenas realmente impactantes. Obviamente não entrarei em detalhes sobre nada disso, mas temos muitos momentos impressionantes ao longo da jornada. Além é claro de seus personagens bem carismáticos.

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Eu não poderia dar seguimento nessa análise sem mencionar os personagens que encontramos no caminho, principalmente a Lady Dimitrescu, a amada “vampirona” de quase 3 metros de altura. Essa mulher realmente dá um show a cada aparição!

Ela pode perseguir você pela parte do castelo assim como Mr. X fazia em Resident Evil 2 Remake. E olha, ser perseguido por ela é realmente aterrorizante! Toda a sua elegância, beleza é altura é diretamente proporcional ao nível de terror e violência que ela causa.

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Ou outros vilões também não deixam a desejar, ainda que seja claro que houve mais desenvolvimento narrativo para uns em detrimento de outros. Ainda assim, a entrega da história e do terror de cada um deles é excelente. Um elogio que tenho ao game e à Capcom é que a promessa de ser um game com foco em resolução de puzzles e entrega de novidades foi cumprido. Cada novo desafio é diferente do anterior, entregando cada vez mais desafio, terror e variedade ao jogador, nunca tornando o game cansativo.

Resident Evil 4 + 7 = Village

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Vamos direto ao óbvio, Resident Evil Village lembra muito de Resident Evil 4, o capítulo que revolucionou a fórmula da série ao abandonar as câmeras fixas e em focar muito mais na ação. Resident Evil 4 foi um grande game, mas seu legado foi o que fez com que a série desandasse pelos anos que se seguiram.

A própria Capcom tratou de deixar claro que sim, Resident Evil 4 foi uma grande inspiração. Tanto pelo visual e cenários, com um vilarejo escondido no meio do nada, castelos e cultos sombrios. E também com mecânicas que retornaram, sendo a principal delas a volta de um vendedor.

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O misterioso, mas muito útil Duque

Village possui muito mais inimigos e ação que seu antecessor. E aí a Capcom tinha uma decisão a tomar: Fazer chover munição assim como em RE 4, 5 e 6. Ou oferecer uma outra solução que permita que o jogador se equipe, mas não o carregue pela mão. E a segunda opção foi a escolhida, felizmente.

Primeiramente, o inventário lembra muito o de Resident Evil 4, sendo bem extenso (e podendo ser expandido) e contando ainda com organização de itens, podendo girá-los e etc. Algo importante a se mencionar é que existem quatro inventários diferentes: 1 – Armas e itens consumíveis. 2 – Itens de criação. 3 – Itens chave e 4 – tesouros.

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Assim, você não precisa jamais se preocupar se terá espaço no inventário para um item chave, não importando o tamanho desse item. O único gerenciamento que você terá que fazer é encaixar suas armas, munições e itens de cura no espaço que você tiver disponível. Mas aí fica a pergunta, o que fazer se acabar o espaço?

Um ponto negativo de Resident Evil Village é que não há mais os baús de itens, que apareciam em todo Save Point e permitiam que o jogador guardasse itens que não vai usar e recupere outros que precisar. A falta do baú não atrapalha durante a primeira jornada de início ao fim. Mas quando você joga de novo, liberando novas armas, aí a falta dos baús vira um problema.

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E é aí que entra o Duque, o vendedor do game. O Duque oferece diversos itens a venda: Armas, munições, upgrade de armas, receitas de itens fabricáveis e etc. Além de comprar itens de você.

Se seu inventário estiver muito cheio, o que você precisará fazer é vender algumas de suas armas. Ao vendê-las, você pode comprá-las de volta a qualquer momento. Mas elas custarão bem caro. Isso torna o gerenciamento de armas do game bem estranho. É claro que isso só será um problema se você rejogar Village mais de uma vez. Mas, o que se espera de um game bom é que o jogador queira rejogá-lo! Então infelizmente chegará um momento em que a falta de um baú irá sim te atrapalhar.

Pelo menos, armas novas são melhores que as que você tinha anteriormente, assim a venda de armas menos efetivas acaba sendo necessária. Mas no fim, dependerá somente do jogador. Se você quiser, não precisa trocar nenhuma arma.

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E como o game possui um vendedor, é necessário dinheiro para comprar seus itens. E aqui entra outra semelhança com Resident Evil 4. Lembra que eu mencionei que ou o game fazia chover munição ou encontrava outra solução? Pois bem, todos os inimigos do game dropam algum item ao morrerem. Nenhum deles dropa munição, que isso fique claro! Mas dropam itens úteis que permitem que o jogador crie munição.

Os itens dropados são moedas – o “Lei”, o dinheiro vigente no vilarejo; tesouros, que servem para ser vendidos ao Duque em troca de dinheiro; e itens de criação: Pólvora, metais, fluídos químicos e ervas. Com esses quatro tipos de itens os jogadores conseguem criar itens de cura e munições para todos os tipos de armas.

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Isso não significa que você terá munição de sobra! Pelo contrário! Mesmo podendo comprar munições e fabricá-las, o jogador ainda passa aperto conforme avança! Isso pois os inimigos do game não são fáceis de derrotar. Eles possuem movimentos erráticos, desviam quando você mira neles, se defendem e gostam de atacar em conjunto. Você pode estar munido da cabeça aos pés que ainda assim vai passar muito sufoco!

Quanto aos tesouros, existem muitos deles escondidos, inclusive em locais difíceis de se ver, assim como em RE4, em que você precisa atirar para derrubar um tesouro escondido. Há ainda vários puzzles que premiam o jogador com tesouros, além é claro dos coletados de inimigos derrotados, que valem uma boa grana!

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Há ainda um recurso novo e um tanto controverso: Os upgrades para Ethan. A partir de certo ponto, animais começam a aparecer no mapa. Se você matá-los, pode coletar suas carnes e entregá-las ao Duque, que as cozinhará e criará diferentes pratos de comida que aumentam permanentemente os status de Ethan: Mais vida, melhor defesa, mais velocidade e etc. Esses upgrades são opcionais, mas ajudam bastante.

Balanceando terror com tiroteio

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Já mencionei que Resident Evil Village possui um mapa mais amplo e coloca vários inimigos pra cima de Ethan, o que fez com que o sistema de compra e criação de munição fosse implementado para que o jogador possa estar preparado para essas situações. Mas e quanto ao terror? Será que Resident Evil Village assusta?

E a resposta é sim! Os cenários e inimigos pegam o jogador de surpresa constantemente, gerando muitos jumpscares, tanto scriptados como alguns orgânicos. E não apenas isso, mas quando você começa a ficar sem munição em situações perigosas a coisa fica realmente assustadora.

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Há muitos locais escuros, sons aleatórios que fazem parecer que tem algo atrás do jogador, diversas situações que te pegam de surpresa. Comparando com Resident Evil 7 eu diria que o game é um pouco menos assustador, por causa de seu foco maior no tiroteio. Mas a diferença não é tanta. O game ainda assusta muito.

Um grande exemplo é o castelo Dimitrescu, que se você jogou a demo então já teve uma noção de como é. Masmorras escuras, labirintos, inimigos que vem até você cambaleantes e muitas vezes te surpreendendo por um ponto cego. Existem muitos momentos realmente assustadores no game, contando ainda com influências muito bem vindas de outros estilos de horror.

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E seguindo a tradição, temos batalhas contra chefões realmente memoráveis e intensas. Algo que a série errou antes de Resident Evil 7 era focar tanto na ação que a ausência de terror tornava as coisas menos impressionantes do que deveriam. Aqui há um bom balanceamento, elevando a adrenalina do jogador tanto com sustos quanto com a intensidade das batalhas.

Algo que o game manda bem é em deixar o nível de tensão “estável” por toda a aventura. Games de terror muitas vezes sofrem por não causar mais efeito após avançar algumas horas. Você fica tão acostumado com o que vai vir na sua frente que os sustos acabam não sendo mais tão efetivos. Você sabe que um zumbi vai aparecer, ou algum monstro mais forte, mas as vezes chega um ponto em que suas armas são tão fortes que você nem se preocupa.

Há sim momentos assim aqui, infelizmente. Em que o nível de terror cai e a tensão fica por conta em sobreviver ou matar inimigos. Mas esses trechos são mais pontuais. E obviamente o quanto o game como um todo assustará depende do quão forte para o terror o jogador for, mas o game se esforça bastante pra conseguir isso a todo momento.

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Como elementos novos são inseridos constantemente, o game se renova sempre. Entregando diferentes níveis de desafio que mantém a tensão sempre alta. Há poucos momentos em que você se sente realmente confortável, mesmo quando está com armamento forte equipado. E isso deixa mais um padrão que a série precisará ter em mente em seu futuro.

O retorno do modo Mercenários

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Algo bem legal presente aqui é o retorno do modo Mercenários, que não dava as caras há algum tempo! Nesse modo o jogador explora diferentes áreas do game em desafios contra o tempo. Seu objetivo é matar o máximo de inimigos antes do tempo acabar.

Quando você mata um inimigo, recupera alguns segundos. E há algumas esferas que dão algumas vantagens ao jogador. Esferas amarelas recuperam o tempo e as azuis oferecem melhorias, como causar mais dano, ter mais velocidade, etc. Esse modo é puramente ação descompromissada e diversão.

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Esse foi o resultado da minha primeira partida do modo Mercenários. Não muito bom, mas também não tão ruim.

E, dependendo do seu desempenho, você é premiado ao final das partidas, debloqueando novas áreas para o modo Mercenários, ganhando pontos que você pode trocar por conteúdo bônus e até mesmo desbloqueando armas novas para usar na história principal.

Ainda não foi divulgado se Resident Evil Vilage conterá DLCs, mas como Resident Evil 7 teve, adicionando conteúdos que expandiam a história e vários modos de jogo extra, talvez outros modos possam ser adicionados futuramente.

Audiovisual

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A RE Engine continua surpreendendo, entregando uma aventura com visual fotorrealista e que não economiza na violência! Os cenários são incrivelmente ricos em detalhes, desde a sujeira e desolação do vilarejo, todo o requinte e a impressionante arquitetura dos castelos, e etc.

E o game é muito sangrento, algo que ele não decepciona é entregar muita violência do começo ao fim. Sempre surpreendendo com seus grotescos inimigos. Unsando como exemplo os inimigos vistos nas demos, temos os licanos, com visuais bestiais e comportamento altamente violento. Com rostos distorcidos, dentes serrados e tortos, pele acinzentada e olhos vítreos.

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Um dos terríveis licanos

Os detalhes dos personagens são excelentes. Com grande destaque para Lady Dimitrecu e suas três filhas. A vampirona de quase 3 metros de altura assusta de verdade com todo o seu tamanho, contrastando com toda a sua elegância. E suas filhas não ficam atrás, belas, com os rostos ensanguentados, acompanhadas de enxames de moscas.

Tanto nos visuais humanos, dos habitantes da vila e humanos comuns, até as criaturas mais nojentas e grotescas, o game é um show visual. Algo que gosto muito de usar como parâmetro para qualidade visual é como um game retrata sujeira. E a Capcom fez um excelente trabalho nisso.

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Na parte sonora o game mantém o estilo de focar em sons ambientes, deixando as músicas para momentos mais intensos, como as batalhas contra chefões. E os sons ambientes são muito bem feitos. Sons de rangido de madeira e metal, corvos grasnando ao longe, os sons de seus passos em diferentes tipos de terreno.

Além dos sons emitidos por inimigos, de grunhidos enfraquecidos no meio da escuridão, rosnados e gritos de licanos, tudo cria uma poderosa atmosfera, aliada aos sons de tiro, que são diferentes para cada arma, apesar de algumas cenas em que os sons não rolam como deveriam, sendo muito mais baixos do que deveriam ser.

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E algo bem legal é que pela primeira vez na história, a série Resident Evil conta com localização 100% em português brasileiro! Isso significa que temos textos, menus, legendas e dublagem em nosso idioma! E todo o trabalho de localização é excelente! As vozes brasileiras combinam perfeitamente com os personagens e contam com excelentes atuações! Se você jogar Village, definitivamente jogue com as vozes em nosso português!

Conclusão

Análise Arkade: O retorno de Ethan Winters em Resident Evil Village

Resident Evil Village foi mais um acerto na série. Dando continuidade à história de Ethan Winters de forma bem satisfatória e aterrorizante. Contando com uma trama bem surpreendente e cheia de reviravoltas interessantes, além de oferecer sustos e ação em boa medida.

O game conta com bastante conteúdo em sua versão de lançamento. Não sabemos ainda se conteúdos adicionais (sejam pagos ou gratuitos) serão adicionados posteriormente, mas o game possui um bom fator replay.

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Mas o principal é que o game consegue expandir ainda mais a série, sem se desviar de suas origens e traçando um caminho para mais grandes histórias que certamente serão contadas no futuro. E Resident Evil 9, que muito certamente deve acontecer algum dia, terá um alto padrão para continuar mantendo!

Resident Evil Village será lançado no dia 7 de maio, daqui dois dias, com versões para PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One e Xbox Series X. Essa review foi escrita com base na versão de Playstation 4 que nos foi gentilmente cedida pela Capcom.

Renan do Prado

Amante de Metal Gear, platinador de Soulsborne e exímio jogador online (quando o lag não atrapalha).

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