Análise Arkade: revisitando a épica jornada de Shadow of the Colossus no remake de PS4
Esta semana, um dos jogos mais aclamados da história dos videogames retorna totalmente refeito ao Playstation 4. Já jogamos o remake de Shadow of the Colossus, e trazemos nossas impressões em primeira mão para você!
Uma história familiar
Se você já jogou o clássico Shadow of the Colossus de 2005, já sabe exatamente o que esperar desse aqui: o jovem Wander viaja para uma terra proibida em sua égua Agro para salvar a vida da donzela Mono.
Ao chegar a um imenso templo parcialmente em ruínas, Wander recebe ordens de uma entidade conhecida como Dormin. A entidade lhe diz que ele precisa derrubar os 16 Colossos que estão espalhados pelo mundo se quiser ter seu desejo atendido. Há uma ordem que deve ser respeitada, e cada vez que um Colosso é derrotado, sua estátua no templo explode, e Wander pode encarar o próximo bichão.
A internet está cheia de teorias mirabolantes sobre a história de Shadow of the Colossus, seu simbolismo e suas ligações com Ico, mas não vamos entrar neste mérito aqui. A trama em si (pelo menos o que de fato é apresentado no game) é bem preto no branco: derrote os Colossos para salvar a donzela.
Um remake respeitoso…
Shadow of the Colossus já foi relançado na geração passada, mas o que tínhamos ali era apenas uma remasterização do jogo original. Agora em 2018, a Bluepoint refez o jogo do zero, em uma nova engine, com resolução em 4K e visual condizente com a atual geração.
Apesar disso, o que nos foi entregue é um jogo totalmente respeitoso ao material original. Não espere por grandes novidades no que diz respeito ao jogo em si, pois praticamente tudo foi mantido exatamente como era para que esta nova versão mantenha o mesmo “feeling” do jogo original. Os Colossos continuam nos mesmos lugares, e os “macetes” que devem ser usados para escalá-los e derrubá-los ainda são os mesmos, exigindo inventividade, paciência e boa utilização de elementos do cenário.
Falando nisso, confira aí minha batalha contra o primeiro Colosso:
A beleza de Shadow of the Colossus mascara uma jornada bastante solitária e silenciosa, quase melancólica, e esta sensação de isolamento, de pequenez, ainda se faz presente nesta nova versão. A incrível trilha sonora de Kow Otani continua marcando presença somente durante as batalhas, trovejando de forma crescente para deixar tudo ainda mais épico.
Mas com espaço para novidades
Quem jogou o clássico irá sentir-se em casa neste mundo, cuidadosamente refeito nos mínimos detalhes. Há pouco espaço para surpresas — foi acrescentada por exemplo, uma caverna “secreta” que faz alusão ao mais recente título do Team Ico, The Last Guardian — mas no geral o que temos aqui é o mesmo mapa, recriado em escala 1:1… só que agora infinitamente mais denso, bonito e detalhado.
O gameplay é um tanto “pesado” para os padrões atuais, mas imediatamente familiar para quem já conhece o game. O layout dos controles agora traz uma pegada mais moderna, com o pulo no X e a possibilidade de rolamento/esquiva apertando apenas um botão, mas os puristas sempre podem utilizar o padrão original, se assim preferirem.
A câmera se mantém um tanto “desobediente”, mas no geral consegue colocar as coisas em proporção. Os controles de Agro ainda são propositalmente imprecisos para deixar claro que ele não é apena um meio de transporte, mas uma criatura viva, que possui sua própria consciência. O ato de escalar não é fluido e simples como em Uncharted ou Assassin’s Creed: aqui Wander realmente se esforça para galgar bestas cujas dimensões continuam sendo surpreendentes, mesmo tantos anos depois.
Em termos visuais, se você jogar no PS4 Pro poderá escolher entre o Modo Performance, que roda a 1080p e 60fps ou o Modo Resolução, que roda em 1440p e 30fps. O PS4 Fat mantém o jogo a constantes 1080p e 30fps, e no geral entrega uma experiência pra lá de decente para quem ainda não fez o upgrade para um equipamento 4K.
No geral, houve uma atualização do HUD (a barra de stamina agora cresce como uma barra, não um círculo), e temos um bem-vindo sistema de save automático, mas o save manual continua presente. Temos ainda uma galeria de artes conceituais, opção de New Game+, opção de rejogar com “Mundo Espelhado” e itens desbloqueáveis que são liberados a partir do modo Time Attack.
Há coisinhas brilhantes escondidas pelo mapa, mas até o fechamento deste artigo eu não pude descobrir o que exatamente eles liberam, mas acredito que sejam artes para a galeria. Aliás, essas coisinhas brilhantes emitem um som característico (que sai pelo alto falante do controle) para te indicar que há algo perto, e, jogando com um bom par de fones de ouvido, reparei que o silêncio de Shadow of the Colossus entrega pistas: os lagartos de cauda brilhante — que você deve coletar para aumentar sua stamina — fazem um sibilar característico, mas você precisa estar muito atento para perceber isso. Até os passos dos lagartos podem ser ouvidos, caso você não esteja cavalgando.
Talvez esse tipo de cuidado já estivesse presente na versão PS2, mas o meu eu da época — que jogava nos alto falantes da TV, mesmo — não prestava tanta atenção a essas coisas. De qualquer modo, se a ideia é ter uma experiência imersiva, sugiro que você tenha um bom sistema de som surround — ou um bom par de headphones — para absorver todos os detalhes… e para curtir a fantástica trilha sonora do game, que continua arrebatadora.
Agora com Photo Mode!
Quem acompanha meus artigos e reviews aqui no Arkade sabe que eu sou um apaixonado por Photo Mode, recurso que nos permite pausar a ação a qualquer momento para mover a câmera, aplicar filtros e mexer em recursos como exposição e profundidade de foco para conseguir uma screenshot única.
Este novo Shadow of the Colossus chega com este recuro — e é compatível com HDR — e eu gastei um bom tempo das minhas quase 7 horas de jogo “clicando” meus encontros com os Colossi. Deixo abaixo algumas das minhas favoritas:
Conclusão
Ainda que eu ache Shadow of the Colossus um jogo bastante superestimado — o próprio PS2 me rendeu experiências bem mais memoráveis, mas isso é questão de gosto pessoal –, respeito a obra e entendo o fascínio que ela desperta nas pessoas. Seu tom idílico, sua proporção e a magnitude de seus confrontos ainda são únicos, e continuam impressionantes hoje em dia.
Shadow of the Colossus é aquele tipo de jogo que todo gamer que se preza tem a obrigação de jogar pelo menos uma vez na vida. E este remake pode ser considerado a melhor maneira de se fazer esta jornada: o jogo está muito mais bonito, mas mantém o cerne da experiência intacto, e traz o mesmo feeling e grandiosidade que vêm cativando jogadores desde 2005.
Shadow of the Colossus será lançado amanhã (06/02), exclusivamente para Playstation 4. O game possui menus e legendas em português brasileiro. Este review foi feito com base em uma cópia em disco do jogo, que recebemos antecipadamente da assessoria da Sony Playstation.