Análise Arkade – Ride 4, cada vez mais, o “Gran Turismo” em duas rodas
Gran Turismo, mais do que um bom jogo de corrida, trouxe alguns conceitos novos. Desafios, várias motos de épocas e potência, e muitas pistas pelo mundo geraram mais desafios para o gênero. Mas faltava algo neste sentido em duas rodas. Neste contexto, embora no passado a Polyphony Digital já tenha tentado algo com Tourist Trophy, quem ficou com o cargo de “Gran Turismo das motos” foi a série Ride.
Em seu quarto game, a franquia busca manter essa hegemonia de “enciclopédia” de duas rodas, mas trazendo um grau de exigência restrito aos apaixonados e dedicados pela velocidade em duas rodas. Vamos então conhecer, juntos, tudo o que este game tem para oferecer.
O capricho está nos detalhes
Sim, o jogo é feito pela mesma Milestone, que faz os jogos Moto GP. Porém as propostas são diferentes. Se no mundo da Moto GP, o seu papel é o de crescer na categoria, em Ride, o negócio é dominar as mais variadas motos, nos mais variados circuitos, nos mais variados desafios. E, para começar a conversa, como as motos estão bonitas. Todas.
A Milestone disse que todos os modelos de motos do game foram feitos do zero, usando técnicas avançadas de digitalização em 3D de modelos reais. E o resultado ficou excelente. Todas as motos do game estão repletas de detalhes, podendo ser apreciadas no menu específico. E contam também com roncos próprios, que deixam tudo ainda mais realista.
Veja uma comparação entre Ride 3 e Ride 4, para ter uma ideia da evolução:
As expectativas ficam ainda maiores com a versão para a próxima geração. Playstation 5 e Xbox Series X/S receberão uma versão, em janeiro de 2021, que conta com a promessa de 60 fps a 4K. Se com o que jogamos hoje as coisas já estão muito bem, imagine quando a nova geração chegar.
O detalhe também é percebido no tempo. Como agora há mudanças climáticas, é possível ver chuva, fim de tarde, sol de ponto e noites no game. Além de influenciar no gameplay, traz mais riqueza visual para um game que já era caprichado.
São 176 motos já no primeiro dia, mais 81 em DLCs futuras, 30 pistas pelo mundo, incluindo Interlagos, no Brasil, e 22 fabricantes, como Yamaha, Ducati, e Harley-Davidison. Tudo isso em corridas e desafios bem caprichados. Mesmo nos modos mais fáceis, passando pelos mais complexos, a IA das motos também estão adequadas, exigindo do piloto muita atenção para evitar acidentes e chegar na frente.
A exigência que busca a sua perfeição
Entenda. O gameplay de Ride é exigente. Mas é ainda mais perfeccionista para quem busca o modo carreira. O modo carreira te coloca em desafios regionais, para encarar em seguida a liga mundial, que te credencia para o desafio final: a World Superbike League, e a World Endurance League.
Assim como em Gran Turismo, há diversos desafios, de várias formas: voltas cronometradas, trechos com cones que te obrigam a passar entre eles, ou desafios do tipo “passe X pilotos antes do tempo acabar”. Os desafios são interessantes, mas a dificuldade aqui é algo a se considerar.
Em alguns desafios é possível usar o rewind, para corrigir uma entrada errada. Mas em outros, como o cronometrado, a exigência é extrema: não pode passar meia linha fora da pista, nem cair e muito menos chegar depois do tempo exigido. O ponto é que o game praticamente te obriga a aprender a ir jogando mais e mais, não apenas para saber a entrada e saída mais adequada para cada curva, como também deixar a sua moto mais regulada.
Tomemos de exemplo Laguna Seca. A pista, conhecida por suas subidas e descidas, e por sua icônica Corkscrew, traz um desafio único. A pista por si só não é uma das mais fáceis de se guiar, e para conseguir passar no tempo mínimo, o da medalha de bronze, suei. O processo envolveu ir aos poucos regulando a moto, para ver o melhor acerto possível, e depois, ir removendo as assistências, deixando ao meu controle questões como freio, física e virada. Após sofrer “bastante”, consegui:
E isso é muito bom. Simuladores buscam extrair o melhor de nós como jogadores. Se os games de moto não contam com um “volante”, como outros games, ao menos compensa na busca por um controle cada vez mais exigente, que se assemelha muito com um controle de moto real. Que continua no modo endurance, com alterações na iluminação, condições climáticas, reabastecimento e mais.
Mas é claro, minha experiência será diferente da sua. Pois o modo carreira não é linear. Caberá ao jogador seguir o caminho, entre desafios e corridas, mais adequado para a sua jogatina. O que também é ótimo e faz do jogo algo que, embora seja exigente, não seja isolador, permitindo que casuais e novatos também apostem no modo.
É, no final, uma festa para o entusiasta de moto e da série. Mesmo os casuais ou iniciantes, se sentirão motivados a ir “entrando mais na água” com o passar do tempo. Os vários desafios e várias motos também são um ótimo convite, te fazendo ir cada vez mais fundo no gameplay.
Uma festa em duas rodas
Fazer um game de corrida, a cada dia que passa, fica mais complicado. Os jogadores querem mais modos, mais recursos, que o prendam por meses. Os modos campanha precisam ser mais robustos, as corridas precisam ser mais dinâmicas, o modo online precisa oferecer bons recursos, e novidades devem chegar sempre.
Observando tudo isso, Ride 4 cumpre bem sua lição de casa. Traz um controle exigente para fã nenhum botar defeito, oferece bons modos de gameplay, com destaque para seus desafios e o modo endurance, e ainda conta com agendamento de mais conteúdo com o passar dos meses.
Em dias que o próprio Gran Turismo tentou caminhar em outras direções, é bacana ver que o “Gran Turismo das motos” segue firme em seu propósito em trazer ótimo gameplay com sua “enciclopédia em duas rodas”. A série continua valendo a pena, e segue sendo uma ótima opção para quem é apaixonado por motos.
Ride 4 chega no dia 8 de outubro de 2020, com versões para Playstation 4, Xbox One e PC. Como já falado, as versões para Xbox Series X/S e Playstation 5 chegam em 21 de janeiro de 2021.