Análise Arkade: Rocket League mostra que a simples diversão ainda está viva
Que tal jogar futebol com carrões invocados, ou apostar corridas em um campo de futebol? Vem se divertir com uma simplicidade há muito não vista em Rocket League.
Os games hoje em dia buscam trazer universos gigantescos com inúmeras opções de diversão, o problema é que muitas vezes é preciso colocar elementos não tão divertidos para que o que foi proposto se torne coerente. Rocket League triunfa por mesclar os gêneros corrida e futebol, ignorar os aspectos negativos e trazer apenas as características positivas, sem se importar em fazer sentido.
O jogador dirige apenas um carro, pode participar de times com um até quatro membros e os jogadores extras são controlados por outros jogadores ou pela IA. O game usa o mesmo método de progressão que vários jogos de esporte atuais, quando se participa de uma partida, se ganha pontos baseados na qualidade do jogador e do time. Os pontos aumentam o rank do jogador para que ele encontre jogadores do nível mais equilibrado possível nas partidas online, além de desbloquear customizáveis não apenas estéticos, mas que registram saves, gols e etc. que o jogador realiza enquanto o está utilizando.
Os pontos em geral são garantidos dependendo do que o jogador faz durante a partida, obviamente o time vencedor ganha mais pontos, mas também existem recompensas pelo número de gols, saves, assistências, chutes a gol, mandar a bola pro meio do campo e etc. É possível fazer pulos duplos com o carro, até mesmo em direções diferentes realizando bicicletas ou outras acrobacias, usar turbos coletados em luzes amarelas no campo não servem apenas para aumentar a velocidade, mas também voar por um período curto de tempo.
Durante as partidas, tanto online quanto offline, é possível alternar entre a câmera do carro e a câmera da bola. A câmera do carro centraliza o veículo sem mostrar muito os arredores, sendo mais útil nas defesas onde se deve localizar a bola e mandá-la para o mais longe do gol possível. Já a câmera da bola mostra o carro e a bola no mesmo plano, sendo mais útil nos ataques onde se deve controlar melhor os rumos dela.
No mesmo período que veio o primeiro DLC, também chegou a câmera spectate, que deve ser escolhida antes da partida e também pode ser entendida como um modo para apenas se observar a partida, sem jogá-la. Com ela pode-se escolher com total liberdade um plano para observar o jogo e também usar a câmera do carro de cada membro dos dois times para observar suas ações.
Com toda essa liberdade, Rocket League se abstêm de regras, não existem faltas, escanteios, tiro de meta, nada. É possível até mesmo destruir outros carros caso ative o turbo por tempo suficiente até atingir a força extra, não são concedidos pontos bônus, mas é muito útil para distrair um jogador oponente e forçá-lo a se reorganizar.
Em seus modos, o game busca não inventar moda. Existe o modo amistoso contra a IA, o modo season que é uma liga tradicional como em qualquer outro jogo de futebol onde se pode escolher também as cores e os membros do time e, por fim, o modo treino, que nada mais é do que um treinamento semelhante aos já existentes nas franquias PES e FIFA, onde é possível treinar defesas, investidas aéreas e ataques no chão, além de acessar o tutorial e um modo free.
Por fim, e talvez até mais importante por aqui, é o modo online. É possível participar de partidas amistosas assim como o modo amistoso offline, também é possível criar e se juntar a partidas privadas, além de entrar no modo ranqueado. Porém, aí se encontra um problema para nós brasileiros, pois o jogo tem apenas servidores europeus e americanos, fazendo nosso ping ficar sempre alto, e infelizmente isto causa alguns lags esporádicos.
O modo online também é muito competitivo, como a pontuação é dobrada se comparada aos modos offline, muitos jogadores entram lá buscando pontos fáceis. Isso faz com que exista muita zoeira, roubos de gols e distrações envolvendo os companheiros de equipe entre si, sem se importarem em perder a partida por causa disto.
O melhor modo de começar a comentar os aspectos técnicos de Rocket League é falar sobre sua física, por ser simplesmente o item mais importante no jogo. Em geral ela é bem irreal, buscando a diversão. Não se pode utilizar o poder do amor para facilitar a comunicação entre a terceira e a quinta dimensão, mas é possível andar nas paredes sem perder velocidade e o carro demora muito para cair se estiver voando alto.
No entanto, as bizarrices da física param por aí. No que se diz respeito a golpear a bola, as reações são as mais reais possíveis. Fica óbvio que Rocket League usa a física a serviço da diversão, evitando frustrações como bater em outro carro em velocidade baixa e o mandar para o outro lado do campo, além de que saber onde a bola cairá depois de um golpe é essencial.
Os gráficos caem como uma luva no ambiente do game, mostrando a simplicidade que é a principal ambição do jogo. Em geral os carros são bem modelados e detalhados, os campos possuem layouts bem diferentes e também minimalistas, garantindo a sensação de simples e bonito, o que é uma boa opção visto que o game tenta ser bastante generoso nos requisitos necessários de sistema, lembrando títulos lançados no início da geração passada.
A trilha sonora também tem o mesmo objetivo de simplicidade, as músicas nas telas de menu são todas eletrônicas. A torcida tem reações bem pouco realistas, uma vez que são acionadas por ações determinadas, mas existem cânticos e gritos que a torna convincente. Não estão no mesmo nível das torcidas dos games de esporte, mas nada em Rocket League busca a complexidade. É preciso acrescentar que cada campo possui efeitos sonoros próprios.
Também é preciso acrescentar que Rocket League já teve seu primeiro DLC lançado em julho. Supersonic Warriors traz dois carros novos bem como alguns itens de customização extra. Um próximo DLC está agendado para outubro, trazendo carros do antecessor de Rocket League, um game chamado Supersonic Acrobatic Rocket-Powered Battle Cars.
Em uma partida em que o jogador participa com outros em seu time, ele não precisa se sentir frustrado no caso de uma derrota, uma vez que nem sempre é o único culpado. A simplicidade de Rocket League, junto com seus elementos extremamente divertidos e a inexistência de frustrações, o tornam em um dos melhores jogos de esporte dos últimos anos. O título foi lançado pela Psyonix para PS4 gratuitamente e para PC por R$ 36,99, as versões de Linux e OS X estão em desenvolvimento.
