Análise Arkade: saltando pelas sombras do criativo e interessante SCHiM

16 de julho de 2024
Análise Arkade: saltando pelas sombras do criativo e interessante SCHiM

SCHiM é a mais uma pérola indie cheia de criatividade que você precisa conhecer! Venha mergulhar nas sombras deste simpático jogo com a gente!

A sombra perdida

SCHiM parte de uma premissa meio Peter Pan, e nos conta a história de um rapaz que “perdeu” sua sombra. Ele não parece ter se dado conta disso, mas sua sombra fica aflita, e vai fazer de tudo para voltar ao seu “dono”.

Assim, em uma narrativa bastante minimalista e introspectiva, vamos assumir o controle dessa criaturinha feita de sombra — que parece um sapinho, e até pula e nada feito um — cuja missão é se reencontrar com o sujeito que perdeu sua sombra.

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Por não trazer textos ou diálogos, a história do jogo é bem subjetiva, mas, especialmente em seu prólogo jogável, que resume a vida do protagonista até o momento da “queda” (literal e figurativa), fica evidente que o jogo tem uma mensagem singela para passar. Fica a critério do jogador interpretá-la.

SCHiM: Mergulhando nas sombras

Por ser um jogo diferente e até experimental, fica difícil classificar SCHiM dentro de algum gênero preexistente. Ele meio que é um jogo de plataforma, mas também de resolução de puzzles… e ambas as coisas estão intimamente ligadas.

Análise Arkade: saltando pelas sombras do criativo e interessante SCHiM

Nosso objetivo primário é sempre ir do ponto A ao ponto B. Porém, no controle desse sapinho das sombras, não podemos simplesmente andar por aí. Só podemos existir dentro de alguma sombra.

Deste modo, nossa missão é saltar entre as sombras projetadas pelos diversos elementos do mundo do jogo, rotacionando a câmera para que o posicionamento das sombras mude ou simplesmente interagindo com objetos, veículos e NPCs (há um botão de interação que nos permite interagir com o objeto em cuja sombra estamos no momento), para que novas “plataformas” de sombra sejam criadas e possamos usar para seguir em frente.

Vou deixar um breve clipe de gameplay abaixo para você entender como isso funciona:

Na prática, é como se cada sombra fosse uma poça, e nós não podemos pisar no chão: para nos locomovermos, precisamos ir saltando de uma poça para outra, e encontrando meios de alcançar a próxima poça.

SCHiM: sem sombra de dúvidas, um jogo criativo

Os parágrafos acima descrevem o básico do que você vai encontrar em SCHiM. E, embora o jogo meio que se apoie apenas nessa mesma base, ele cria muitas situações diferentes em cima dessa premissa.

Por exemplo: lidar com sombras estáticas é uma coisa simples. Porém, e quando você tiver que lidar com objetos em movimento? Ou luzes que piscam e, com isso, projetam sombras que desaparecem esporadicamente? Ou que tal relâmpagos, cujo clarão projeta sombras por um brevíssimo instante?

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Tudo isso (e muito mais) se faz presente em SCHiM. Então, por mais que ele seja esse “one trick pony” — “pônei de um truque só”, não sei se temos uma expressão equivalente em português –, ele entrega bastante variedade em cima deste conceito simples.

Dois exemplos

Um tipo de situação que logo se mostra desafiadora envolve bicicletas, carros e outros objetos em movimento. Quando a sombra não é estática, precisamos ficar atentos ao timing dos movimentos. Ou, dar um jeitinho de fazer as coisas se moverem.

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Em fases onde há tráfego, por exemplo, quando estamos na sombra de um semáforo, podemos interagir com ele, de modo que o sinal abra/feche e o trânsito se mova/pare. Assim, controlamos o tráfego e criamos oportunidades de saltar entre as sombras dos veículos em movimento. É um puzzle relativamente simples, mas bem pensado e muito bem executado no jogo.

Outro exemplo legal: em determinada fase, há um gato dormindo, e uma família de patos com medo de passar por ele. A experimentação nos faz descobrir que precisamos tocar a buzina de um veículo próximo para assustar o gato, que vai embora, permitindo que os patos sigam seu caminho.

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A família de patos segue seu caminho (e nos dá uma carona)

Esses dois exemplos representam apenas uma fração das situações, — das prosaicas às mais absurdas — que a campanha de SCHiM vai nos entregar. A fórmula acaba ficando meio cansativa, é verdade, mas não se pode negar que os desenvolvedores se empenharam criativamente em fazer com que a premissa básica do game fosse extrapolada de formas inusitadas e divertidas.

Traçando paralelos com gansos e detetives fantasma

E é justamente por isso, por ir um pouco além do óbvio e exigir alguma experimentação por parte do jogador, que SCHiM me lembrou um bocado de dois jogos pelos quais tenho muito carinho: Untitled Goose Game e o ótimo Ghost Trick: Phantom Detective.

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Do jogo do ganso, SCHiM traz o humor meio bobo e essa necessidade de “experimentar para ver no que dá”. De Ghost Trick, ele carrega a ideia de “usar as habilidades” de objetos inanimados.

Os três jogos são bastante diferentes um do outro, mas têm essas similaridades — embora eu não possa afirmar se eles serviram de referência para SCHiM.

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E, não sei você, mas eu gosto muito jogos esquisitos, experimentais, diferentes. SCHiM parece como algo saído de uma Game Jam, e eu aprecio muito o talento e criatividade dos desenvolvedores — que são basicamente dois sujeitos holandeses. Aliás, schim” é “sombra” em holandês, o que explica o título do game.

O audiovisual de SCHiM

Minimalista, estiloso e com um pezinho no surrealismo abstrato, SCHiM é um jogo encantador visualmente. Cada área do jogo é uma ilustração cheia de charme e muito bem animada. O alto contraste entre claro e escuro não só criam belas paisagens, como são parte crucial da experiência que o game oferece.

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O fato de podermos rotacionar a câmera (não livremente, mas em 4 ângulos) evidencia o capricho técnico do título. Afinal, quando a câmera gira, muda não só a perspectiva do cenário e dos objetos, mas também o ângulo de incidência das sombras. É algo que deve ser complexo (ou, no mínimo, trabalhoso) de se fazer, e o resultado sem dúvida é certeiro.

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Sombras de árvores parecem particularmente trabalhosas de rotacionar

As músicas são variadas, mas tranquilas no geral, trazendo uma vibe leve e tranquila que combina com o game. As diversas interações possíveis nos brindam com uma infinidade de efeitos sonoros (sons de animais, buzinas, batidas, campainhas, etc.) que concedem profundidade e realismo ao mundo do jogo.

Conclusão

SCHiM não tem tela de Game Over, estado de falha, nem nada do tipo. É um jogo que simplesmente flui, e vai exigir apenas curiosidade do jogador para ser terminado (curiosidade, aliás, que premia o jogador com itens colecionáveis que

É fato que o jogo acaba refém de sua própria fórmula: a repetição é inerente, o que pode deixar as coisas um pouco maçantes depois que a gente já entendeu que o loop de gameplay vai ser meio que o mesmo do começo ao fim. Felizmente, ele não é um jogo particularmente longo, podendo ser terminado em uma tarde sem grandes dificuldades.

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Linha de produção

Apesar disso, houve muito capricho e criatividade na concepção de SCHiM. Em uma indústria cada vez mais derivativa e com receio de investir em novas ideias, esse tipo de experiência é um sopro de ar fresco. E isso, por si só, já é muito valioso, e é parte do que faz SCHiM ser especial.

SCHiM será lançado em 18 de julho, com versões para PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One e Xbox Series X|S. O game possui menus e legendas em português brasileiro.

*Esta análise foi feita com base na versão PS5 do game, que recebemos antecipadamente da publisher Extra Nice.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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