Análise Arkade: torne-se um detetive virtual no envolvente Simulacra

7 de dezembro de 2019
Análise Arkade: torne-se um detetive virtual no envolvente Simulacra

Os produtores de Sara is Missing entregaram esta semana um novo jogo de “investigação digital”: em Simulacra, nosso objetivo é descobrir o que aconteceu com Anna, moça que está desaparecida, e cujo celular acabou vindo parar em nossas mãos. Confira agora nossa análise do game!

Uma garota desaparecida. Um celular. Um grande mistério

Em Simulacra, não controlamos um personagem: nós somos o personagem. O celular de uma moça chamada Anna foi deixado em nossa porta, e ao fuçarmos um pouco nele, encontramos um arquivo de vídeo, que mostra Anna desesperada e assustada, dizendo para ninguém ir atrás dela.

Análise Arkade: torne-se um detetive virtual no envolvente Simulacra

Quem exatamente é Anna? O que aconteceu com ela? Porque diabos o seu telefone foi deixado em nossa porta? Estas (e outras perguntas) serão respondidas conforme vasculhamos o celular da moça, conversando com seus contatos, bisbilhotando em suas fotos e acessando seus apps.

A história e o clima de mistério são bacanas, e a gente nunca sabe em quem realmente confiar. Porém, aviso desde já que a barreira do idioma pode se tornar um problema: sem nenhum tipo de suporte ao português brasileiro, é preciso ter um bom conhecimento de inglês para não ficar boiando — afinal, o jogo é totalmente pautado por diálogos, audiologs, mensagens e e-mails para ler.

Jogando Simulacra

Toda a ação de Simulacra acontece na tela do celular de Anna. Assim como Her Story e o próprio Sara is Missing, nossa interação com o jogo é toda feita através de uma interface digital (a do celular), que se comporta basicamente como um celular de verdade.

Análise Arkade: torne-se um detetive virtual no envolvente Simulacra

Assim, vamos navegar por apps que são versões fictícias de apps reais como Tinder (Spark no jogo) e Twitter (Jabbr), conversar com pessoas que podem ser mais (ou menos) próximas de Anna, na esperança de descobrirmos alguma pista do que pode ter acontecido com ela.

Boa parte do tempo que passamos jogando envolve ler conversas e conversar com alguns de seus contatos através de mensagens de texto. Greg, suposto namorado de Anna, é uma das figuras que mais vai interagir conosco, e diferentes opções de diálogo podem deixá-lo mais (ou menos) propenso a nos ajudar. Mas há também contatos no “Tinder” do jogo, que podem inclusive nos jogar contra Greg. Será que algum deles está escondendo alguma coisa? Esse é tipo de coisa que só se descobre jogando.

Análise Arkade: torne-se um detetive virtual no envolvente Simulacra

Como passamos o tempo todo diante da interface do celular de Anna, em termos de gameplay, Simulacra não é lá muito divertido. Ele até se esforça para “gamificar” certas coisas — nos fazendo organizar frases e fotos corrompidas –, mas isso tudo acaba se tornando chatinho depois de um tempo, quando a gente só quer ver a história avançar, mas tem que ficar resolvendo mini-games pentelhos.

Detetive virtual

Ou seja: o que vai manter o jogador interessado (ou não) é puramente a narrativa. E o jogo é competente neste ponto, e também faz um bom trabalho em nos tornar “detetives virtuais”, para que possamos encontrar (e utilizar) as pistas que encontramos no celular de Anna.

Análise Arkade: torne-se um detetive virtual no envolvente Simulacra

Por exemplo: em dado momento, precisaremos redefinir uma senha dela. Como na vida real, o jogo vai exigir a resposta de perguntas secretas para liberar o acesso. Estas perguntas são coisas tipo “o nome do seu animal de estimação” ou “o seu filme favorito”. Como descolar essas informações? Isso depende do seu senso de observação e da sua vontade em “cavar” mais fundo em conversas e apps para encontrar pistas.

É recompensador descobrir estas informações sozinho, e o fato de o jogo ser todo em FMV (com atores reais) torna tudo mais plausível. Não estamos falando de um amontoado de pixels, mas de uma garota “real”, que desapareceu “de verdade”. Isso sem dúvida humaniza tudo, aproxima mais o jogo do jogador.

Análise Arkade: torne-se um detetive virtual no envolvente Simulacra

Vale ressaltar que Simulacra possui um punhado de finais diferentes, com desfechos que se alteram conforme as repercussões de suas decisões. Nem todos estes finais são “felizes”, mas isso é algo que aumenta o fator replay… ainda que este seja o tipo de jogo um pouco entediante de se jogar mais de uma vez.

Audiovisual

Não há muito o que falar do jogo em termos audiovisuais, uma vez que passamos praticamente o tempo todo olhando para uma tela de celular. O que ouvimos são sons que um celular faria (campainha, notificações). Felizmente, os atores que podemos ver/ouvir fazem um bom trabalho, concedendo personalidade aos seus respectivos personagens.

Análise Arkade: torne-se um detetive virtual no envolvente Simulacra

Aqui ressalto novamente a ausência de suporte ao português brasileiro: Simulacra é todo pautado por conversas, textos, escolhas. E para dar conta de tudo isso sem ficar perdido, é fundamental ter um bom nível de inglês.

Conclusão

Ainda que não seja exatamente vanguardista, Simulacra é mais um bom jogo deste pequeno nicho de “jogos de interface” que andam surgindo nos últimos anos. Ele que definitivamente não é para todos, mas quem já experimentou (e gostou) de outros jogos neste estilo, sem dúvida também vai gostar da experiência que Simulacra entrega.

Análise Arkade: torne-se um detetive virtual no envolvente Simulacra

Eu amo ver como os videogames podem contar suas histórias de maneiras diferentes de outras mídias, e Simulacra é mais um exemplo deste potencial ludonarrativo único que é inerente aos videogames. Isso por si só já faz ele valer a pena para os apaixonados pela mídia videogame em si… desde que seu inglês esteja afiado.

Simulacra já estava disponível para PCs desde 2017, e chegou aos consoles no dia 3 de dezembro. A versão que analisamos foi a de Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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