Análise Arkade: O simples mas eficaz terror de Silver Chains
Silver Chains, game de terror originalmente lançado para PCs em 2019 está chegando hoje aos consoles, levando os jogadores para um terrível tour por uma antiga mansão assombrada!
Então verifique sua lanterna, preste atenção em rangidos estranhos no corredor da sua casa, tome cuidado com esse vulto bem aí atrás de você e venha conosco conferir nossa análise completa do game!
A Mansão de uma Família Amaldiçoada
Silver Chains começa de uma forma até que bem conhecida no gênero. Você controla um homem chamado Peter, no início dos anos 1900, que após sofrer um acidente de carro, encontra uma mansão gigantesca no meio da noite com apenas uma única janela emitindo luz. Ferido e atordoado pelo acidente, ele se dirige até a mansão em busca de socorro.
De repente ele acorda numa cama dentro da mansão, um local totalmente decrépito e abandonado. Ele não sabe como chegou no quarto em que está e não sabe nem mesmo porque ele estava dirigindo até aquela mansão, pra começo de conversa. E agora, tudo o que ele sabe é que precisa sair dali, e rápido.
E conforme Peter explora a mansão em busca de uma forma de escapar, ele começa a desvendar os segredos do lugar e de uma terrível maldição que aprisiona seus antigos residentes, além de descobrir que essa maldição está ligada a seu passado, um passado que ele há muito sequer lembrava ter vivido.
Um game de terror simples mas extremamente poderoso
Silver Chains entra na categoria de games de terror de protagonista indefeso. O game é focado na resolução de puzzles e bastante backtracking na mansão, que no fim não é tão grande quanto aparenta por fora, sendo até bem realista nesse sentido.
Em termos de mecânicas o game é bem simples, você possui apenas uma lanterna e um monóculo. O monóculo revela sinais secretos na mansão, servindo de guia para encontrar o caminho para onde ir. Fora isso o jogador possui um inventário simples em que armazena itens que coleta em sua exploração.
Não existem itens de cura, então não há preocupação em estar com a vida baixa. Se você for pego, é game over na hora. Além disso, você possui um diário que é preenchido com páginas encontradas pela mansão, que vão construindo a história conforme você progride.
Consequentemente, quando o game é nesse estilo, significa que há algum grande perigo que vai persegui-lo, obrigando-o a se esconder até o perigo passar. Porém aqui esses momentos de perseguição são scriptados. Dessa forma não há o perigo iminente atrás de você a todo momento.
Perigo constante e perigo scriptado são duas coisas muito diferentes e obviamente o perigo constante é muito assustador, porém pode cair rapidamente na repetição, perdendo seu efeito. Quando o perigo é scriptado, ele é incrivelmente intenso, mas não acontece a todo momento, de certa forma diminuindo um pouco o fator de “medo total acumulado”.
E aí, entram as duas “categorias” de terror: Atmosférico e Jumpscares. Todo game de terror precisa ser construído em sua atmosfera, com os jumpscares sendo recursos usados para causar altos picos de medo no jogador. E infelizmente essa balança acaba não ficando equilibrada. Felizmente, Silver Chains faz esse equilíbrio de forma excelente.
Eu joguei muitos games de terror ao longo de minha vida, ao ponto dos games lançados atualmente não conseguirem me afetar muito. O último game a conseguir esse feito foi Amnesia: Rebirth, por todo o conjunto da obra. Mas Silver Chains foi o único game em anos a literalmente me fazer pular da cadeira e quase soltar o controle.
Os momentos de perseguição do game são bem simples. Uma música terrível começa a tocar indicando o perigo iminente, e uma criatura grotesca começa a te caçar violentamente. Basta que você se esconda em armários até que a música pare de tocar. E aí você já pode sair.
Esses trechos me assustaram das primeiras vezes mas me acostumei rápido a eles (exceto em uma perseguição em que a criatura estava sempre em meu encalço e eu podia ouvir sua respiração e o som de seus passos se aproximando), mas os jumpscares do game são realmente poderosos.
Existem aqueles jumpscares esperados: Termine um puzzle que obviamente ativará o gatilho de uma perseguição. Mas há vários que mesmo quando são óbvios conseguem atingir com força. Não vou falar quais são esses jumpscares, mas o game conseguiu me assustar profundamente com cada um deles. E se um game de terror consegue assustar assim, ele realmente merece ser elogiado!
A atmosfera do game é poderosa e me deixava apreensivo ao explorar a casa, pois essa não é uma mansão toda interligada, é uma mansão “comum”, com três andares, vários quartos e corredores simples. Muitas vezes me peguei temendo que uma perseguição pudesse acontecer, pois seria terrível conseguir fugir e me esconder. E algo legal do game é que apesar de ser previsível, as perseguições conseguem pegar o jogador desprevenido.
Porém, o medo sentido ao jogar é algo puramente pessoal e talvez você que esteja lendo não se assuste tanto quanto eu. No final, o game tem uma atmosfera que eu diria ser mediana. Explorar a casa não assusta em si, mas quando os jumpscares pegam o jogador de forma tão eficaz, é como se elas fossem somando-se ao “medidor de medo” interno de cada jogador. Afinal, se você tomar muitos sustos seguidos, isso pode desenvolver medo genuíno.
Audiovisual
Silver Chains possui um visual bem simplório. O game é sim muito bem feito, utilizando a Unreal Engine, mas seu visual e as animações dos personagens são bem simples e até um pouco “cruas”.
Apesar disso, a mansão em que passamos toda a aventura é bem construída, com paredes de madeiras podres, poeira e entulhos espalhados por todo lado. E uma coisa muito bem feita é que cada ambiente é construído de forma a acrescentar detalhes na história.
Muitos cômodos possuem seus móveis cobertos por panos, indicando seu abandono. Outros possuem suas cadeiras caídas e espalhadas pelo chão, além de vários outros objetos quebrados ou espalhados, indicando que algo aconteceu ali no passado. Todos esses detalhes contribuem para criar a atmosfera do local.
Como já dito, as animações dos personagens são bem simples. Elas são realmente bem duras e até cômicas , pois os personagens de movem de forma muito dura e robótica. O game possui perspectiva em primeira pessoa, então nunca vemos o rosto do protagonista, mas vemos brevemente suas mãos ao interagir com objetos e seus pés ao andar.
Na parte sonora, o game é bem decente. Na maior parte do tempo ouvimos apenas sons ambientes, como vento, madeira rangendo e trovões. Quando entramos em alguma perseguição, uma intensa música caótica começa a tocar, uma verdadeira bagunça de instrumentos que combina bem com a situação.
Há ainda algumas poucas músicas que tocam raramente, como nos menus, cenas especiais e nos créditos. O game possui dublagem em inglês, com um trabalho bem competente de seus atores, mas sem nenhuma atuação que se sobressaia.
O game conta com localização em português brasileiro em seus menus e legendas. A localização é bem feita, apesar de alguns errinhos de tradução aqui e ali e certos trechos de texto que as vezes não são traduzidos, permanecendo no original do game, que é o Russo.
Conclusão
Silver Chains é um game simples mas surpreendente. Além de ser uma experiência de terror que realmente assusta com seus jumpscares inesperados. Apesar disso, não tem uma atmosfera assustadora por si só, o que dá vida ao game são realmente os seus jumpscares.
Se por um lado o seu terror scriptado diminuir um pouco medo total, por outro não torna o game frustrante, sendo bem simples de se avançar e resolver seus puzzles. E no geral o game tem uma duração curta comparado a outros games no mesmo estilo. Sendo assim, se você gosta de games de terror e não quer ficar dias até chegar ao final da história, então Silver Chains pode ser um bom game para você!
Silver Chains foi originalmente lançado em 2019 nos PCs e está chegando hoje, dia 29 de janeiro no Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.