Análise Arkade: Shovel Knight Dig é um roguelite incrível e muito carismático

4 de outubro de 2022
Análise Arkade: Shovel Knight Dig é um roguelite incrível e muito carismático

Shovel Knight é um jogo que surgiu em 2014 chamando a atenção do mundo com um premiadíssimo jogo de plataforma em um estilo 8 bits impecável e nostálgico. Marcado pelo alto nível de desafio e pixel art de primeira, o título recebeu várias expansões de conteúdo ao longo dos anos. Até que, finalmente, temos um novo game: Shovel Knight Dig chegou recentemente, e leva o famoso cavaleiro da pá para se aventurar em novos gêneros.

Com um visual impecável, nível de desafio bem alto, trilha sonora excelente e ótima jogabilidade, Shovel Knight Dig mostra como a galera da Yacht Club Games ainda está afiadíssima no desenvolvimento das aventuras do baixinho azul.

Invadindo o gênero roguelite (bem diferente do que vimos no jogo original da franquia), eles conseguiram ainda assim traduzir toda a experiência do que é jogar Shovel Knight para um ritmo bem diferente e igualmente desafiador.

Análise Arkade: Shovel Knight Dig é um roguelite incrível e muito carismático

Para baixo e avante!

Shovel Knight Dig mostra uma das aventuras mais inusitadas do cavaleiro da pá. Toda a história se inicia de uma forma bem clássica, com Shovel Knight descansando ao pé de uma fogueira, como sempre fazia em seu primeiro game. Acontece que sem aviso prévio, surge Drill Knight, um cavaleiro com uma broca gigante que destrói todo o acampamento, rouba itens preciosos de Shovel e foge para dentro da terra.

Assim, nossa missão é perseguir o malvado cavaleiro da broca para recuperar todos os itens roubados. O problema? Bom, acontece que os possíveis caminhos que Drill Knight cavou passam por áreas das mais variadas, incluindo setores cheios de esporos, inundados ou repletos de lava. E, como este é um roguelite, a cada vez que morremos, voltamos à superfície para inicar todo o trajeto novamente.

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Com essa premissa, Shovel Knight Dig consegue trazer de volta inúmeras mecânicas presentes no jogo original do cavaleiro da pá, ao mesmo tempo em que muda completamente o ritmo da jogatina, tornando-a mais aleatória, frenética e desafiadora. Isso porque a cada vez que descemos pelo buraco de Drill Knight o caminho é completamente diferente, com desafios, obstáculos e inimigos variando completamente de padrão.

Ao final de cada “mundo”, encontramos um boss que devemos vencer para continuar o caminho. E pasmem: até a arena desses bosses é passível de mudar a cada tentativa nossa de vencê-los. Isso tudo torna a jogatina bem variada e pouco enjoativa, uma vez que, a cada descida, nós realmente não sabemos o que nos aguarda nos próximos andares.

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Mecânicas de plataforma e roguelite

A forma como Shovel Knight Dig combina mecânicas de plataforma com roguelite em uma progressão verticalizada é incrível! Temos dezenas de itens e artefatos perdíveis disponíveis em lojas na superfície. Do mesmo modo que temos “colecionáveis” durante cada empreitada de fases. Esses colecionáveis são engrenagens douradas que, ao juntar três e levá-las até o espaço entre fases, garante um artefato grátis ou cura.

Temos também salas secretas no melhor estilo Castlevania, liberadas com um golpe em uma rachadura em uma parede falsa, ou então simplesmente acessando caminhos horizontais em meio à correria da empreitada vertical. Digo correria pois nada em Shovel Knight Dig te deixa muito tempo parado no mesmo lugar.

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Seja pelos elementos de fase que ficam a todo momento tentando lhe causar dano (desde bolhas de água flutuando até magos de fogo que surgem do nada para te lançar explosivos), seja pela escavadeira gigante que surge quando você demora demais para avançar durante as fases, tudo te obriha a ser rápido e eficiente em sua descida… ou morrer tentando.

Isso tudo só funciona em conjunto graças às mecânicas de golpes e movimentação do próprio Shovel Knight, que bebem bastante do primeiro jogo e usam e abusam dos clichês dos games de plataforma. Mas sempre otimizados e bem pensados para uma exploração de cima para baixo, o que não é tão comum de se ver assim em games desse gênero.

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Por vezes você precisa de fato cavar bastante para escapar a tempo das armadilhas.

Alguns equívocos no design de fases

Infelizmente nem tudo são flores em Shovel Knight Dig. O game é excelente em quase tudo que oferece. Entretanto, ele tem um problema drástico quando jogamos por muito tempo e começamos a entender os padrões das fases. Acontece que parte do desafio do jogo não gira em torno simplesmente de inimigos posicionados de modo ameaçador que fazem o jogador sair da zona de conforto.

Na verdade, por conta de escolhas de level design, existem momentos do jogo onde você simplesmente não vê de onde está surgindo a ameaça, sendo assim impossível de se preparar para aquilo, tomando bastante dano no processo. Como se não bastasse, existem situações nas quais você precisa dar um verdadeiro “salto de fé” torcendo para não cair em cima de nada que lhe cause muito dano.

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Isso porque existem momentos onde você simplesmente não consegue ver onde está caindo, o que pode ocasionar mortes bem frustrantes e injustas no processo. Seja intencional ou não, essa escolha de design gerou problemas que poderiam ser evitados com uma movimentação livre de câmera, alguns recursos de aviso de ameaça, ou algo do tipo. Como ficou no resultado final, só gera frustração por conta de vidas que você perde de modo não evitável.

Um retorno excelente

Apesar dessa escorregada no level design (que deve ser culpa da geração procedural), isso não é um problema grande o suficiente para estragar a experiência de jogar Shovel Knight Dig. Com uma pixel art em 16 bits de primeira, trilha sonora igualmente memorável, personagens carismáticos e icônicos que mesclam velhos e novos rostos e um ritmo de jogatina frenético e viciante, esta é uma forma mais que digna de retornar às aventuras do cavaleiro da pá azul.

O game ainda conta com recursos de nivelamento de dificuldade, ranking global de jogadores, itens liberáveis nas lojas e conteúdo a ser desbloqueado com o avanço das fases e escolhas de caminhos distintos. Tudo isso torna a vida útil do jogo bem alta, como todo roguelite deveria ser. Superada a questão das mortes por quedas um tanto injustas, o game sem dúvida tem tudo para agradar os amantes tanto de plataforma quanto de roguelite.

Shovel Knight Dig foi lançado em 23 de setembro de 2022 e está disponível para PC (via Steam), iOS e Nintendo Switch.

Gilson Peres

Gilson Peres é Psicólogo, Mestre em Comunicação e aqui no Arkade fala principalmente sobre Realidade Virtual, jogos de PC e novas tecnologias desde 2019.

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