Análise Arkade: Sente na cadeira do diretor e monte seu esquadrão no divertido Chroma Squad
Já imaginou ser diretor de uma série de TV no estilo Power Rangers? Pois é exatamente essa a proposta de Chroma Squad. Um jogo que mistura elementos de estratégia em turnos com gerenciamento de recursos, mas, acima de tudo, uma grande dose de diversão.
Chroma Squad é o mais recente lançamento da equipe de brasileiros da Behold Studios, localizado em Brasília, e criadores de Knights of Pen and Paper, que obteve certo sucesso em 2013. Disponibilizado no Steam no último dia 30 de abril, o novo jogo dos brasilienses te coloca no comando de um estúdio independente que segue o sonho de gravar sua própria série de “Super Sentai”, como é conhecido o gênero japonês que nos apresentou Changeman, Flashman e o “americanizado” Power Rangers.
Logo no prólogo do jogo, enquanto são ensinados os comandos básicos, a história do jogo é apresentada. Você está no comando de cinco dublês que estão insatisfeitos com a direção autoritária da série Super Rangers (sim, a inspiração é tão clara que está no bem abaixo do título do jogo!). E no meio de uma gravação, eles decidem abandonar a série e começar seu próprio show de forma independente.
Logo de cara, é possível notar uma das marcas do jogo, e que vai te acompanhar durante toda a sua jornada em Chroma Squad: o senso de humor. Os desenvolvedores não tiveram medo de explorar o humor na aventura, chegando até em algumas vezes “quebrar a quarta barreira” e falar diretamente com o jogador, além de usar e abusar de referências, não só das séries japonesas, como da própria cultura pop.
Mesmo assim, ainda sobrou espaço para fazer críticas sociais e disseminar a importância da amizade e do trabalho em equipe. E isso foi feito de maneira leve e divertida, sem soar pretensioso.
Mecanicamente, o jogo te coloca no controle da sua equipe durante as gravações dos episódios, que é o momento das lutas. Nesta hora, Chroma Squad se transforma num jogo de estratégia em turnos, no melhor estilo Final Fantasy Tactics ou Fire Emblem, onde cada um dos cinco personagens controláveis possuem classes diferentes que influenciam nas suas movimentações, atributos e ataques especiais.
Nesta hora, não só derrotar os inimigos é importante, mas também cumprir instruções de direção como, derrotar os inimigos de uma maneira específica, ou realizar movimentos especiais.
Durante a luta, cada personagem tem sua característica, mas todos podem realizar ataques em conjunto, que aumenta a audiência dos episódios. Além disso, alguns episódios possuem chefes que podem ser derrotados com o que é chamado de “ataque finalizador”. Este ataque combina todos os membros do seu time num único golpe ultrapoderoso.
Ideal para dar aquele fim épico ao episódio com aquela explosão acontecendo no fundo enquanto os heróis andam em direção a tela (com certeza você já viu isso num episódio de Power Ranger. E sabe que é a melhor maneira de encerrar uma luta!).
Além disso, como não poderia faltar, Chroma Squad permite que você construa seu “Megazord” e vá para a batalha. Contudo, o minigame da batalha ente monstro e robô gigante é muito simples e poderia ser melhor utilizado.
Todas essas opções de combate estão presentes e deverão ser usadas porque, como já dito, a hora da batalha é a hora da gravação de cada episódio, e você precisa manter a audiência ligada no seu programa! Então, quando mais épica for a batalha, melhor!
Falando em episódios, a narrativa de Chroma Squad é desenvolvida através deles. Cada episódio conta uma história diferente que, com algumas poucas decisões (que poderiam ser mais vastas, diga-se de passagem), podem tomar caminhos diferentes.
Após gravar uma sequência de episódios com sucesso, ou seja, mantendo a audiência alta, você poderá finalizar a temporada e ganhar mais dinheiro para investir no seu estúdio, nos equipamentos e se preparar para a próxima temporada, onde os fãs vão exigir cada vez mais qualidade na sua série (e fazer comentários – alguns hilários – na redes sociais).
Na parte de gerenciamento, Chroma Squad abre uma gama de possibilidades. Desde o uniforme e as armas do personagem, até as peças que vão compor seu robô gigante, passando pelas câmeras e até a equipe de marketing, tudo é personalizável e faz diferença.
Os itens podem ser criados, comprados e até reciclados para formar novos equipamentos. E mesmo os menores elementos, podem carregar algum comentário espirituoso que mantém o clima divertido e descompromissado da narrativa do jogo.
Graficamente, Chroma Squad optou pelo estilo pixel art, estilo Hotline Miami (só quem sem o sangue e a violência, é claro). Dentro da proposta do jogo, até que o estilo gráfico caiu bem, ganhando uma identidade retrô que remete aos jogos dos Power Rangers lançados nos consoles 16-bits. Contudo, alguns bugs visuais podem ser notados, mas nada que vá atrapalhar a jogatina.
A trilha sonora é um caso à parte. Utilizando o estilo de música dos jogos dos anos 90, os desenvolvedores conseguiram criar uma trilha retrô original, com direito a música cantada em japonês na abertura. Desafio quem curtiu os Super Sentai dos anos 80 e 90 a não soltar um sorriso ao ver a tela inicial do jogo pela primeira vez. Contudo, com o passar do tempo, apesar de boas as músicas das fases tendem a ficar enjoativas. Um pouco mais de variação na trilha poderia vir à calhar aqui.
Seguramente, Chroma Squad é um dos melhores jogos já criados no Brasil . Os brasilienses da Behold Studios acertaram a mão em cheio. Seria fácil errar na proposta do jogo, seja numa dose errada de humor, ou no exagero de referências. Contudo, eles souberam dosar todos os elementos do jogo com sutileza e disponibilizaram um ótimo lançamento, que vai tocar no coração dos fãs de Power Rangers e similares, mas que também tem condição de atrair um público mais amplo.