Análise Arkade – Shenmue I e II são importantes ports para o legado da série
Shenmue é uma série muito injustiçada. Apesar de sua importância no mundo dos games, os dois games chegaram em uma época difícil para a SEGA. Assim, poucos gamers tiveram a oportunidade, de fato, para conferir a história de Ryo Hazuki, em sua jornada de vingança e investigação.
Preparando terreno para Shenmue III, e dando mais oportunidades para que mais pessoas conheçam este importante capítulo da história do videogame, a SEGA relançou seus dois primeiros games. Mas, para quem esperava um remake ou um remaster, não temos nem um, nem outro. A SEGA simplesmente relançou o game, adaptando-o a novas plataformas, e com pouquíssimas novidades.
Porém, é uma ótima oportunidade para curtir os games, antes relagados apenas ao Dreamcast. E, no caso do segundo jogo, também ao Xbox. É a chance de relembrar os bons momentos do game, ou mesmo para conhecer o jogo, caso nunca tenha conseguido jogá-lo em sua época de lançamento.
Relembrando Shenmue
Em 1999, a SEGA nos levou de volta a 1986. Nos apresentou Ryo Hazuki, em sua jornada de vingança, que envolve investigação e brigas. Em um gameplay que nos coloca várias situações, cotidianas ou não. Era possível conversar com pessoas para obter informações. Mas também dava pra pagar refrigerante para um amigo, ou guiar uma senhora para a casa correta. Este conceito grandioso foi algo muito à frente de seu tempo.
E, em 2001, a mesma SEGA, mesmo com o Dreamcast já descontinuado, lançou Shenmue II. Desta vez, o mesmo gameplay era ampliado. Pois, além das evoluções óbvias, a história também mudou. Ryo chegava a Hong Kong e, o garotão da cidade pequena, que sempre se impôs frente aos valentões, tinha que lidar com trapaceiros e problemas típicos dos grandes centros.
Ambos os games focam na exploração por locais como bairros, espaços comerciais e portos. E também oferece ao jogador muita coisa pra se fazer. Este embrião foi fundamental para que jogos como Yakuza e GTA pudessem oferecer ainda mais liberdade. Por isso, seja pelo jogo em si, ou pelo legado que ele trouxe, Shenmue é um game reverenciado e muito querido, o que justificou este lançamento.
O mesmo jogo, mas em HD
Estamos acostumados com remasters e remakes de vários jogos. Porém, o caso de Shenmue é bem diferente. Desta vez, os games, vendidos juntos, são apenas ports de seus jogos originais. O primeiro game é adaptado da versão de Dreamcast, enquanto o segundo vem da versão para Xbox. Por isso, o jeito certo a se tratar Shenmue I e II é como games que ganharam uma nova plataforma, ao invés de games novos. Assim como Resident Evil 2, que, por exemplo, foi lançado, anos após o Playstation, para Nintendo 64, Dreamcast e GameCube.
O gameplay é o mesmo, e os controles também. Visualmente falando, também é tudo igual. Apenas há a possibilidade de se ativar um filtro e deixar o visual em HD, igual emuladores já fazem. Ou, para os mais puristas, dá pra deixar o visual exatamente como era em 1999 e 2001. Os controles que melhoraram um pouco, mas por culpa dos novos controles. Com analógicos melhores, ficou mais fácil lidar, por exemplo, com a inesquecível parte na qual Ryo começa a trabalhar no porto carregando caixas com a empilhadeira.
Até hoje, nunca entendi as razões que fizeram Yu Suzuki e sua equipe não utilizar o analógico do Dreamcast. Isso fazia o game ficar muito complicado, em questões simples. Agora, pelo menos, estes problemas foram melhorados. E, para completar, os mesmos QTEs, com os botões devidamente adaptados. Além dos combates, que também ficaram melhores com esta simples adição aos controles analógicos.
Poucas, mas importantes novidades
Assim como já aconteceu em outros ports, os dois Shenmue ganham pequenas adições, mas que se mostram úteis no jogo. No entanto, não espere nada além de um menu que oferece um atalho para os locais do game, ou as já mencionadas melhorias dos controles. Salvar também é mais fácil, mas também por razão do avanço tecnológico: não temos mais que lidar com as limitações de uma VMU, ou de qualquer outro Memory Card. E, os novos dias fazem com que os loadings entre locais sejam muito mais rápidos.
Os games também são indicados para quem curte uma platina, ou as conquistas. Ambos os games são tranquilos para aumentar seu gamescore, ou para descolar uma platina. As tarefas são simples, e exigem atenção em detalhes comuns do game, ou uma breve exploração, facilmente feita nos tempos livres que o game te oferece, e em vários momentos (um dos contras do game na época, mas que em Yakuza, foi melhor implementado).
Mas afinal, vale a pena?
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Shenmue I e II para PCs e consoles atuais segue sendo o mesmo game que marcou época em tempos passados. Mas é o mesmo game. Quem curtia o game no passado, e quer jogar novamente, pela nostalgia, ou pelo “esquenta” para Shenmue III, vai aproveitar bastante. Já jogadores mais novos, terão que lidar com um game que, embora ainda excelente, é datado. E isso significa lidar com muitas mecânicas antigas, além de se irritar com facilidade com o excesso de tempo livre, e atividades que devem ser feitas nos mínimos detalhes, como sair de casa, ir até o ponto de ônibus, para ir ao trabalho.
O game é ótimo! Desde a primeira vez que pude ter a chance de curtir Shenmue, gostei muito. Sua história é interessante, e Ryo é um cara legal. Além disso, mesmo com os problemas que sei que o game tem, é um ambicioso projeto, e que felizmente terá sua trilogia encerrada com o terceiro game que está em produção. Como chegou em um momento ruim para a SEGA, nem todos os potenciais jogadores curtiram o game. Por isso, esta oportunidade é uma ótima chance de conhecer o game. Que, mesmo antigo, e sem nada de novo a oferecer, ainda segue sendo um game incrível!
Shenmue I e II já está disponível para Playstation 4, Xbox One e PC.