Análise Arkade: River City Girls é briga de rua com visual incrível e muita atitude

24 de setembro de 2019
Análise Arkade: River City Girls é briga de rua com visual incrível e muita atitude

Está precisando distribuir uns sopapos em caras malvados em um legítimo beat ‘em up retrô? Pois o divertido River City Girls traz exatamente isso, com direito a um visual lindão e afinar participações muito especiais!

Briga de rua old school

O mundo dos games adora crossovers, e nos bastidores de River City Girls, temos um crossover dos bons: de um lado, temos a Arc System Works, produtora de excelentes jogos de luta 2D como BlazBlue, Guilty Gear e Dragon Ball FighterZ.

Do outro, temos a WayForward, empresa especializada em produzir jogos 2D de visual fofinho e com um bom nível de desafio. É dela a série Shantae, por exemplo, e eles já aventuraram pelo mundo dos beat ‘em ups com o colorido Double Dragon Neon — cujos personagens, aliás, dão uma passadinha neste game aqui.

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Olha só quem dá as caras por aqui!

O que acontece quando essas duas unem forças? Temos River City Girls, sequência de um jogo um tanto obscuro de Nintendinho (River City Ransom) que coloca duas colegiais boas de briga e cheias de personalidade — as amigas Misako e Kyoko — para resgatarem seus namorados, que foram sequestrados.

Não há muita história aqui, mas o jogo é cheio de diálogos divertidos, que concedem muita autenticidade às protagonistas e aos principais inimigos que elas enfrentam. As dublagens em inglês são simplesmente maravilhosas, enchendo as personagens de carisma.

Saindo no soco

River City Girls é um beat ‘em up bastante tradicional, mas que traz alguns acréscimos à receita básica do gênero. O grosso do gameplay envolve aquilo de sempre: seguir da esquerda para a direita surrando malfeitores e quebrando coisas, mas há algumas novidades aqui e ali que trazem algum frescor à fórmula.

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O combate é simples, mas cheio de nuances: conforme sobem de nível, as meninas vão ganhando novos golpes, e há um monte de técnicas mais avançadas que podem ser aprendidas em dojos — e que são ensinadas por uma dupla de irmãos que você sem dúvida conhece muito bem!

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Esse é o Jimmy ou o Billy?

No geral, mesmo as novas habilidades não demandam lá muita perícia nos controles, mas quanto mais golpes você tem, mais expande seu leque de combos, permitindo sequências maiores e mais estilosas.

Confira um pouquinho de gameplay abaixo, rodando no Xbox One X:

Este aprofundamento me lembrou Scott Pilgrim Vs. The World, game da geração passada que se mantém como um dos melhores beat ‘em ups já produzidos. Um de seus charmes é justamente o gameplay mais arrojado, com golpes mais elaborados e habilidades especiais, que parecem saídos de um fighting game.

River City Girls faz basicamente a mesma coisa, agregando técnicas um pouco mais complexas a um gênero que costumava ser basicamente um button mash de combos simples. Com isso, a pancadaria fica ainda mais variada, fluida e satisfatória

Mudando a fórmula básica

Outra novidade é que o jogo não é realmente dividido em fases: seu mapa é grande e interligado, de modo que podemos ir e vir livremente. O cumprimento das missões nos leva para novas áreas — ou nos obriga a revistar locais pelos quais já passamos –, e há até algumas sidequests que podem ser cumpridas por um bocado de grana e XP extras.

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Itens de cura são raros, mas é possível entrar em lojinhas e lanchonetes para comprar alimentos e itens de cura. Aliás, anote aí duas dicas: 1) o jogo chama a barra de vida de stamina, o que é bizarro, mas importante saber e 2) na região central do mapa há um loja de games. Qualquer cartucho comprado lá regenera 100% da sua barra de stamina vida, então recomendo que faça um pequeno estoque e carregue pelo menos uns 2 cartuchos sempre com você.

Uma novidade meio pentelha é que os inimigos nunca param de vir. Se você resolver explorar muito, ou largar o controle para responder um contatinho no WhatsApp, os inimigos vão continuar brotando. E há (muitos) momentos em que uma corrente aparece nas bordas da tela, exigindo que você elimine todo um grupo de inimigos para poder prosseguir.

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Essa corrente só desaparece depois que você espancar todo mundo.

Outra coisa chata é que os inimigos simplesmente demoram demais para cair. Não podemos ver as barras de vida deles, mas há muitos adversários absolutamente comuns que precisam ser derrubados 4 ou 5 vezes até desaparecerem. Não chega a ser um problemão, mas acaba alongando alguns combates por mais tempo do que seria necessário.

E já que estamos falando de inimigos, aí vai um ponto positivo: vez ou outras um inimigo deixado por último na tela pode pedir por clemência. Se você optar por não acabar com ele, poderá recrutá-lo como aliado. Ao pressionar de um botão, ele entra em cena, desferindo um golpe característico — mais ou menos como os strikers em jogos de luta. Não é nada assim revolucionário, mas é interessante.

Audiovisual

River City Girls é um jogo lindo, talvez um dos jogos em pixel art mais bonitos que já tive o prazer de jogar. A maneira pitoresca como ele consegue ser fofinho e rebelde ao mesmo tempo é incrível. A direção de arte é primorosa, e mesmo o mais genérico dos capangas inimigos traz algo interessante e divertido em seu design. As animações são incríveis, muito fluidas, e concedem bastante dinamismo ao jogo.

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Como se não bastasse a beleza do gameplay em si, o jogo conta com uma belíssima intro animada estilo anime, e cada chefe tem um videozinho de apresentação único e estiloso. Quando entramos em lojas, também vemos belas ilustrações (estáticas) das meninas sendo atendidas e fazendo suas compras. Uma ou outra parte da história são desenvolvidas no formato mangá, com quadrinhos animados e dublagens que enriquecem a narrativa.

Pelo visual, seria quase óbvio esperar que River City Girls trouxesse uma trilha sonora em chiptune, mas este é um jogo que foge do óbvio: a trilha sonora aqui é toda instrumental, e há inclusive músicas cantadas (pela Noize, uma das chefonas do jogo), e trazem letras engraçadinhas que fazem trocadilhos com situações e momentos do jogo.

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A batalha contra Noize tem uma pitada de Guitar Hero

A única escorregada aqui vai para a falta de localização para outros idiomas: River City Girls traz áudio e legendas apenas em inglês, e ainda que não haja uma grande história se desenvolvendo, boa parte da diversão está nos diálogos e nos comentários espirituosos das protagonistas. É preciso ter uma boa compreensão do idioma para sacar o humor do jogo.

Conclusão

Eu adoro beat ‘em ups, e fazia tempo que eu não me divertia tanto com um jogo do gênero. Acho que, se não fosse a pentelhice de inimigos infinitos (que demoram demais para morrer) e das correntes na tela, estaríamos diante de um título praticamente irretocável, tanto em termos audiovisuais quanto em gameplay.

Essa persistência em sempre trazer mais e mais ondas de inimigos para a tela deixa o jogo com um gostinho de brawler e acaba enchendo um pouco o saco, mas é um detalhe que geralmente pode ser contornado (você pode simplesmente passar correndo quando estiver revisitando alguma área).

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Mas, como já dito, é um detalhe pequeno, que não tira o brilho de um jogo que é divertido e extremamente caprichado. Se você curte beat ‘em ups com multiplayer de sofá, River City Girls é um jogo que não pode faltar na sua coleção!

River City Girls foi lançado no início de setembro, e está disponível para PC, Playstation 4, Xbox One (versão analisada) e Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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